MATERIAL DE LÍNGUA PORTUGUESA - Versão para o blog


Língua Portuguesa
1º Médio
Material Complementar – Versão para o Blog

MATERIAL COMPLEMENTAR (PARTE I)
1) Texto - Você sabe qual o conceito?
Alfredina Nery*
Especial para a Página 3 Pedagogia e Comunicação

Você provavelmente está acostumado a ver a palavra texto. Mas sabe qual o seu conceito? Para entendê-lo, pense nas duas seguintes situações:

1) Você foi visitar um amigo que está hospitalizado e, pelos corredores, você vê placas com a palavra "Silêncio".
2) Você está andando por uma rua, a pé, e vê um pedaço de papel, jogado no chão, onde está escrito "Ouro".

Em qual das situações uma única palavra pode constituir um texto?

Na situação 1, a palavra "Silêncio" está dentro de um contexto significativo por meio do qual as pessoas interagem: você, como leitor das placas, e os administradores do hospital, que têm a intenção de comunicar a necessidade de haver silêncio naquele ambiente. Assim, a palavra "Silêncio" é um texto.

Na situação 2, a palavra "Ouro" não é um texto. É apenas um pedaço de papel encontrado na rua por alguém. A palavra "Ouro", na circunstância em que está, quer dizer o quê? Não há como saber.

Mas e se a palavra "Ouro" estiver escrita em um cartaz pendurado nas costas de um daqueles homens que ficam nas esquinas do centro das cidades grandes que anunciam a compra de ouro? Aí sim, nessa situação, a palavra "Ouro" constitui um texto, porque se encontra num contexto significativo em que alguém quer dizer algo para outra pessoa (no caso, vender/comprar ouro) e, então anuncia isso.

Texto é, então, uma seqüência verbal (palavras), oral ou escrita, que forma um todo que tem sentido para um determinado grupo de pessoas em uma determinada situação.

O texto pode ter uma extensão variável: uma palavra, uma frase ou um conjunto maior de enunciados, mas ele obrigatoriamente necessita de um contexto significativo para existir.

Constituindo sentidos
Agora, leia o texto a seguir de modo a aprofundar ainda mais o conceito de "texto".
Circuito Fechado
Chinelos, vaso, descarga. Pia, sabonete. Água. Escova, creme dental, água, espuma, creme de barbear, pincel, espuma, gilete, água, cortina, sabonete, água fria, água quente, toalha. Creme para cabelo; pente. Cueca, camisa, abotoaduras, calça, meias, sapatos, gravata, paletó. Carteira, níqueis, documentos, caneta, chaves, lenço, relógio, maços de cigarros, caixa de fósforos. Jornal. Mesa, cadeiras, xícara e pires, prato, bule, talheres, guardanapos. Quadros. Pasta, carro. Cigarro, fósforo. Mesa e poltrona, cadeira, cinzeiro, papéis, telefone, agenda, copo com lápis, canetas, blocos de notas, espátula, pastas, caixas de entrada, de saída, vaso com plantas, quadros, papéis, cigarro, fósforo. Bandeja, xícara pequena. Cigarro e fósforo. Papéis, telefone, relatórios, cartas, notas, vales, cheques, memorandos, bilhetes, telefone, papéis. Relógio. Mesa, cavalete, cinzeiros, cadeiras, esboços de anúncios, fotos, cigarro, fósforo, bloco de papel, caneta, projetos de filmes, xícara, cartaz, lápis, cigarro, fósforo, quadro-negro, giz, papel. Mictório, pia, água. Táxi. Mesa, toalha, cadeiras, copos, pratos, talheres, garrafa, guardanapo, xícara. Maço de cigarros, caixa de fósforos. Escova de dentes, pasta, água. Mesa e poltrona, papéis, telefone, revista, copo de papel, cigarro, fósforo, telefone interno, externo, papéis, prova de anúncio, caneta e papel, relógio, papel, pasta, cigarro, fósforo, papel e caneta, telefone, caneta e papel, telefone, papéis, folheto, xícara, jornal, cigarro, fósforo, papel e caneta. Carro. Maço de cigarros, caixa de fósforos. Paletó, gravata. Poltrona, copo, revista. Quadros. Mesa, cadeiras, pratos, talheres, copos, guardanapos. Xícaras, cigarro e fósforo. Poltrona, livro. Cigarro e fósforo. Televisor, poltrona. Cigarro e fósforo. Abotoaduras, camisa, sapatos, meias, calça, cueca, pijama, espuma, água. Chinelos. Coberta, cama, travesseiro.
(Ricardo Ramos)
Você considera que em "Circuito fechado" há apenas uma série de palavras soltas? Ou se trata de um texto? Por quê?

Na verdade, trata-se de um texto. Apesar de haver palavras, aparentemente, sem relação, numa primeira leitura, é possível dizer, depois de outra leitura mais atenta, que há uma articulação entre elas.

Vamos pensar mais sobre isso... Em "Circuito fechado" há, quase que exclusivamente, substantivos (nomes de entidades cognitivas e/ou culturais, como "homem", "livro", "inteligência" ou palavras que designam ou nomeiam os seres e as coisas).

Verifique que pela escolha dos substantivos e pela seqüência em que são usados, o leitor pode ir descobrindo um significado implícito, um elemento que as une e relaciona, formando o texto.

Podemos dizer que este texto se refere a um dia na vida de um homem comum. Quais palavras e que sequência nos indicam isso?

Note que no início do texto, há substantivos relacionados a hábitos rotineiros, como levantar, ir ao banheiro, lavar o rosto, escovar dentes, fazer barba (para os homens), tomar banho, vestir-se e tomar café da manhã.

“Chinelos, vaso, descarga. Pia. Sabonete. Água. Escova, creme dental, água, espuma, creme de barbear, pincel, espuma, gilete, água, cortina, sabonete, água fria, água quente, toalha. Creme para cabelo, pente. Cueca, camisa, abotoaduras, calça, meias, sapatos, gravata, paletó. Carteira, níqueis, documentos, caneta, chaves, lenço, relógio, maço de cigarros, caixa de fósforos.”

Já no final do texto, há o voltar para casa, comer, ler livro, ver televisão, fumar, tirar a roupa, tomar banho/escovar dentes, colocar pijama e dormir.

“Carro. Maço de cigarros, caixa de fósforos. Paletó, gravata. Poltrona, copo, revista. Quadros. Mesa, cadeiras, pratos, talheres, copos, guardanapos. Xícaras, cigarro e fósforos. Poltrona, livro. Cigarro e fósforo. Televisor, poltrona. Cigarro e fósforo. Abotoaduras, camisa, sapatos, meias, calça, cueca, pijama, espuma, água. Chinelos. Coberta, cama, travesseiro.”

Descobrimos que a personagem é um homem também pela escolha dos substantivos. Parece que sua profissão pode estar relacionada à publicidade.

“Creme de barbear, pincel, espuma, gilete [...] cueca, camisa, abotoadura, calça, meia, sapatos, gravata, paletó [...] Mesa e poltrona, cadeira, cinzeiro, papéis, telefone, agenda, copo com lápis, canetas, blocos de notas, espátula, pastas, caixas de entrada, de saída [...] Papéis, telefone, relatórios, cartas, notas, vales, cheques, memorandos, bilhetes [...] Mesa, cavalete, cinzeiros, cadeiras, esboços de anúncios, fotos, cigarro, fósforo, bloco de papel, caneta, projetos de filmes, xícara, cartaz, lápis, cigarro, fósforo, quadro-negro, giz, papel.”


Também ficamos sabendo que na casa da personagem há quadros, pois o narrador usa a palavra duas vezes: no momento do café e na volta para casa. No escritório há "Relógio". Escolha intencional do autor, talvez para relacionar relógio e trabalho, trabalho e rotina.

Depreendemos que o homem é um grande fumante, basicamente, pelo número de vezes em que o narrador fala desse hábito, em vários momentos do dia da personagem: 14 vezes. Além disso, é interessante notar como há sempre a referência à dupla "cigarro e fósforo".

A palavra que explicita o início da ação do homem, ou da atuação da personagem, num dia de sua rotina é "chinelos", usada no início do texto para mostrar o momento do acordar/levantar e depois a hora de dormir.

Há também uma marcação de mudança de espaço, por meio dos termos "carro", usado como que mostrando o horário de sair de manhã e a volta para casa, à noite. No meio do texto há também o uso de um "táxi", provavelmente uma saída do trabalho: um almoço? Um jantar? Uma visita a um cliente?

Enfim, "Circuito fechado" é uma crônica - um texto narrativo curto, cujo tema é o cotidiano e que leva o leitor a refletir sobre a vida. Usando somente substantivos, o autor produziu um texto que termina onde começou. Essa estrutura circular tem relação com o título ("Circuito fechado") e com os dias atuais? Sem dúvida nenhuma, podemos compreender suas relações, não é mesmo? O cotidiano repete-se, fecha-se em si mesmo a cada dia. Rotinas...

fonte: http://educacao.uol.com.br/portugues/ult1693u10.jhtm
Denotação e Conotação

2) Denotação e Conotação
A significação das palavras não é fixa, nem estática. Através da imaginação criadora do homem, as palavras podem ter seu significado ampliado, deixando de representar apenas a ideia original (básica e objetiva). Assim, frequentemente remetem-nos a novos conceitos por meio de associações, dependendo de sua colocação numa determinada frase. Observe os seguintes exemplos:
A menina está com a cara toda pintada.
Aquele cara parece suspeito.
No primeiro exemplo, a palavra cara significa "rosto", a parte que antecede a cabeça, conforme consta nos dicionários. Já no segundo exemplo, a mesma palavra cara teve seu significado ampliado e, por uma série de associações, entendemos que nesse caso significa "pessoa", "sujeito", "indivíduo".
Algumas vezes, uma mesma frase pode apresentar duas (ou mais) possibilidades de interpretação. Veja:
Marcos quebrou a cara.
Em seu sentido literal, impessoal, frio, entendemos que Marcos, por algum acidente, fraturou o rosto. Entretanto, podemos entender a mesma frase num sentido figurado, como "Marcos não se deu bem", tentou realizar alguma coisa e não conseguiu.
Pelos exemplos acima, percebe-se que uma mesma palavra pode apresentar mais de um significado, ocorrendo, basicamente, duas possibilidades:
a) No primeiro exemplo, a palavra apresenta seu sentido original, impessoal, sem considerar o contexto, tal como aparece no dicionário. Nesse caso, prevalece o sentido denotativo - ou denotação - do signo linguístico.
b) No segundo exemplo, a palavra aparece com outro significado, passível de interpretações diferentes, dependendo do contexto em que for empregada. Nesse caso, prevalece o sentido conotativo - ou conotação do signo linguístico.
Obs.: a linguagem poética faz bastante uso do sentido conotativo das palavras, num trabalho contínuo de criar ou modificar o significado. Na linguagem cotidiana também é comum  a exploração do sentido conotativo, como consequência da nossa forte carga de afetividade e expressividade.


3) Linguagem verbal e Linguagem não verbal
Linguagem verbal – “É aquela que utiliza palavras”
Suely Amaral*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação

O termo "verbal" tem origem no latim "verbale", proveniente de "verbu", que quer dizer palavra. Linguagem verbal é, portanto, aquela que utiliza palavras - o signo lingüístico - na comunicação.

A linguagem verbal tem duas modalidades: a língua escrita e a língua oral. Linguagem oral é a que se usa quando o interlocutor está frente a frente conosco e justamente podemos falar com ele. Já a escrita, em tese, é usada quando o interlocutor está ausente. Entre a linguagem oral e a escrita há muitas diferenças, mas não uma oposição rígida.

Na linguagem oral, o ambiente é comum a ambos os falantes. Por isso, quando usam "eu", "aqui", "hoje", não precisam explicitar do que se trata. Além disso, os gestos, expressões faciais, altura do tom da voz, contribuem para a clareza da comunicação. Nesse sentido, a linguagem oral usa recursos diferentes daqueles usados na linguagem escrita.

Veja a frase "João comeu o bolo". Podemos dizê-la:

1) Colocando ênfase na palavra João, em João comeu o bolo. Então, essa frase poderia estar respondendo a uma pergunta como "Quem comeu o bolo?".

2) Falando de maneira mais forte a palavra comeu, em João comeu o bolo. Nesse caso, poderíamos estar respondendo a algo como "Que fez João?".

3) Colocando o acento na expressão o bolo, em João comeu o bolo, o que poderia ser a resposta de "O que comeu João?".
Recursos da escrita
Na linguagem escrita, precisamos explicitar quase tudo que queremos que o nosso interlocutor entenda. A frase acima precisaria vir acompanhada de uma informação a respeito do ambiente onde se encontram João e o bolo (uma festa, o trabalho, a cozinha etc..), explicitação de quem participa do diálogo, introdução de um verbo dicendi (fulano/a falou, disse, perguntou, gritou, murmurou, cochichou, berrou, por exemplo), o sinal gráfico que indica a introdução da fala de alguém: o travessão ou aspas.

Mas nem por isso a escrita é mais complexa e a fala mais simples. O grau de formalidade no uso da linguagem oral depende do ambiente em que se encontra o falante, do objetivo a atingir, de quem são os ouvintes.

Há situações que exigem falas elaboradas, isto é, com vocabulário e organização mais próxima da escrita, mas na maior parte do tempo nós usamos a chamada linguagem coloquial, a linguagem do dia-a-dia. Por outro lado, há situações em que convém o uso de uma escrita mais pessoal, como no caso de um bilhete ou em uma lista, como há ocasiões, precisamos organizar um texto formal, de acordo com a norma culta da língua.
A escrita alfabética
Em linhas gerais, o alfabeto é um sistema de sinais, as letras, que representam os sons da fala. A palavra vem do latim alphabetum, formada por duas outras palavras alpha e beta, as duas primeiras letras do alfabeto grego.

Sabe-se que o alfabeto grego veio de adaptação da escrita dos fenícios. Os estudos da escrita antiga são realizados geralmente a partir de inscrições de vasos e outros objetos, encontrados por arqueólogos. No caso da cultura grega, existem inscrições em cerâmicas no século 8 a.C.

O uso da escrita marcou a civilização moderna, principalmente a partir da invenção da imprensa, por volta de 1450, por Gutemberg, que pelo uso das letras móveis tornou possível a reprodução rápida de textos escritos, anteriormente copiados à mão. Como consequência, a civilização moderna pôde se organizar em torno da transmissão da informação pela escrita: jornais, revistas, livros...
As linguagens não verbais
Quando você vê um capítulo de novela na televisão, você ouve a fala das personagens e uma música de fundo. Simultaneamente vê um cenário e o vestuário das personagens. As cores do cenário, a iluminação do espaço, os gestos e as expressões dos atores contribuem para a construção do significado. Tudo isso também contribui para criar um clima, para reforçar uma ideia, para direcionar uma mensagem. Não levamos em conta cada um dos aspectos separadamente, mas todos juntos quando procuramos entender o que se passa na tela.

Para expressar um mundo, onde as mudanças são aceleradas, as novas linguagens transmitem rapidamente um número cada vez maior de mensagens. A ilustração, o desenho, a figura, a fotografia, os sons, associados a textos verbais curtos e diretos buscam atingir o leitor com maior impacto. A valorização da imagem supõe um leitor que não tenha tempo para ler mensagens longas ou complicadas.

Dado o intenso uso de linguagem não verbal nos dias atuais, pode-se dizer que entre uma e outra existe integração e influência recíproca, de forma que uma provoca alterações na outra.
A comunicação eletrônica
Nos dias atuais surgem novos gêneros textuais, como o e-mail, os chats (salas de bate-papo) e os fóruns on-line (espaços de opinião e debate), que apresentam linguagem escrita e linguagem oral.
O "hipertexto", por exemplo, constitui-se em uma escrita não-sequencial e não linear, que permite ao internauta acessar outros textos, através de "links" que o fazem interagir com outras mensagens, num novo espaço - o ciberespaço. Outras linguagens ou outras formas de usar as linguagens que já existem caracterizam esse tempo como um tempo de informação rápida, que abre uma enorme gama de possibilidades novos contatos e relacionamentos.

Veja como exemplo o blog. É uma forma contraída de weblog, nome da versão eletrônica dos antigos diários pessoais. As famosas confissões de adolescente, anotadas em cadernos e guardadas a sete chaves, são agora escancaradas na internet. Com um detalhe: além de bisbilhotarem os desabafos alheios, os internautas ainda podem deixar lá seus comentários, fazer críticas e até dar conselhos.

O sucesso dos blogs deve-se a dois fatores. São fáceis de fazer e permitem muita interatividade, juntando texto, fotos, desenhos, animações, vídeos e músicas. Para ter um blog não é necessário saber nada sobre criação de páginas na internet. Basta entrar em um dos sites que ensinam a produzir um diário virtual e seguir as indicações do assistente on-line.

Ainda não superamos, porém, a linguagem verbal, que é a que, embora por meio eletrônico, torna possível a comunicação com você!

Leia o trecho a seguir de um poema de Camões:

"Amor é fogo que arde sem se ver,
É ferida que dói e não se sente,
É um contentamento desconte,
É dor que desatina sem doer."
*Suely Amaral é professora universitária, consultora pedagógica e docente de cursos de formação continuada para professores na área de língua, linguagem e leitura.

fonte: http://educacao.uol.com.br/portugues/ult1706u12.jhtm

4) Figuras de linguagem
São recursos que tornam mais expressivas as mensagens. Subdividem-se em figuras de som, figuras de construção, figuras de pensamento e figuras de palavras.

Figuras de som

a) aliteração: consiste na repetição ordenada de mesmos sons consonantais.
“Esperando, parada, pregada na pedra do porto.”

b) assonância: consiste na repetição ordenada de sons vocálicos idênticos.
“Sou um mulato nato no sentido lato
mulato democrático do litoral.”

c) paronomásia: consiste na aproximação de palavras de sons parecidos, mas de significados distintos.
“Eu que passo, penso e peço.”

Figuras de construção

a) elipse: consiste na omissão de um term o facilmente identificável pelo contexto.
“Na sala, apenas quatro ou cinco convidados.” (omissão de havia)

b) zeugma: consiste na elipse de um termo que já apareceu antes.
Ele prefere cinema; eu, teatro. (omissão de prefiro)

c) polissíndeto: consiste na repetição de conectivos ligando termos da oração ou elementos do período.
“ E sob as ondas ritmadas
e sob as nuvens e os ventos
e sob as pontes e sob o sarcasmo
e sob a gosma e sob o vômito (...)”

d) inversão: consiste na mudança da ordem natural dos termos na frase.
“De tudo ficou um pouco.
Do meu medo. Do teu asco.”

e) silepse: consiste na concordância não com o que vem expresso, mas com o que se subentende, com o que está implícito. A silepse pode ser:

• De gênero
Vossa Excelência está preocupado.

• De número
Os Lusíadas glorificou nossa li teratura.

• De pessoa
“O que me parece inexplicável é que os brasileiros persistamos em comer essa coisinha verde e mole que se derrete na boca.”

f) anacoluto: consiste em deixar um termo solto na frase. Normalmente, isso ocorre porque se inicia uma determinada construção sintática e depois se opta por outra.
A vida, não sei realmente se ela vale alguma coisa.

g) pleonasmo: consiste numa redundância cuja finalidade é reforçar a mensagem.
“E rir meu riso e derramar meu pranto.”

h) anáfora: consiste na repetição de uma mesma palavra no início de versos ou frases.
“ Amor é um fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer”

Figuras de pensamento

a) antítese: consiste na aproximação de termos contrários, de palavras que se opõem pelo sentido.
“Os jardins têm vida e morte.”

b) ironia: é a figura que apresenta um termo em sentido oposto ao usual, obtendo-se, com isso, efeito crítico ou humorístico.
“A excelente Dona Inácia era mestra na arte de judiar de crianças.”

c) eufemismo: consiste em substituir uma expressão por outra menos brusca; em síntese, procura-se suavizar alguma afirmação desagradável.
Ele enriqueceu por meios ilícitos. (em vez de ele roubou)

d) hipérbole: trata-se de exagerar uma ideia com finalidade enfática.
Estou morrendo de sede. (em vez de estou com muita sede)

e) prosopopeia ou personificação: consiste em atribuir a seres inanimados predicativos que são próprios de seres animados.
O jardim olhava as crianças sem dizer nada.

f) gradação ou clímax: é a apresentação de ideias em progressão ascendente (clímax) ou descendente (anticlímax)
“Um coração chagado de desejos
Latejando, batendo, restrugindo.”

g) apóstrofe: consiste na interpelação enfática a alguém (ou alguma coisa personificada).
“Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus!”

Figuras de palavras

a) metáfora: consiste em empregar um termo com significado diferente do habitual, com base numa relação de similaridade entre o sentido próprio e o sentido figurado. A metáfora implica, pois, uma comparação em que o conectivo comparativo fica subentendido.
“Meu pensamento é um rio subterrâneo.”

b) metonímia: como a metáfora, consiste numa transposição de significado, ou seja, uma palavra que usualmente significa uma coisa passa a ser usada com outro significado. Todavia, a transposição de significados não é mais feita com base em traços de semelhança, como na metáfora. A metonímia explora sempre alguma relação lógica entre os termos. Observe:
Não tinha teto em que se abrigasse. (teto em lugar de casa)

c) catacrese: ocorre quando, por falta de um termo específico para designar um conceito, torna-se outro por empréstimo. Entretanto, devido ao uso contínuo, não mais se percebe que ele está sendo empregado em sentido figurado.
O pé da mesa estava quebrado.

d) antonomásia ou perífrase: consiste em substituir um nome por uma expressão que o identifique com facilidade:
...os quatro rapazes de Liverpool (em vez de os Beatles)

e) sinestesia: trata-se de mesclar, numa expressão, sensações percebidas por diferentes órgãos do sentido.
A luz crua da madrugada invadia meu quarto.

5) Vícios de linguagem
 

A gramática é um conjunto de regras que estabelecem um determinado uso da língua, denominado norma culta ou língua padrão. Acontece que as normas estabelecidas pela gramática normativa nem sempre são obedecidas pelo falante.
Quando o falante se desvia do padrão para alcançar uma maior expressividade, ocorrem as figuras de linguagem. Quando o desvio se dá pelo não-conhecimento da norma culta, temos os chamados vícios de linguagem.

a) barbarismo: consiste em grafar ou pronunciar uma palavra em desacordo com a norma culta.
pesquiza (em vez de pesquisa)
prototipo (em vez de protótipo)

b) solecismo: consiste em desviar-se da norma culta na construção sintática.
Fazem dois meses que ele não aparece. (em vez de faz ; desvio na sintaxe de concordância)

c) ambiguidade ou anfibologia: trata-se de construir a frase de um modo tal que ela apresente mais de um sentido.
O guarda deteve o suspeito em sua casa. (na casa de quem: do guarda ou do suspeito?)

d ) cacófato: consiste no mau som produzido pela junção de palavras.
Paguei cinco mil reais por cada.

e) pleonasmo: consiste na repetição desnecessária de uma idéia.
A brisa matinal da manhã deixava-o satisfeito.

f) neologismo: é a criação desnecessária de palavras.
Segundo Mário Prata, se adolescente é aquele que está entre a infância e a idade adulta, envelhescente é aquele que está entre a idade adulta e a velhice.

g) arcaísmo: consiste na utilização de palavras que já caíram em desuso.
Vossa Mercê me permite falar? (em vez de você)

h) eco: trata-se da repetição de palavras terminadas pelo mesmo som.
O menino repetente mente alegremente.

Por Marina Cabral
Especialista em Língua Portuguesa e Literatura
Equipe Brasil Escola

6) Funções da Linguagem
A linguagem, uma eficiente forma de comunicação, é elemento fundamental para estabelecermos comunicação com outras pessoas. Por ser múltipla e apresentar peculiaridades de acordo com a intenção do falante, divide-se em seis funções:
Função referencial ou denotativa: transmite uma informação objetiva, expõe dados da realidade de modo objetivo, não faz comentários, nem avaliação. Geralmente, o texto apresenta-se na terceira pessoa do singular ou plural, pois transmite impessoalidade. A linguagem é denotativa, ou seja, não há possibilidades de outra interpretação além da que está exposta.
Em alguns textos é mais predominante essa função, como: científicos, jornalísticos, técnicos, didáticos ou em correspondências comerciais.
Por exemplo: “Bancos terão novas regras para acesso de deficientes”. O Popular, 16 out. 2008.

Função emotiva ou expressiva
: o objetivo do emissor é transmitir suas emoções e anseios. A realidade é transmitida sob o ponto de vista do emissor, a mensagem é subjetiva e centrada no emitente e, portanto, apresenta-se na primeira pessoa. A pontuação (ponto de exclamação, interrogação e reticências) é uma característica da função emotiva, pois transmite a subjetividade da mensagem e reforça a entonação emotiva. Essa função é comum em poemas ou narrativas de teor dramático ou romântico.
Por exemplo: “Porém meus olhos não perguntam nada./ O homem atrás do bigode é sério, simples e forte./Quase não conversa./Tem poucos, raros amigos/o homem atrás dos óculos e do bigode.” (Poema de sete faces, Carlos Drummond de Andrade)

Função conativa ou apelativa
: O objetivo é de influenciar, convencer o receptor de alguma coisa por meio de uma ordem (uso de vocativos), sugestão, convite ou apelo (daí o nome da função). Os verbos costumam estar no imperativo (Compre! Faça!) ou conjugados na 2ª ou 3ª pessoa (Você não pode perder! Ele vai melhorar seu desempenho!). Esse tipo de função é muito comum em textos publicitários, em discursos políticos ou de autoridade.
Por exemplo: Não perca a chance de ir ao cinema pagando menos!
Função metalinguística: Essa função refere-se à metalinguagem, que é quando o emissor explica um código usando o próprio código. Quando um poema fala da própria ação de se fazer um poema, por exemplo. Veja:
“Pegue um jornal
Pegue a tesoura.
Escolha no jornal um artigo do tamanho que você deseja dar a seu poema.
Recorte o artigo.”
Este trecho da poesia, intitulada “Para fazer um poema dadaísta” utiliza o código (poema) para explicar o próprio ato de fazer um poema.
Função fática: O objetivo dessa função é estabelecer uma relação com o emissor, um contato para verificar se a mensagem está sendo transmitida ou para dilatar a conversa.
Quando estamos em um diálogo, por exemplo, e dizemos ao nosso receptor “Está entendendo?”, estamos utilizando este tipo de função ou quando atendemos o celular e dizemos “Oi” ou “Alô”.

Função poética
: O objetivo do emissor é expressar seus sentimentos através de textos que podem ser enfatizados por meio das formas das palavras, da sonoridade, do ritmo, além de elaborar novas possibilidades de combinações dos signos linguísticos. É presente em textos literários, publicitários e em letras de música.
Por exemplo: negócio/ego/ócio/cio/0
Na poesia acima “Epitáfio para um banqueiro”, José de Paulo Paes faz uma combinação de palavras que passa a ideia do dia a dia de um banqueiro, de acordo com o poeta.
Por Sabrina Vilarinho
Graduada em Letras
7) Tipologia textual e Gêneros Textuais
TIPOLOGIA TEXTUAL

1. Narração
Modalidade em que se conta um fato, fictício ou não, que ocorreu num determinado tempo e lugar, envolvendo certos personagens. Refere-se a objetos do mundo real. Há uma relação de anterioridade e posterioridade. O tempo verbal predominante é o passado. Estamos cercados de narrações desde as que nos contam histórias infantis até às piadas do cotidiano. É o tipo predominante nos gêneros: conto, fábula, crônica, romance, novela, depoimento, piada, relato, etc.

2. Descrição
Um texto em que se faz um retrato por escrito de um lugar, uma pessoa, um animal ou um objeto. A classe de palavras mais utilizada nessa produção é o adjetivo, pela sua função caracterizadora. Numa abordagem mais abstrata, pode-se até descrever sensações ou sentimentos. Não há relação de anterioridade e posterioridade. Significa "criar" com palavras a imagem do objeto descrito. É fazer uma descrição minuciosa do objeto ou da personagem a que o texto se Pega. É um tipo textual que se agrega facilmente aos outros tipos em diversos gêneros textuais. Tem predominância em gêneros como: cardápio, folheto turístico, anúncio classificado, etc.

3.Exposição
Apresenta um saber já construído e legitimado, ou um saber teórico. Apresenta informações sobre assuntos, expõe, reflete, explica e avalia idéias de modo objetivo. O texto expositivo apenas expõe ideias sobre um determinado assunto. A intenção é informar, esclarecer.  Ex: aula, resumo, textos científicos, enciclopédia, textos expositivos de revistas e jornais,  etc.

4. Argumentação
Um texto dissertativo-argumentativo faz a defesa de ideias ou um ponto de vista do autor. O texto, além de explicar, também persuade o interlocutor, objetivando convencê-lo de algo. Caracteriza-se pela progressão lógica de ideias. Geralmente utiliza linguagem denotativa. É tipo predominante em: sermão, ensaio, monografia, dissertação, tese, ensaio, manifesto, crítica, editorial de jornais e revistas.

5. Injunção/Instrucional
Indica como realizar uma ação. Utiliza linguagem objetiva e simples. Os verbos são, na sua maioria, empregados no modo imperativo, porém nota-se também o uso do infinitivo e o uso do futuro do presente do modo indicativo. Ex: ordens; pedidos; súplica; desejo; manuais e instruções para montagem ou uso de aparelhos e instrumentos; textos com regras de comportamento; textos de orientação (ex: recomendações de trânsito); receitas, cartões com votos e desejos (de natal, aniversário, etc.).


Gêneros textuais


Os gêneros textuais são as estruturas com que se compõem os textos, sejam eles orais ou escritos. Essas estruturas são socialmente reconhecidas, pois se mantêm sempre muito parecidas, com características comuns, procuram atingir intenções comunicativas semelhantes e ocorrem em situações específicas. Pode-se dizer que se tratam das variadas formas de linguagem que circulam em nossa sociedade, sejam eles formais ou informais. Cada gênero textual tem seu estilo próprio, podendo então, ser identificado e diferenciado dos demais através de suas características. Exemplos:


Carta: quando se trata de "carta aberta" ou "carta ao leitor", tende a ser do tipo argumentativo com uma linguagem formal, em que se escreve à sociedade ou a leitores. Quando se trata de "carta pessoal", a presença de aspectos narrativos ou descritivos e uma linguagem pessoal é mais comum.

Propaganda: é um gênero textual expositivo onde há a o intuito de propagar informações sobre algo, buscando sempre atingir e influenciar o leitor apresentando, na maioria das vezes, mensagens que despertam as emoções e a sensibilidade do mesmo.

Bula de remédio: é um gênero textual descritivo, expositivo e injuntivo que tem por obrigação fornecer as informações necessárias para o correto uso do medicamento.

Receita: é um gênero textual descritivo e injuntivo que tem por objetivo informar a fórmula para preparar tal comida, descrevendo os ingredientes e o preparo destes, além disso, com verbos no imperativo, dado o sentido de ordem, para que o leitor siga corretamente as instruções.

Tutorial: é um gênero injuntivo que consiste num guia que tem por finalidade explicar ao leitor, passo a passo e de maneira simplificada, como fazer algo.

Editorial: é um gênero textual argumentativo que expressa o posicionamento da empresa sobre determinado assunto, sem a obrigação da presença da objetividade.

Notícia: podemos perfeitamente identificar características narrativas, o fato ocorrido que se deu em um determinado momento e em um determinado lugar, envolvendo determinadas personagens. Características do lugar, bem como dos personagens envolvidos são, muitas vezes, minuciosamente descritos.

Reportagem: é um gênero textual jornalístico de caráter expositivo. A reportagem tem, por objetivo, informar e levar os fatos ao leitor de uma maneira clara, com linguagem direta.

Entrevista: é um gênero textual fundamentalmente dialogal,representado pela conversação de duas ou mais pessoas, o entrevistador e o(s) entrevistado(s), para obter informações sobre ou do entrevistado, ou de algum outro assunto. Geralmente envolve também aspectos expositivos, especialmente quando se trata de entrevista a imprensa ou entrevista jornalística. Mas pode também envolver aspectos narrativos, como na entrevista de emprego, ou aspectos descritivos, como na entrevista médica.

História em quadrinhos: é um gênero narrativo que consiste em enredos contados em pequenos quadros através de diálogos diretos entre seus personagens, gerando uma espécie de conversação.

Charge: é um gênero textual narrativo onde se faz uma espécie de ilustração cômica, através de caricaturas, com o objetivo de realizar uma sátira, crítica ou comentário sobre algum acontecimento atual, em sua grande maioria.

Poema: trabalho elaborado e estruturado em versos. Além dos versos, pode ser estruturado em estrofes. Rimas e métrica também podem fazer parte de sua composição. Pode ou não ser poético. Dependendo de sua estrutura, pode receber classificações específicas, como haicai, soneto, epopeia, poema figurado, dramático, etc. Em geral, a presença de aspectos narrativos e descritivos são mais frequentes neste gênero.

Poesia: é o conteúdo capaz de transmitir emoções por meio de uma linguagem , ou seja, tudo o que toca e comove pode ser considerado como poético (até mesmo uma peça ou um filme podem ser assim considerados). Um subgênero é a prosa poética, marcada pela tipologia dialogal. 

Romance: é um texto completo, com tempo, espaço e personagens bem definidos e de caráter mais verossímil. Também conta as façanhas de um herói, mas principalmente uma história de amor vivida por ele e uma mulher, muitas vezes, “proibida” para ele. Apesar dos obstáculos que o separam, o casal vive sua paixão proibida, física, adúltera, pecaminosa e, por isso, costuma ser punido no final. É o tipo de narrativa mais comum na Idade Média. Ex: Tristão e Isolda.

Novela: é um texto caracterizado por ser intermediário entre a longevidade do romance e a brevidade do conto. Como exemplos de novelas, podem ser citadas as obras O Alienista, de Machado de Assis, e A Metamorfose, de Kafka.

Conto: é um texto narrativo breve, e de ficção, geralmente em prosa, que conta situações rotineiras, anedotas e até folclores. Inicialmente, fazia parte da literatura oral. Boccacio foi o primeiro a reproduzi-lo de forma escrita com a publicação de Decamerão. Diversos tipos do gênero textual conto surgiram na tipologia textual narrativa: conto de fadas, que envolve personagens do mundo da fantasia; contos de aventura, que envolvem personagens em um contexto mais próximo da realidade; contos folclóricos (conto popular); contos de terror ou assombração, que se desenrolam em um contexto sombrio e objetivam causar medo no expectador; contos de mistério, que envolvem o suspense e a solução de um mistério.  

Fábula: é um texto de caráter fantástico que busca ser inverossímil. As personagens principais são não humanos e a finalidade é transmitir alguma lição de moral.

Crônica: é uma narrativa informal, breve, ligada à vida cotidiana, com linguagem coloquial. Pode ter um tom humorístico ou um toque de crítica indireta, especialmente, quando aparece em seção ou artigo de jornal, revistas e programas da TV.. 

Crônica narrativo-descritiva: Apresenta alternância entre os momentos narrativos e manifestos descritivos.

Ensaio: é um texto literário breve, situado entre o poético e o didático, expondo ideias, críticas e reflexões morais e filosóficas a respeito de certo tema. É menos formal e mais flexível que o tratado. Consiste também na defesa de um ponto de vista pessoal e subjetivo sobre um tema (humanístico, filosófico, político, social, cultural, moral, comportamental, etc.), sem que se paute em formalidades como documentos ou provas empíricas ou dedutivas de caráter científico. Exemplo: Ensaio sobre a cegueira, de José Saramago e Ensaio  sobre a tolerância, de John Locke.

Poesia de cordel: texto tipicamente brasileiro em que se retrata, com forte apelo linguístico e cultural nordestinos, fatos diversos da sociedade e da realidade vivida por este povo.

Canção (ou Cantiga, Trova): poema oral com acompanhamento musical;

Soneto: é um texto em poesia com 14 versos, dividido em dois quartetos e dois tercetos, com rima geralmente em a-ba-b a-b-b-a c-d-c d-c-d.

8) Crônica
Gênero entre jornalismo e literatura
Alfredina Nery*
Especial para a Página 3 - Pedagogia e Comunicação
Assim como a fábula e o enigma, a crônica é um gênero narrativo. Como diz a origem da palavra (Cronos é o deus grego do tempo), narra fatos históricos em ordem cronológica, ou trata de temas da atualidade. Mas não é só isso. Lendo esse texto, você conhecerá as principais características da crônica, técnicas de sua redação e terá exemplos.
Uma das mais famosas crônicas da história da literatura luso-brasileira corresponde à definição de crônica como "narração histórica". É a “Carta de Achamento do Brasil”, de Pero Vaz de Caminha, na qual são narrados ao rei português, D. Manuel, o descobrimento do Brasil e como foram os primeiros dias que os marinheiros portugueses passaram aqui. Mas trataremos, sobretudo, da crônica como gênero que comenta assuntos do dia a dia. Para começar, uma crônica sobre a crônica, de Machado de Assis:
O nascimento da crônica
“Há um meio certo de começar a crônica por uma trivialidade. É dizer: Que calor! Que desenfreado calor! Diz-se isto, agitando as pontas do lenço, bufando como um touro, ou simplesmente sacudindo a sobrecasaca. Resvala-se do calor aos fenômenos atmosféricos, fazem-se algumas conjeturas acerca do sol e da lua, outras sobre a febre amarela, manda-se um suspiro a Petrópolis, e la glace est rompue está começada a crônica. (...)
(Machado de Assis. "Crônicas Escolhidas". São Paulo: Editora Ática, 1994)
Publicada em jornal ou revista onde é publicada, destina-se à leitura diária ou semanal e trata de acontecimentos cotidianos.
A crônica se diferencia no jornal por não buscar exatidão da informação. Diferente da notícia, que procura relatar os fatos que acontecem, a crônica os analisa, dá-lhes um colorido emocional, mostrando aos olhos do leitor uma situação comum, vista por outro ângulo, singular.
O leitor pressuposto da crônica é urbano e, em princípio, um leitor de jornal ou de revista. A preocupação com esse leitor é que faz com que, dentre os assuntos tratados, o cronista dê maior atenção aos problemas do modo de vida urbano, do mundo contemporâneo, dos pequenos acontecimentos do dia a dia comuns nas grandes cidades.
Jornalismo e literatura
É assim que podemos dizer que a crônica é uma mistura de jornalismo e literatura. De um recebe a observação atenta da realidade cotidiana e do outro, a construção da linguagem, o jogo verbal. Algumas crônicas são editadas em livro, para garantir sua durabilidade no tempo.
Leia a seguir uma crônica de um dos maiores cronistas brasileiros:
Recado ao Senhor 903
“Vizinho,
Quem fala aqui é o homem do 1003. Recebi outro dia, consternado, a visita do zelador, que me mostrou a carta em que o senhor reclamava contra o barulho em meu apartamento. Recebi depois a sua própria visita pessoal – devia ser meia-noite – e a sua veemente reclamação verbal. Devo dizer que estou desolado com tudo isso, e lhe dou inteira razão. O regulamento do prédio é explícito e, se não o fosse, o senhor ainda teria ao seu lado a Lei e a Polícia. Quem trabalha o dia inteiro tem direito a repouso noturno e é impossível repousar no 903 quando há vozes, passos e músicas no 1003. Ou melhor; é impossível ao 903 dormir quando o 1003 se agita; pois como não sei o seu nome nem o senhor sabe o meu, ficamos reduzidos a ser dois números, dois números empilhados entre dezenas de outros. Eu, 1003, me limito a Leste pelo 1005, a Oeste pelo 1001, ao Sul pelo Oceano Atlântico, ao Norte pelo 1004, ao alto pelo 1103 e embaixo pelo 903 – que é o senhor. Todos esses números são comportados e silenciosos: apenas eu e o Oceano Atlântico fazemos algum ruído e funcionamos fora dos horários civis; nós dois apenas nos agitamos e bramimos ao sabor da maré, dos ventos e da lua. Prometo sinceramente adotar, depois das 22 horas, de hoje em diante, um comportamento de manso lago azul. Prometo. Quem vier à minha casa (perdão: ao meu número) será convidado a se retirar às 21h45, e explicarei: o 903 precisa repousar das 22 às 7 pois as 8h15 deve deixar o 783 para tomar o 109 que o levará ate o 527 de outra rua, onde ele trabalha na sala 305. Nossa vida, vizinho, está toda numerada: e reconheço que ela só pode ser tolerável quando um número não incomoda outro número, mas o respeita, ficando dentro dos limites de seus algarismos. Peço-lhe desculpas – e prometo silêncio.
[...] Mas que me seja permitido sonhar com outra vida e outro mundo, em que um homem batesse à porta do outro e dissesse: ‘Vizinho, são três horas da manhã e ouvi música em tua casa. Aqui estou’. E o outro respondesse: ‘Entra vizinho e come do meu pão e bebe do meu vinho. Aqui estamos todos a bailar e a cantar, pois descobrimos que a vida é curta e a lua é bela’.
E o homem trouxesse sua mulher, e os dois ficassem entre os amigos e amigas do vizinho entoando canções para agradecer a Deus o brilho das estrelas e o murmúrio da brisa nas árvores, e o dom da vida, e a amizade entre os humanos, e o amor e a paz.”
(Rubem Braga. "Para gostar de ler". São Paulo: Ática, 1991)
Fato corriqueiro...
Há na crônica uma série de eventos aparentemente banais, que ganham outra "dimensão" graças ao olhar subjetivo do autor. O leitor acompanha o acontecimento, como uma testemunha guiada pelo olhar do cronista que tem a pretensão de registrar de maneira pessoal o acontecimento. O autor dá a um fato corriqueiro uma perspectiva, que o transforma em fato singular e único.
No caso da crônica "Recado ao Senhor 903", há uma crítica à desumanização na cidade grande, na qual somos, muitas vezes, apenas números e não pessoas. O surpreendente é a inversão proposta pelo narrador ao final da crônica: no lugar da intolerância, tão comum nas cidades grandes, ele propõe um possível acolhimento amigo.
Outro aspecto é que as personagens das crônicas não têm descrição psicológica profunda, pois, são caracterizadas por uma ou duas características centrais, suficientes para compor traços genéricos, com os quais uma pessoa comum pode se identificar. Em geral, as personagens não têm nomes: é a moça, o menino, a velha, o senador, a mulher, a dona de casa. Ou têm nomes comuns: dona Nena, seu Chiquinho, etc...
Análise da linguagem
1) Intenção e linguagem
O narrador-personagem da crônica (ou remetente da carta ao vizinho) reconhece que faz barulho e por isto pede desculpas. Veja, assim, as palavras e afirmações que usou para construir essa idéia: "consternado", "desolado", "lhe dou inteira razão", "O regulamento do prédio é explícito", "Quem trabalha o dia inteiro tem direito ao repouso", "Peço desculpas", "Prometo silêncio".
No entanto, através de ironias, o narrador reconhece sua falta, mas explicita que não concorda com a situação, uma vez que a aborda também de outro ângulo, problematizando as relações entre as pessoas e não simplesmente aceitando a situação como algo imutável. E faz isso, especialmente, quando:
  ironiza a estruturas dos prédios em que as pessoas ficam empilhadas, perdendo o contato humano;
  refere-se a todos os vizinhos, incluindo ele próprio, pelo número do apartamento e não pelo nome;
  critica o isolamento e a distância entre as pessoas cujas vidas estão limitadas pelas normas que cerceiam o convívio humano;
  sonha com outra relação mais humana e fraterna, entre as pessoas.
2) Ironia e humor
a) Veja como o narrador usa uma fina ironia quando fala de si mesmo e dos motivos das reclamações do vizinho:
"Todos esses números são comportados e silenciosos: apenas eu e o Oceano Atlântico fazemos algum ruído e funcionamos fora dos horários civis; nós dois apenas nos agitamos e bramimos ao sabor da maré, dos ventos e da lua." Verifique ainda como o uso do elemento "apenas", usado duas vezes intensifica a sua exclusão em relação aos demais moradores do prédio.
b) O excesso de referência a números acaba por criar um efeito de humor e crítica social:
"Prometo sinceramente adotar, depois das 22 horas, de hoje em diante, um comportamento de manso lago azul. Prometo. Quem vier à minha casa (perdão: ao meu número) será convidado a se retirar às 21h 45, e explicarei: o 903 precisa repousar das 22 às 7 pois as 8h 15 deve deixar o 783 para tomar o 109 que o levará ate o 527 de outra rua, onde ele trabalha na sala 305."
Enfim, o efeito de humor tem a ver com:
  o contraste entre uma situação e outra: os que mantêm silêncio e pessoas, como o narrador, que não o fazem;
  o inesperado: o texto parece se encaminhar para um sentido e bruscamente aponta para outro.
3)Uso de verbo
Quando o narrador quer sonhar com uma outra situação em relação, não só à sua vizinhança, mas também à vida na cidade grande, veja que ele constrói essa idéia usando verbos no pretérito imperfeito do subjuntivo, o que indica possibilidade/desejo/hipótese:
"Mas que me seja permitido sonhar com outra vida e outro mundo, em que um homem batesse à porta do outro e dissesse: 'Vizinho, são três horas da manhã e ouvi música em tua casa. Aqui estou'. E o outro respondesse: 'Entra vizinho e come do meu pão e bebe do meu vinho. Aqui estamos todos a bailar e a cantar, pois descobrimos que a vida é curta e a lua é bela'.
E o homem trouxesse sua mulher, e os dois ficassem entre os amigos e amigas do vizinho entoando canções para agradecer a Deus o brilho das estrelas e o murmúrio da brisa nas árvores, e o dom da vida, e a amizade entre os humanos, e o amor e a paz.
4)Uso dos artigos
Releia os trechos:
a) "Quem fala aqui é o homem do 1003.".
Foi usado o artigo definido ( o ), quando o narrador refere-se a si mesmo, particularizando, dessa forma, um indivíduo, entre outros.
b) "Mas que me seja permitido sonhar com outra vida e outro mundo, em que um homem batesse à porta do outro e dissesse (...). E o outro respondesse (...)"
artigo indefinido ("um homem"), quando foi introduzido um elemento ainda não citado no texto, generalizando-o. Há artigo definido ("o outro"), quando novamente se tem um indivíduo já citado, particularizando-o.
Veja que essas escolhas lingüísticas vão constituindo a ligação/coesão entre as partes do texto, de tal maneira que, mais do que saber o nome das classes da gramática - substantivos, adjetivos, artigos, advérbios, verbo, conjunção, pronome, preposição, numeral - é importante saber suas articulações na construção dos sentidos de um texto.
Características das crônicas
A crônica é um texto narrativo que:
  É, em geral, curto;
  Trata de problemas do cotidiano; assuntos comuns, do dia a dia;
  Traz as pessoas comuns como personagens, sem nome ou com nomes genéricos. As personagens não têm aprofundamento psicológico; são apresentadas em traços rápidos;
  É organizado em torno de um único núcleo, um único problema;
  Tem como objetivo envolver, emocionar o leitor.

Exemplos de crônicas:

Airton Monte - Conversa ao telefone
04/Maio/2010 - 00h52min

Num final de tarde sem qualquer perspectiva, nem para pior, nem para melhor, desses em que a gente jamais espera que surja um fato inusitado, um acontecimento mágico aconteça. Pois liga-me o companheiro e velho amigo Chico Newton, nosso jovial paxá da Gentilandia ou simplesmente um polígamo por vocação e essência, um pai-de-chiqueiro como o chamávamos nas antigas rodas boêmias, quando nosso fígado esbanjava saúde. Sem nenhuma explicação plausível, me confidenciou não mais acreditar de jeito nenhum ser o tal de "povo" uma entidade abstrata, acima do bem e do mal.

Ou somente uma demagógica figura de retórica política, um delito populista de palanque, mormente quando se aproximam as eleições. Como se o povo não fosse formado por indivíduos tão comuns como eu e vocês. Como se o povo não tivesse rosto, corpo, nomes, identidades. Sim, ele mesmo, o velho povo, a massa, a patuleia, a turbamulta, a malta, o dito cujo canelau. É preciso pensar que o povo existe de verdade, gritava-me o Chico Newton, exasperado, com as suas qualidades e os seus defeitos, o seu heroísmo e a sua pusilanimidade. Então, por que teimar em tratar o povo com a mesma paternalista indulgência dispensada a um bebê de colo?

E o meu compadre prosseguia em sua incansável diatribe confessando que nunca havia entendido por que o povo deve ser sempre compulsoriamente absolvido de todos os seus erros cometidos, principalmente nas urnas, como se jamais tivesse qualquer resquício de culpa no cartório social. Em tempos de desespero geral e de total descrédito em tudo quanto é político, afora algumas raras exceções, para o povo tanto faz como tanto fez que o novo e auto-proclamado Messias seja um herói da democracia ou um simples tirano vagabundo. Na hora em que o barco afunda, o povo se agarra na primeira boia de salvação que lhe passa à frente.

E me perguntava aos berros, quase estourando meus tímpanos:- Quem carregou Hitler num andor? E idolatrou Mussolini e Stalin? Além de Franco, Salazar, Pinochet e todos os tiranetes brasileiros? Foi ele, o povo, que também fez a Revolução Francesa, a Guerra da Independência norte-americana, o Quilombo dos Palmares, Canudos, Caldeirão, o samba, o futebol, a mulata, o carnaval. O povo não é uma vestal intocável, eterno inocente útil que não sabe o que quer e o que faz. O povo sou eu, são vocês, somos todos nós que carregamos este País nas costas feito um madeiro desde que ele foi inventado.


A ÚLTIMA CRÔNICA
FERNANDO SABINO

A caminho de casa, entro num botequim da Gávea para tomar um café junto ao balcão. Na realidade estou adiando o momento de escrever.

A perspectiva me assusta. Gostaria de estar inspirado, de coroar com êxito mais um ano nesta busca do pitoresco ou do irrisório no cotidiano de cada um. Eu pretendia apenas recolher da vida diária algo de seu disperso conteúdo humano, fruto da convivência, que a faz mais digna de ser vivida. Visava ao circunstancial, ao episódico. Nesta perseguição do acidental, quer num flagrante de esquina, quer nas palavras de uma criança ou num acidente doméstico, torno-me simples espectador e perco a noção do essencial. Sem mais nada para contar, curvo a cabeça e tomo meu café, enquanto o verso do poeta se repete na lembrança: "assim eu quereria o meu último poema". Não sou poeta e estou sem assunto. Lanço então um último olhar fora de mim, onde vivem os assuntos que merecem uma crônica.

Ao fundo do botequim um casal de pretos acaba de sentar-se, numa das últimas mesas de mármore ao longo da parede de espelhos. A compostura da humildade, na contenção de gestos e palavras, deixa-se acrescentar pela presença de uma negrinha de seus três anos, laço na cabeça, toda arrumadinha no vestido pobre, que se instalou também à mesa: mal ousa balançar as perninhas curtas ou correr os olhos grandes de curiosidade ao redor. Três seres esquivos que compõem em torno à mesa a instituição tradicional da família, célula da sociedade. Vejo, porém, que se preparam para algo mais que matar a fome.
Passo a observá-los. O pai, depois de contar o dinheiro que discretamente retirou do bolso, aborda o garçom, inclinando-se para trás na cadeira, e aponta no balcão um pedaço de bolo sob a redoma. A mãe limita-se a ficar olhando imóvel, vagamente ansiosa, como se aguardasse a aprovação do garçom. Este ouve, concentrado, o pedido do homem e depois se afasta para atendê-lo. A mulher suspira, olhando para os lados, a reassegurar-se da naturalidade de sua presença ali. A meu lado o garçom encaminha a ordem do freguês. O homem atrás do balcão apanha a porção do bolo com a mão, larga-o no pratinho -- um bolo simples, amarelo-escuro, apenas uma pequena fatia triangular.
A negrinha, contida na sua expectativa, olha a garrafa de Coca-Cola e o pratinho que o garçom deixou à sua frente. Por que não começa a comer? Vejo que os três, pai, mãe e filha, obedecem em torno à mesa um discreto ritual. A mãe remexe na bolsa de plástico preto e brilhante, retira qualquer coisa. O pai se mune de uma caixa de fósforos, e espera. A filha aguarda também, atenta como um animalzinho. Ninguém mais os observa além de mim.

São três velinhas brancas, minúsculas, que a mãe espeta caprichosamente na fatia do bolo. E enquanto ela serve a Coca-Cola, o pai risca o fósforo e acende as velas. Como a um gesto ensaiado, a menininha repousa o queixo no mármore e sopra com força, apagando as chamas. Imediatamente põe-se a bater palmas, muito compenetrada, cantando num balbucio, a que os pais se juntam, discretos: "parabéns pra você, parabéns pra você..." Depois a mãe recolhe as velas, torna a guardá-las na bolsa. A negrinha agarra finalmente o bolo com as duas mãos sôfregas e põe-se a comê-lo. A mulher está olhando para ela com ternura — ajeita-lhe a fitinha no cabelo crespo, limpa o farelo de bolo que lhe cai ao colo. O pai corre os olhos pelo botequim, satisfeito, como a se convencer intimamente do sucesso da celebração. Dá comigo de súbito, a observá-lo, nossos olhos se encontram, ele se perturba, constrangido — vacila, ameaça abaixar a cabeça, mas acaba sustentando o olhar e enfim se abre num sorriso.

Assim eu quereria minha última crônica: que fosse pura como esse sorriso.

Texto extraído do livro
"A Companheira de Viagem", Editora do Autor - Rio de Janeiro, 1965, pág. 174.

Informações suplementares sobre a crônicas
Exemplo de análise literária

Jornal O Povo – 03/09/2005
Airton Monte ocupa, no Ceará, o posto de cronista maior. Senta-se, agora, em iluminada cadeira - a mesma, antes, habitada, hierarquicamente, por João Brígido, Caio Cid, Milton Dias e Ciro Colares. Não há quem não lhe reconheça a janela em que, de quando em vez, se debruça para, de um solar de nuvens, contemplar as nossas dores, as nossas alegrias ou, tão-somente, os filamentos que o cotidiano nos oferece em seu estranho banquete. É, pois, um amigo de alpendre. E preserva o que, em nós, converte-se em sagrado: o apreço à amizade, a flor nos túmulos, os corredores da memória, um fragmento de tarde, o desejo e suas vicissitudes, o digladiar-se entre Eros e Thanatos, o cotidiano familiar, a literatura e outras artes...; enfim, a condição humana, quer a solidão da moça, quer os olhos das crianças de Bagdá.

O ensaísta Massaud Moisés, em seu ´Dicionário de termos literários´, (São Paulo: Cultrix, 1974, p. 131-133) exprime, em síntese, as várias acepções do vocábulo ´crônica´ ao longo dos tempos. No início da era cristã, designava uma relação de acontecimentos, cronologicamente ordenados, simplesmente registrados, sem o aprofundamento das causas, tampouco interpretados. A partir do século XIX, passou a rubricar textos que só longinquamente se vinculavam à forma primitiva de crônica, pois, ostentavam, agora, estrita personalidade literária. A crônica, em sua feição moderna, via de regra publicada em jornais ou revistas, para, depois, ter uma seleção impressa em livro, concentra-se num acontecimento diário que tenha chamado a atenção do escritor, (um conflito bélico, a violência urbana, uma cena lírica, um ser, um objeto, um fenômeno natural etc) em introspecções (o estar-no-mundo, os sentimentos, os sonhos) ou em motivos encomiásticos etc. É, pois, uma expressão literária híbrida: pode assumir a forma de alegoria, necrológio, entrevista, confissão, diálogo etc, bem como girar em torno de pessoas fictícias ou reais. Assim, a crônica habita entre a poesia e conto: implicando sempre a visão pessoal, subjetiva, ante um fato qualquer do cotidiano, a crônica estimula a veia poética do prosador; ou dá margem a que este revele seus dotes de contador de histórias. No primeiro caso, pode resultar num autêntico poema em prosa; no segundo, num conto.

A crônica de abertura do livro ´Moça com flor na boca´, de Airton Monte, (Fortaleza: Editora UFC, 2005)- e que a este dá o título, já faz uma síntese dos elementos recorrentes do autor: o lirismo, a ironia mordaz, o jogo dos contrastes e a circularidade:
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Moça com flor na boca
Airton Monte


A esta hora tardia em que escrevo, o dia de amanhã já se anuncia no melancólico cantar de um galo insone, exilado na grande cidade. Claro que o mundo não pára enquanto dormimos. As coisas continuam acontecendo, seguindo seu próprio ritmo.

Quem sabe, em algum lugar, neste determinado momento, um bebê tenha acabado de nascer e a humanidade se engrandeceu mais um pouco, envolta no doce mistério da carne, como se nós todos milagrosamente ressurgíssemos do nada.

Na mesma escala do tempo, num botequim da periferia, compadre Raimundo matou compadre Francisco por causa de uma dose de cachaça pedida e recusada. Em uma cobertura luxuosa da Avenida Beira-Mar, um marido (respeitável cidadão) espancou outra vez a mulher só porque ela abraçou e beijou um velho amigo de faculdade. Trancado no quarto, olhos fixos na tela do computador, o filho de 5 anos sente o ódio envenenando sua dolorosa meninice.

Já no centro da cidade, que jamais dorme, maus meninos de boas famílias ateiam fogo a um mendigo bêbado, só para tornar a noite menos chata. Pela internet, um casal ainda jovem se ama por correspondência e usa nomes falsos e troca retratos fictícios.

Num sobradinho branco, de janelinhas azuis recém-pintadas, à beira do mar, um homem e uma mulher celebram no altar de Vênus sob as bênçãos de Afrodite. Num terreno baldio, uma criança é estuprada e morta pelo vendedor de picolés.

Na Praia de Iracema, as vendedoras de flores poetizam a noite sórdida. Dentro de um mesmo universo multifacetado, há, ao mesmo tempo, uma lua-de-mel, um velório de pai rico onde os filhos choram com advogado ao lado e com firma reconhecida. Ah, quantos dramas, quantas tragédias acontecendo agora enquanto escrevo, inclusive uma canção que se solta pelo ar, uma estrela cadente, uma nuvem esculpida caprichosamente pelo vento, um homem solitário recitando poemas de amor e seu coração gritando vida, meus olhos sonhando com a mágica visão de uma moça linda, com um sorriso de jardim suspenso da Babilônia e, certamente, irremediavelmente com uma flor na boca, que o poeta colherá inevitavelmente, imune ao veneno de todos os espinhos.(p. 7 e 8 )
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As passagens ´A esta hora tardia em que escrevo...´ (1º§) e ´Ah, quantos dramas, quantas tragédias acontecendo agora enquanto escrevo...´(7º§) apontam um elemento inerente à composição de Airton Monte: a circularidade; isto é, os enunciados estabelecem entre si vasos comunicantes, e a escritura resulta de um entrelaçar-se de fios, à semelhança de uma teia. Tecelão, o Autor possui um fio-mestre; deste, podem desprender-se outros fios, mas àquele estarão subordinados.

Cronista, o autor se apresenta ao leitor como um homem comum, que também luta pela sobrevivência, que, como qualquer outro homem, trabalha, ainda que destoe do quadro geral: ´o dia de amanhã já se anuncia´ à cidade, mas para ele, cronista, é uma ´hora tardia´, pois, da mesma forma como aquele ´galo´, ele, também, é um ´insone´ e um ´exilado´, em sua ´caverna´ - espaço de sua criação.

A ´máquina do mundo´ o faz tecer uma série de reflexões acerca dos contrastes que compõem a crosta do cotidiano. E, como ´As coisas continuam acontecendo´, passa a colher, aleatoriamente, alguns episódios, configuradores do espetáculo humano, estabelecido no grotesco, uma vez que ao lado do belo reside o feio; do puro, o impuro; da virtude, o pecado etc.

Assim, no mesmo instante em que nasce um ´bebê´, fazendo com que a humanidade se engrandeça ´no doce mistério da carne´, num ´botequim da periferia´, um compadre matou o outro, por motivo banal. Mas, como a violência está entranhada no homem, e ultrapassa a fronteira da miséria social, numa ´cobertura de luxo´, um ´marido´ - ironicamente composto com um ´respeitável cidadão´ - espanca, também por motivos banais, a esposa, enquanto em outro quarto, preso ao computador, o filho, criado na abastança, já destila ´ódio´, reconhecendo o absurdo de sua infância infeliz.

Concomitantemente, no ´centro da cidade, que jamais dorme,´ porque abriga o lixo social - prostitutas, travestis, trabalhadores noturnos etc -, ´maus meninos de boas famílias ateiam fogo a um mendigo bêbado, só pra tornar a noite menos chata´.

(Nessa passagem, o cronista relembra um episódio que, em verdade, aconteceu em Brasília: jovens de classe média alta - todos estudantes - atearam fogo ao corpo do índio Galdino que dormia em um banco num ponto de ônibus, já que se perdera dos companheiros - vieram a uma audiência no Planalto - e esperava encontrá-los ao amanhecer. Os jovens - assassinos do índio - declararam, à época, que fizeram aquilo porque estavam entediados.)

Como se vê, não se tratou de um gesto imotivado. É certo que, em relação à vítima, eles não cultivavam qualquer sentimento de ódio, de vingança etc. Na pós-modernidade, o consumo chega a um ponto de reificação que se torna monótono; desse modo, eles consumiram uma imagem que eles mesmos produziram: o desespero do índio em chamas - um espetáculo visual que tem, assim, relação com o consumo; pois, afinal de contas, estavam ´entediados´.

A imagem do ´casal ainda jovem´ que se ama por correspondência e usa nomes falsos e troca retratos fictícios´ remete a uma problemática da contemporaneidade: a teatralidade social, a dificuldade de comunicação, a artificialidade das atitudes. A sexualidade, ainda que esteja ligada à verdade individual, é escorregadia, imprecisa e desemboca em dúvidas e em interrogações. Se num ´sobradinho branco´, um casal celebra o amor liberto das convenções sociais, num ´terreno baldio, uma criança é estuprada e morta´.

Airton Monte, em muitas passagens de suas crônicas, entrega-se ao poético e nos brida com imagens surpreendentemente belas: ´Na Praia de Iracema, as vendedoras poetizam a noite sórdida´. As ´flores´, no espaço noturno, substituem as palavras de amor e de amizade, e estes sentimentos, confirmando o paradoxo humano, palmilham, na ´Praia de Iracema´, o mesmo território das drogas, do álcool e da prostituição.

Por fim, em meio a canções, estrelas, nuvens, o poeta sonha ´com a mágica visão de uma moça linda... com uma flor na boca´ - a ´flor´ surge em toda a sua força lírica, como símbolo de esperança, mesmo que frágil, a insurgir-se contra os descaminhos do mundo, a desumanização. A ´moça´, trazendo na boca uma ´flor´ é o quadro da promessa de renovação tanto do mundo quanto do coração do poeta, que, ´imune ao veneno de todos os espinhos´, colherá aí o seu grão de beleza.

Airton Monte é um cronista consciente de seu papel. Sabe, exatamente, a dimensão de seu nome na cidade. Tem consciência da repercussão do que expõe em seus textos. Escatológico, convive com a consciência da decomposição de tudo, do destino do perecível, por isso, de quando em vez, abraça a efemeridade.

Airton Monte escreve em ziguezague; desse modo, um de seus procedimentos é o de eliminar verdades absolutas; e brinca com o leitor, ao conduzi-lo por caminhos falsos ou rotas incompletas. Funciona mais ou menos assim: apresenta um argumento, enumera justificativas e finge completar o pensamento; mas apenas finge completá-lo, pois, logo em seguida, toma um outro rumo.

Finalmente, ressalta-se o discurso intertextual como uma das marcas de seu discurso literário, uma vez que é um leitor voraz e carrega dentro si, entrelaçados, fragmentos de tantas léguas de livros; bem como de canções, amante que é de jazz, de blues, da bossa-nova, do samba-canção, dos boleros etc.
Carlos Augusto Viana
Editor

9) Conto
Características do gênero literário
Heidi Strecker*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação

O conto é uma obra de ficção, um texto ficcional. Cria um universo de seres e acontecimentos de ficção, de fantasia ou imaginação. Como todos os textos de ficção, o conto apresenta um narrador, personagens, ponto de vista e enredo.

Classicamente, diz-se que o conto se define pela sua pequena extensão. Mais curto que a novela ou o romance, o conto tem uma estrutura fechada, desenvolve uma história e tem apenas um clímax. Num romance, a trama desdobra-se em conflitos secundários, o que não acontece com o conto. O conto é conciso.
Grande flexibilidade
Por outro lado, o conto é um gênero literário que apresenta uma grande flexibilidade, podendo se aproximar da poesia e da crônica. Os historiadores afirmam que os ancestrais do conto são o mito, a lenda, a parábola, o conto de fadas e mesmo a anedota.

O primeiro passo para a compreensão de um conto é fazer uma leitura corrida do texto, do começo ao fim. Através dela verificamos a extensão do conto, a quantidade de parágrafos, as linhas gerais da história, a linguagem empregada pelo autor. Enfim, pegamos o "tom" do texto.
Primeiros passos
Podemos perguntar também: Quem é o autor do texto? Seja na internet, numa enciclopédia ou mesmo nos livros didáticos, é bom fazer uma pesquisa sobre o autor do conto, conhecer um pouco sua biografia. É um autor contemporâneo ou mais antigo? É um autor brasileiro ou estrangeiro?

O conto quase nunca é publicado isoladamente. Geralmente ele faz parte de uma obra maior. Por exemplo, o conto "Uma Galinha", de Clarice Lispector, faz parte do livro "Laços de Família".
Seguindo adiante
Depois dessas primeiras informações, podemos fazer uma leitura mais atenta do conto: elucidar vocábulos e expressões desconhecidas, esclarecer alusões e referências contidas no texto. Também podemos pensar no título do conto. Porque o autor escolheu este título? Este esforço de compreensão qualifica - e muito - a leitura. Torna o leitor mais sensível, mais esperto.

O passo seguinte é fazer a análise do texto. No momento da análise o leitor tem contato com as estruturas da obra, com a sua composição, com a sua organização interna. Para analisar o texto, é bom observar alguns aspectos da sua composição. Algumas perguntas são muito importantes: Quem? O que? Quando? Onde? Como?

Formular as perguntas e obter as respostas ajuda a conhecer o conto por dentro:
  Quais são os personagens principais?
  O que acontece na história?
  Em que tempo e em que lugar se passa a história narrada?
  E algo bem importante: Quem narra? De que jeito? O narrador conta de fora ou ele também é um dos personagens?

EXEMPLOS DE CONTOS





O BEBÊ DE TARLATANA ROSA
João do Rio
- Oh! uma história de máscaras! quem não a tem na sua vida? O carnaval só é interessante porque nos dá essa sensação de angustioso imprevisto... Francamente. Toda a gente tem a sua história de carnaval, deliciosa ou macabra, álgida ou cheia de luxúrias atrozes. Um carnaval sem aventuras não é carnaval. Eu mesmo este ano tive uma aventura...
E Heitor de Alencar esticava-se preguiçosamente no divã, gozando a nossa curiosidade.
Havia no gabinete o barão Belfort, Anatólio de Azambuja de que as mulheres tinham tanta implicância, Maria de Flor, a extravagante boêmia, e todos ardiam por saber a aventura de Heitor. O silêncio tombou expectante. Heitor, fumando um gianaclis autêntico, parecia absorto.
- É uma aventura alegre? indagou Maria.
- Conforme os temperamentos.
- Suja?
- Pavorosa ao menos.
- De dia?
- Não. Pela madrugada.
- Mas, homem de Deus, conta! suplicava Anatólio. Olha que está adoecendo a Maria.
Heitor puxou um largo trago à cigarreta.
- Não há quem não saia no Carnaval disposto no excesso, disposto aos transportes da carne e às maiores extravagâncias. O desejo, quase doentio é como incutido, infiltrado pelo ambiente. Tudo respira luxúria, tudo tem da ânsia e do espasmo, e nesses quatro dias paranóicos, de pulos, de guinchos, de confianças ilimitadas, tudo é possível. Não há quem se contente com uma...
- Nem com um, atalhou Anatólio.
- Os sorrisos são ofertas, os olhos suplicam, as gargalhadas passam como arrepios de urtiga pelo ar. É possível que muita gente consiga ser indiferente. Eu sinto tudo isso. E saindo, à noite, para a pornéia da cidade, saio como na Fenícia saíam os navegadores para a procissão da Primavera, ou os alexandrinos para a noite de Afrodita.
- Muito bonito! ciciou Maria de Flor.
- Está claro que este ano organizei uma partida com quatro ou cinco atrizes e quatro ou cinco companheiros. Não me sentia com coragem de ficar só como um trapo no vagalhão de volúpia e de prazer da cidade. O grupo era o meu salva-vidas. No primeiro dia, no sábado, andávamos de automóvel a percorrer os bailes. Íamos indistintamente beber champagne aos clubes de jogo que anunciavam bailes e aos maxixes mais ordinários. Era divertidíssimo e ao quinto clube estávamos de todo excitados. Foi quando lembrei uma visita ao baile público do Recreio. - "Nossa Senhora! disse a primeira estrela de revistas, que ia conosco. Mas é horrível! Gente ordinária, marinheiros à paisana, fúfias do pedaços mais esconsos da rua de S. Jorge, um cheiro atroz, rolos constantes..." - Que tem isso? Não vamos juntos?"
Com efeito. Íamos juntos e fantasiadas as mulheres. Não havia o que temer e a gente conseguia realizar o maior desejo: acanalhar-se, enlamear-se bem. Naturalmente fomos e era desolação com pretas beiçudas e desdentadas esparrimando belbutinas fedorentas pelo estrado da banda militar, todo o pessoal de azeiteiros das ruelas lôbregas e essas estranhas figuras de larvas diabólicas, de íncubos em frascos de álcool, que têm as perdidas de certas ruas, moças, mas com os traços como amassados e todas pálidas, pálidas feitas de pasta de mata-borrão e de papel-arroz. Não havia nada de novo. Apenas, como o grupo parara diante dos dançarinos, eu senti que se roçava em mim, gordinho e apetecível, um bebê de tarlatana rosa. Olhei-lhe as pernas de meia curta. Bonitas. Verifiquei os braços, o caído das espáduas, a curva do seio. Bem agradável. Quanto ao rosto era um rostinho atrevido, com dois olhos perversos e uma boca polpuda como se ofertando. Só postiço trazia o nariz, um nariz tão bem-feito, tão acertado, que foi preciso observar para verificá-lo falso. Não tive dúvida. Passei a mão e preguei-lhe um beliscão. O bebê caiu mais e disse num suspiro: - ai que dói! Estão vocês a ver que eu fiquei imediatamente disposto a fugir do grupo. Mas comigo iam cinco ou seis damas elegantes capazes de se debochar mas de não perdoar os excessos alheios, e era sem linha correr assim, abandonando-as, atrás de uma frequentadora dos bailes do Recreio. Voltamos para os automóveis e fomos cear no clube mais chic e mais secante da cidade.
- E o bebê?
- O bebê ficou. Mas no domingo, em plena Avenida, indo eu ao lado do chauffeur; no burburinho colossal, senti um beliscão na perna e urna voz rouca dizer: "para pagar o de ontem". Olhei. Era o bebê rosa, sorrindo, com o nariz postiço, aquele nariz tão perfeito. Ainda tive tempo de indagar: aonde vais hoje?
- A toda parte! respondeu, perdendo-se num grupo tumultuoso.
- Estava perseguindo-te! comentou Maria de Flor.
- Talvez fosse um homem... soprou desconfiado o amável Anatólio.
- Não interrompam o Heitor! fez o barão, estendendo a mão.
Heitor acendeu outro gianaclis, ponta de ouro, continuou:
- Não o vi mais nessa noite e segunda-feira não o vi também. Na terça desliguei-me do grupo e cai no mar alto da depravação, só, com uma roupa leve por cima da pele e todos os maus instintos fustigados. De resto a cidade inteira estava assim. É o momento em que por trás das máscaras as meninas confessam paixões aos rapazes, é o instante em que as ligações mais secretas transparecem, em que a virgindade é dúbia e todos nós a achamos inútil, a honra uma caceteação, o bom senso uma fadiga. Nesse momento tudo é possível, os maiores absurdos, os maiores crimes; nesse momento há um riso que galvaniza os sentidos e o beijo se desata naturalmente.
Eu estava trepidante, com uma ânsia de acanalhar-me, quase mórbida. Nada de raparigas do galarim perfumadas e por demais conhecidas, nada do contato familiar, mas o deboche anônimo, o deboche ritual de chegar, pegar, acabar, continuar. Era ignóbil. Felizmente muita gente sofre do mesmo mal no carnaval.
- A quem o dizes!... suspirou Maria de Flor.
- Mas eu estava sem sorte, com a guigne, com o caiporismo dos defuntos índios. Era aproximar-me, era ver fugir a presa projetada. Depois de uma dessas caçadas pelas avenidas e pelas praças, embarafustei pelo S. Pedro, meti-me nas danças, rocei-me àquela gente em geral pouco limpa, insisti aqui, ali. Nada!
- É quando se fica mais nervoso!
- Exatamente. Fiquei nervoso até o fim do baile, vi sair toda gente, e saí mais desesperado. Eram três horas da manhã. O movimento das ruas abrandara. Os outros bailes já tinham acabado. As praças, horas antes incendiadas pelos projetores elétricos e as cambiantes enfumadas dos fogos de bengala, caiam em sombras - sombras cúmplices da madrugada urbana. E só, indicando a folia, a excitação da cidade, um ou outro carro arriado levando máscaras aos beijos ou alguma fantasia tilintando guizos pelas calçadas fofas de confete. Oh! a impressão enervante dessas figuras irreais na semi-sombra das horas mortas, roçando as calçadas, tilintando aqui, ali um som perdido de guizo! Parece qualquer coisa de impalpável, de vago, de enorme, emergindo da treva aos pedaços... E os dominós embuçados, as dançarinas amarfanhadas, a coleção indecisa dos máscaras de último instante arrastando-se extenuados! Dei para andar pelo largo do Rocio e ia caminhando para os lados da secretaria do interior, quando vi, parado, o bebê de tarlatana rosa.
Era ele! Senti palpitar-me o coração. Parei.
- "Os bons amigos sempre se encontram" disse.
O bebê sorriu sem dizer palavra. Estás esperando alguém? Fez um gesto com a cabeça que não. Enlacei-o. - Vens comigo? Onde? indagou a sua voz áspera e rouca. - Onde quiseres! Peguei-lhe nas mãos. Estavam úmidas mas eram bem tratadas. Procurei dar-lhe um beijo. Ela recuou. Os meus lábios tocaram apenas a ponta fria do seu nariz. Fiquei louco.
- Por pouco...
- Não era preciso mais no Carnaval, tanto mais quanto ela dizia com a sua voz arfante e lúbrica: - "Aqui não!" Passei-lhe o braço pela cintura e fomos andando sem dar palavra. Ela apoiava-se em mim, mas era quem dirigia o passeio e os seus olhos molhados pareciam fruir todo o bestial desejo que os meus diziam. Nessas fases do amor não se conversa. Não trocamos uma frase. Eu sentia a ritmia desordenada do meu coração e o sangue em desespero. Que mulher! Que vibração! Tínhamos voltado ao jardim. Diante da entrada que fica fronteira à rua Leopoldina, ela parou, hesitou. Depois arrastou-me, atravessou a praça, metemo-nos pela rua escura e sem luz. Ao fundo, o edifício das Belas-Artes era desolador e lúgubre. Apertei-a mais. Ela aconchegou-se mais. Como os seus olhos brilhavam! Atravessamos a rua Luís de Camões, ficamos bem embaixo das sombras espessas do Conservatório de Música. Era enorme o silêncio e o ambiente tinha uma cor vagamente ruça com a treva espancada um pouco pela luz dos combustores distantes. O meu bebê gordinho e rosa parecia um esquecimento do vicio naquela austeridade da noite. - Então, vamos? indaguei. - Para onde? - Para a tua casa. - Ah! não, em casa não podes... - Então por aí. - Entrar, sair, despir-me. Não sou disso! - Que queres tu, filha? É impossível ficar aqui na rua. Daqui a minutos passa a guarda. - Que tem? - Não é possível que nos julguem aqui para bom fim, na madrugada de cinzas. Depois, às quatro tens que tirar a máscara. - Que máscara? - O nariz. - Ah! sim! E sem mais dizer puxou-me. Abracei-a. Beijei-lhe os braços, beijei-lhe o colo, beijei-lhe o pescoço. Gulosamente a sua boca se oferecia. Em torno de nós o mundo era qualquer coisa de opaco e de indeciso. Sorvi-lhe o lábio.
Mas o meu nariz sentiu o contato do nariz postiço dela, um nariz com cheiro a resina, um nariz que fazia mal. - Tira o nariz! - Ela segredou: Não! não! custa tanto a colocar! Procurei não tocar no nariz tão frio naquela carne de chama.
O pedaço de papelão, porém, avultava, parecia crescer, e eu sentia um mal-estar curioso, um estado de inibição esquisito. - Que diabo! Não vás agora para casa com isso! Depois não te disfarça nada. - Disfarça sim! - Não! procurei-lhe nos cabelos o cordão. Não tinha. Mas abraçando-me, beijando-me, o bebê de tarlatana rosa parecia uma possessa tendo pressa. De novo os seus lábios aproximaram-se da minha boca. Entreguei-me. O nariz roçava o meu, o nariz que não era dela, o nariz de fantasia. Então, sem poder resistir, fui aproximando a mão, aproximando, enquanto com a esquerda a enlaçava mais, e de chofre agarrei o papelão, arranquei-o. Presa dos meus lábios, com dois olhos que a cólera e o pavor pareciam fundir, eu tinha uma cabeça estranha, uma cabeça sem nariz, com dois buracos sangrentos atulhados de algodão, uma cabeça que era alucinante - uma caveira com carne...
Despeguei-a, recuei num imenso vômito de mim mesmo. Todo eu tremia de horror, de nojo. O bebê de tarlatana rosa emborcara no chão com a caveira voltada para mim, num choro que lhe arregaçava o beiço mostrando singularmente abaixo do buraco do nariz os dentes alvos. - Perdoa! Perdoa! Não me batas. A culpa não é minha! Só no Carnaval é que eu posso gozar. Então, aproveito, ouviste? aproveito. Foste tu que quiseste...
Sacudi-a com fúria, pu-la de pé num safanão que a devia ter desarticulado. Uma vontade de cuspir, de lançar apertava-me a glote, e vinha-me o imperioso desejo de esmurrar aquele nariz, de quebrar aqueles dentes, de matar aquele atroz reverso da Luxúria... Mas um apito trilou. O guarda estava na esquina e olhava-nos, reparando naquela cena da semitreva. Que fazer? Levar a caveira ao posto policial? Dizer a todo o mundo que a beijara? Não resisti. Afastei-me, apressei o passo e ao chegar ao largo inconscientemente deitei a correr como um louco para a casa, os queixos batendo, ardendo em febre.
Quando parei à porta para tirar a chave, é que reparei que a minha mão direita apertava uma pasta oleosa e sangrenta. Era o nariz do bebê de tarlatana rosa...
Heitor de Alencar parou, com o cigarro entre os dedos, apagado. Maria de Flor mostrava uma contração de horror na face e o doce Anatólio parecia mal. O próprio narrador tinha a camarinhar-lhe a fronte gotas de suor. Houve um silêncio agoniento. Afinal o barão Belfort ergueu-se, tocou a campainha para que o criado trouxesse refrigerantes e resumiu:
- Uma aventura, meus amigos, uma bela aventura. Quem não tem do Carnaval a sua aventura? Esta é pelo menos empolgante.
E foi sentar-se ao piano.

Um cinturão
Graciliano Ramos
As minhas primeiras relações com a justiça foram dolorosas e deixaram-me funda impressão. Eu devia ter quatro ou cinco anos, por aí, e figurei na qualidade de réu. Certamente já me haviam feito representar esse papel, mas ninguém me dera a entender que se tratava de julgamento. Batiam-me porque podiam bater-me, e isto era natural.
Os golpes que recebi antes do caso do cinturão, puramente físicos, desapareciam quando findava a dor. Certa vez minha mãe surrou-me com uma corda nodosa que me pintou as costas de manchas sangrentas. Moído, virando a cabeça com dificuldade, eu distinguia nas costelas grandes lanhos vermelhos. Deitaram-me, enrolaram-me em panos molhados com água de sal – e houve uma discussão na família. Minha avó, que nos visitava, condenou o procedimento da filha e esta afligiu-se. Irritada, ferira-me à toa, sem querer. Não guardei ódio a minha mãe: o culpado era o nó. Se não fosse ele, a flagelação me haveria causado menor estrago. E estaria esquecida. A história do cinturão, que veio pouco depois, avivou-a.
Meu pai dormia na rede, armada na sala enorme. Tudo é nebuloso. Paredes extraordinariamente afastadas, rede infinita, os armadores longe, e meu pai acordando, levantando-se de mau humor, batendo com os chinelos no chão, a cara enferrujada. Naturalmente não me lembro da ferrugem, das rugas, da voz áspera, do tempo que ele consumiu rosnando uma exigência. Sei que estava bastante zangado, e isto me trouxe a covardia habitual. Desejei vê-lo dirigir-se a minha mãe e a José Baía, pessoas grandes, que não levavam pancada. Tentei ansiosamente fixar-me nessa esperança frágil. A força de meu pai encontraria resistência e gastar-se-ia em palavras.
Débil e ignorante, incapaz de conversa ou defesa, fui encolher-me num canto, para lá dos caixões verdes. Se o pavor não me segurasse, tentaria escapulir-me: pela porta da frente chegaria ao açude, pela do corredor acharia o pé do turco. Devo ter pensado nisso, imóvel, atrás dos caixões. Só queria que minha mãe, sinhá Leopoldina, Amaro e José Baía surgissem de repente, me livrassem daquele perigo.
Ninguém veio, meu pai me descobriu acocorado e sem fôlego, colado ao muro, e arrancou-me dali violentamente, reclamando um cinturão. Onde estava o cinturão? Eu não sabia, mas era difícil explicar-me: atrapalhava-me, gaguejava, embrutecido, sem atinar com o motivo da raiva. Os modos brutais, coléricos, atavam-me; os sons duros morriam, desprovidos de significação.
Não consigo reproduzir toda a cena. Juntando vagas lembranças dela a fatos que se deram depois, imagino os berros de meu pai, a zanga terrível, a minha tremura infeliz. Provavelmente fui sacudido. O assombro gelava-me o sangue, escancarava-me os olhos.
Onde estava o cinturão? Impossível responder. Ainda que tivesse escondido o infame objeto, emudeceria, tão apavorado me achava. Situações deste gênero constituíram as maiores torturas da minha infância, e as conseqüências delas me acompanharam.
O homem não me perguntava se eu tinha guardado a miserável correia: ordenava que a entregasse imediatamente. Os seus gritos me entravam na cabeça, nunca ninguém se esgoelou de semelhante maneira.
Onde estava o cinturão? Hoje não posso ouvir uma pessoa falar alto. O coração bate-me forte, desanima, como se fosse parar, a voz emperra, a vista escurece, uma cólera doida agita coisas adormecidas cá dentro. A horrível sensação de que me furam os tímpanos com pontas de ferro.
Onde estava o cinturão? A pergunta repisada ficou-me na lembrança: parece que foi pregada a martelo.
A fúria louca ia aumentar, causar-me sério desgosto. Conservar-me-ia ali desmaiado, encolhido, movendo os dedos frios, os beiços trêmulos e silenciosos. Se o moleque José ou um cachorro entrasse na sala, talvez as pancadas se transferissem. O moleque e os cachorros eram inocentes, mas não se tratava disto. Responsabilizando qualquer deles, meu pai me esqueceria, deixar-me-ia fugir, esconder-me na beira do açude ou no quintal. Minha mãe, José Baía, Amaro, sinhá Leopoldina, o moleque e os cachorros da fazenda abandonaram-me. Aperto na garganta, a casa a girar, o meu corpo a cair lento, voando, abelhas de todos os cortiços enchendo-me os ouvidos – e, nesse zunzum, a pergunta medonha. Náusea, sono. Onde estava o cinturão? Dormir muito, atrás de caixões, livre do martírio.
Havia uma neblina, e não percebi direito os movimentos de meu pai. Não o vi aproximar-se do torno e pegar o chicote. A mão cabeluda prendeu-me, arrastou-me para o meio da sala, a folha de couro fustigou-me as costas. Uivos, alarido inútil, estertor. Já então eu devia saber que gogos e adulações exasperavam o algoz. Nenhum socorro. José Baía, meu amigo, era um pobre-diabo.
Achava-me num deserto. A casa escura, triste; as pessoas tristes. Penso com horror nesse ermo, recordo-me de cemitérios e de ruínas mal-assombradas. Cerravam-se as portas e as janelas, do teto negro pendiam teias de aranha. Nos quartos lúgubres minha irmãzinha engatinhava, começava a aprendizagem dolorosa.
Junto de mim, um homem furioso, segurando-me um braço, açoitando-me. Talvez as vergastadas não fossem muito fortes: comparadas ao que senti depois, quando me ensinaram a carta de A B C, valiam pouco. Certamente o meu choro, os saltos, as tentativas para rodopiar na sala como carrapeta eram menos um sinal de dor que a explosão do medo reprimido. Estivera sem bulir, quase sem respirar. Agora esvaziava os pulmões, movia-me num desespero.
O suplício durou bastante, mas, por muito prolongado que tenha sido, não igualava a mortificação da fase preparatória: o olho duro a magnetizar-me, os gestos ameaçadores, a voz rouca a mastigar uma interrogação incompreensível.
Solto, fui enroscar-me perto dos caixões, coçar as pisaduras, engolir soluços, gemer baixinho e embalar-me com os gemidos. Antes de adormecer, cansado, vi meu pai dirigir-se à rede, afastar as varandas, sentar-se e logo se levantar, agarrando uma tira de sola, o maldito cinturão, a que desprendera a fivela quando se deitara. Resmungou e entrou a passear agitado. Tive a impressão de que ia falar-me: baixou a cabeça, a cara enrugada serenou, os olhos esmoreceram, procuraram o refúgio onde me abatia, aniquilado.
Pareceu-me que a figura imponente minguava – e a minha desgraça diminuiu. Se meu pai se tivesse chegado a mim, eu o teria recebido sem o arrepio que a presença dele sempre me deu. Não se aproximou: conservou-se longe, rondando, inquieto. Depois se afastou.
Sozinho, vi-o de novo cruel e forte, soprando, espumando. E ali permaneci, miúdo, insignificante, tão insignificante e miúdo como as aranhas que trabalhavam na telha negra.
Foi esse o primeiro contato que tive com a justiça.
(RAMOS, Graciliano. Um Cinturão. In: Os Cem Melhores Contos Brasileiros do Século. Org. MORICONI, Ítalo. Rio de Janeiro: OBJETIVA, 2000, p.144-146)
ESPECIAL MOREIRA CAMPOS
A CARTA
Moreira Campos

Ele está vindo à Capital duas vezes por mês para prestar contas das obras da empresa. Traz notícias, o pedido de encomenda ou carta do amigo para noiva. Estudaram juntos no colégio e ocupam agora o mesmo quarto na pensão. Buzina, aquele som de buzina já conhecido e esperado, em frente ao portão da noiva do amigo. Ela dá toque rápido aos cabelos diante do espelho, aligeira os passos, cintura reduzidas, pernas bem-feitas. Conversa com ele debruçada na porta do automóvel, protegendo o decote na alvura da pele. A mãe dela às vezes aparece para noticias do futuro genro, já quase um filho, o casamento marcado para dezembro. Ele desce do automóvel para a xícara de café em pé na sala. Bate o cigarro contra a uma polida, e a mão longa (o anel de engenheiro) protege com elegância a chama do isqueiro.

As notícias que traz do outro são quase sempre as mesmas. Ótimas de saúde. Continua a trabalhar muito no banco. O extraordinário aos sábados. Por último, a notícia boa da promoção que teve. Ela chega à conclusão, rindo, de que o casamento poderá ser apressado. A velha ri, e a filha também, girando o dedo a aliança do noivado.

Ao retornar na segunda-feira pela manhã novamente buzina em frente à casa, para notícia dela ou carta, encomenda que tenha. Ela já o espera. Talvez inquieta, porque volta a olhar pela janela do quarto, afastando a cortina. De passagem ajeita na penteadeira, sem necessidade, o vaporizador de água-de-colônia ou estala os dedos. Anda nervosa. Aborrece-se com a mãe. A velha tem mania de mandar pacotinhos de doce para o futuro genro. Porque era aniversário dele, aquele bolo difícil e ridículo, que o moço teve que ajeitar com muito cuidado no porta-malas, limpando depois os dedos no lenço de que se envolva o perfume.
Zanga-se:

- Acho isso absurdo!
A mãe se aborrece também. Entende que não há abuso nenhum, se os dois são amigos, e o moço sempre tão atencioso:
- Absurda é você!
Numa dessas viagens o amigo acompanhou. Quando ela viu o noivo dentro do carro, surpreendeu-se:
- Ah, você?
Ele desceu com a pasta na mão. Beijou-a no rosto. Passou-lhe o braço sobre os ombros e a estreitou. O outro tinha pressa de chegar em casa. A mãe fica sempre aflita, pensando em desastre.
- Tchau.
- Tchau.

Da última vez que parou o carro ali, disse-lhe que trouxera carta do noivo. Esticou-se para apanhá-la no porta-luvas. Ela pousou-lhe a mão no braço com uma pergunta que o desviou do propósito. Conversava com a graça de sempre. Aquele jeito delicioso de arranjar os cabelos atrás da orelha. Ria. Movimentava-se na calçada sob a luz do poste. Quis descansar o corpo contra o carro. Ele lhe disse que poderia sujar o vestido por causa da poeira, e voltou à elegância do cigarro e do isqueiro. Ela indagava se aquelas viagens não o cansavam. Dizia que não. A estrada era boa, asfaltada, e tinha como companhia os próprios pensamentos. Ela quis saber que pensamentos eram esses.

- Ah, bem! Isso é mistério.
Riam muito. Despediram-se.

Quando ele chegou em casa e buzinou para que a empregada abrisse o portão, lembrou-se de que não lhe entregara a carta, nem ela a reclamara. Teve um gesto de contrariedade: bateu o punho contra mão. A mãe, que vinha sempre ao encontro, indagou:
- Alguma preocupação, meu filho?
- Não, não. Nada.


PROFANAÇÃO
A cidade repousava na paz dormente da tarde. Redemoinhos. Carneiros que ruminavam à sombra da igreja. Outros animais pastavam na praça principal, que o mato ia farto naquele fim de águas. De repente, o relincho do jumento cortou o espaço, vibrante, sincopado, sacudindo concentrações. Jumento só relincha em hora certa. À larga sombra do oitão na casa da esquina, Seu Manduca, farmacêutico, concluiu o lance no tabuleiro do gamão e consultou o relógio: vinte para as cinco. Inesperado! Um erro qualquer de cálculo. Novo relincho, houve tropel de cascos. Já o jumento se desembainhara: lança em riste, reluzente, sugestão de um bacamarte boca-de-sino. O beiço superior dobrado, em cheiro de sexo ou de cio, um fauno. A jumenta, nova, um mimo de ancas, talvez ainda intocada, atirou-lhe logo uns dois pares de coices na queixada, de que ele se livrava com dignidade e firmeza. Insistiu em mordê-la no pescoço. Novos coices, toda uma beleza de mocidade. Qualquer coisa, pela própria violência e rápidas entregas e negaças, a lembrar a festa necessária do sexo. A arma poderosa erguia-se lenta contra o peito do próprio jumento, como que se acamando, em pancadas repetidas, mola, alavanca para grandes pesos. Perseguia a fêmea, tentou cavalgá-la, escorregou. D. Esmerina, da janela de casa, a vista curta, apertava as pálpebras, num esforço de verificação. Pressentiu coisas. Mandou que a neta entrasse, menina de doze anos. Sinha Terta parou no meio da praça, equilibrando na cabeça a trouxa de roupa, seduzida, esquecida de tudo. No bilhar de Duca, os homens abandonaram o jogo e, do alto da calçada, bateram palmas:
– Eita, cabra macho!
Mais coices. A jumenta apressava o passo em trote gracioso, e o fauno atrás. Ela entrou por uma das portas laterais da igreja, e ele também, o beiço superior mais dobrado que nunca. Quebraram bancos, o velho confessionário foi deslocado. Alexandre Sacristão, que espanava o altar e os santos, ficou com o espanador parado no ar. Padre Rolim tangia os brutos com a batina (porque esta estória é antiga):
– Xô, demônios!
Tudo se consumou na sacristia, perto da grande mesa coberta com a toalha de gorgorão, onde aos domingos se realizavam as conferências da Sociedade São Vicente de Paulo e se pagava o óbolo.
A beata Inacinha assistira à cena por trás da cortina, perplexa e hipnotizada. Seguira detalhes: a penetração profunda, que lhe dera estremecimentos, a contração da fêmea, os movimentos rápidos. A própria Inacinha sentira um dilaceramento íntimo, como se sangrasse, desejo também de entrega:
– Oh!
Todos siderados: Padre Rolim, Inacinha, Alexandre Sacristão, as outras beatas que chegavam. Padre Rolim se recompôs logo e, afinal, tangeu os dois. Já muitos curiosos no oitão da igreja, um deles vindo do bilhar e ainda esfregando o giz na ponteira do taco. Padre Rolim insistia:
– Absurdo!
Virou-se para Alexandre Sacristão.
– De quem é esse jumento?
Alexandre não sabia. A beata Inacinha conhecia o dono da jumenta:
– É Seu Dedé. Lá da beira do rio.
Padre Rolim, desabotoado, abanava-se com a gola da própria batina:
– O que está faltando é um homem na Prefeitura. Irresponsáveis! Um bando de animais soltos!
Mais curiosos que chegavam. Por fim, foram-se afastando. Alexandre Sacristão veio com o chumaço de estopa e o balde de água para a limpeza do piso da sacristia, onde restava a grande sobra de sêmen e de onde subia um cheiro de sexo, que dilatava as narinas, as de Inacinha ainda mais inflamadas. Padre Rolim decretou que era profanação. Não que fosse preciso interditar a igreja, cerrar portas. Mas pelo menos benzer a sacristia. Apanhou o hissope, aspergiu água benta, disse orações, acompanhado pelas beatas e por Alexandre Sacristão, que terminou por repor no local a grande mesa com toalha de gorgorão, que também fora deslocada. A notícia correu a cidade: Padre Rolim dissera que tinha havido profanação. Benzera a sacristia. Na porta de casa, Seu Apolinário, lido e surdo, levava a mão em concha à orelha cabeluda, com certa ironia.
– Tinha havido o quê?
– Profanação.
– Ah, sim.
A beata Inacinha sentia agora dificuldade de concentrar-se nas orações. A imagem em tanga de São Sebastião no oratório de casa, as chagas, as setas profundas, o sangue, tudo se confundia com a penetração enérgica, dilacerante, quente, morna. Um verdadeiro demônio, como dissera Padre Rolim, até pelo retesado das patas, quase em pé, os cascos, aquele espeto enorme. Inacinha voltava às contas do terço. Na manhã do outro dia, os soldados e os presos de confiança na calçada da cadeia, divertidos, tentavam identificar o jumento, que pastava perto, junto à cerca de arame farpado, de mistura com outros animais. Alguém o apontou. Lá estava ele: moço, inteiro, forte no sopro das narinas. Tosava o mato e erguia a cabeça, altivo, enquanto o rabo tangia varejeiras. Seu Dedé, lá da beira do rio, já viera recolher a jumenta. A cidade voltou à tranqüilidade de sempre: à tarde, os carneiros ruminavam à sombra da igreja.
(Do livro A Grande Mosca no Copo de Leite (1985), reunido a outros em Obra Completa: Contos II, São Paulo, Editora Maltese, 1996)
Dizem que os cães veem coisas, de Moreira Campos -
Dizem que os cães veem coisas

Moreira Campos

Ela chegou diáfana, transparente, no vestido branco que lhe descia até os pés calçados pelas ricas sandálias de pluma. Ninguém lhe ouviu os passos. Sentou-se à beira da grande piscina, cruzando as pernas longas. Chegou antiquíssima, atual e eterna, com a sua cara de máscara. Moldada em gesso? Apenas uma presença, porque pousou como uma sombra. Mas por um fragmento de tempo, um quase nada, reinou entre todos um silêncio largo, que se estendeu pelo vasto terreno murado da mansão ensombrada pelas árvores, dominou a enorme piscina e emudeceu as próprias crianças pajeadas pelas babás de aventais bordados, e vejam que as crianças são indóceis.
              Um presságio.
              Fragmento de tempo apenas, porque o homem gordo, de ventre imenso, saltou dentro da piscina com o copo de uísque na mão. Espadanou água por todos os lados, a piscina transbordou. Muitos se molharam, outros saltaram da cadeira de lona.
              - Bruto! – disse alguém íntimo, sem que ele se aborrecesse, bêbado.
              A onda de água despejou-se sobre Ela, que não se moveu: era trespassável e transparente. Floco de névoa pronto a esvoaçar. Permaneceu parada, a cara imóvel, nenhum ricto. Apenas parecia consultar no pulso um relógio invisível, para marcar o tempo. O homem de ventre enorme já estava à beira da piscina, gotejante e trôpego, para uma nova dose de uísque, os dedos graúdos catando no balde os cubos de gelo. Mulheres seminuas, o cordão do biquíni, as nádegas reluzentes de sol e gotas d’água. As rodas, as conversas, os garçons que circulavam, as bandejas de salgadinhos.
              Uns óculos escuros sofisticados no sutiã mínimo:
              - Por favor.
              O garçom atendia, solicito, perdendo os olhos ávidos nos seios mal contidos, oferecidos e inatingíveis.
              - Obrigada.
              O garçom mantinha a dignidade, ereto. A menina chegou e segurou a mãe pelo queixo:
              - Mãe-ê, quero uma coca-cola.
              A mãe não lhe dava atenção em flerte com o recente campeão de vôlei, uma estrutura de tórax (a mãe da menina contrariava-se apenas com o tufo de pêlos que ele tinha no peito, quase imoral). A menina impacientava-se:
              - Mãe-ê, uma coca-cola.
              - Deixa de ser chata!
              O campeão levantou-se para apanhar o refrigerante. Em roda mais distante conversavam os homens graves: a última medida do governo, a crise econômica.
              - O país vai à bancarrota.
              - Vai o quê?
              - A bancarrota.
              - Fazia tempo que eu não ouvia essa palavra.
              - Mas vai.
              Aceitava-se a bancarrota sem muita convicção. Na grande varanda, as senhoras grisalhas e indesnudáveis, pulseiras tilintantes na flacidez dos braços, discutiam os novos valores morais e comentavam o recente desquite.
              - A menina dela não tem um ano de casada.
              - É a segunda que se separa.
              - Como?
              - A segunda.
              Aniversário da dona da mansão, que se acompanhava ao violão com graça, aplaudida pelos que estavam em volta. O garçom (ou maitre, porque era solene) curvou-se ao seu ouvido. Ela se livrou do violão, levantou-se e bateu palmas chamando todos para o almoço à americana, as mesas sob as árvores. Cada um apanhou o seu prato, formaram-se as filas, o homem gentil cedeu lugar a umas nádegas rijas, cortadas sempre pelo cordão do biquíni:
              - Faz favor.
              - Obrigada.
              Os cães de raça latiam e uivavam desesperadamente nos canis (e dizem que os cães veem coisas). Foi preciso que o tratador viesse acalmá-los, embora eles rodassem sobre si mesmos e rosnassem. A distância, a piscina quase olímpica, agora deserta: toalhas esquecidas. O vidro de bronzeador, o cinzeiro sobre a mesinha cheio de pontas de cigarro marcadas de batom.
              As filas. Alguém tangeu o gato que lutava com um pedaço de osso. Lenita fez o prato do marido, preparou também o seu. Mordia a fatia de peru com farofa, quando se lembrou do filho:
              - Cadê o Netinho?
              Certa angústia na voz. Chamou o marido, gritou pela babá, que se distraía com as outras na varanda. Olhos espantados e repentino silêncio talvez maior de qualquer outro. Refeições suspensas, uma senhora mantinha no ar o garfo cheio. Tentavam segurar Lenita. Ela se desvencilhava:
              - Cadê o Netinho? Cadê?
              As águas da grande piscina eram tranquilas, apenas levemente franjadas pelo vento. Boiava sobre elas uma carteira de cigarros vazia. Mas a moça que se aproximava parecia divisar um corpo no fundo, preso à escada. Voltaram a afastar Lenita, o marido a envolveu nos braços possantes, talvez procurando refúgio também. O campeão de vôlei atirou-se à piscina e veio à tona sacudindo com a cabeça os cabelos longos: trazia sob o braço um corpo inerme, flácido, de apenas quatro anos e de cabelos louros e gotejantes.
              O médico novo, de calção, tentou a respiração artificial, e boca-a-boca (os lábios de Netinho estavam arroxeados), e levantou-se sem palavras e sem olhar para ninguém. Lenita soltou-se e agarrou-se ao filho:
              - Acorde, acorde! Pelo amor de Deus, acorde?
              Conseguiram afastá-la mais de uma vez, quase desmaiou. A amiga limpava-lhe com os dedos a sobra de farofa que se grudava ao seu rosto. Os cães de raça voltavam a latir desesperadamente, e dizem que os cães veem coisas.
              Lenita ficou para sempre com a sensação do corpo inerte e mole entre os braços. Uma marca, uma presença, que procurava desfazer com as mãos. Cabelos louros e gotejantes. Às vezes, ela despertava na noite:
              - Acorde, acorde!
              A presença também daquele instante de silencio que pesara sobre a piscina. Um pressentimento apenas? Precisamente o momento em que Ela chegara, transparente e invisível, e se a senhora à beira da piscina, cruzando as pernas longas, antiquíssima, atual e eterna.
_____
Fonte: CAMPOS, José Maria Moreira. Dizem que os cães veem coisas. Fortaleza: Edições UFC, 1987.


SEMÂNTICA

·       PALAVRAS DENOTATIVAS
Série de palavras que se assemelham ao advérbio. A NGB considera-as apenas como palavras denotativas, não pertencendo a nenhuma das 10 classes gramaticais.
Classificam-se em função da idéia que expressam:

Adição - ainda, além disso etc. (Comeu tudo e ainda queria mais)
Afastamento - embora (Foi embora daqui)
Afetividade - ainda bem, felizmente, infelizmente (Ainda bem que passei de ano)
Aproximação - quase, lá por, bem, uns, cerca de, por volta de etc. (É quase 1h a pé)
Designação - eis (Eis nosso carro novo)
Exclusão - apesar, somente, só, salvo, unicamente, exclusive, exceto, senão, sequer, apenas etc. (Todos saíram, menos ela / Não me descontou sequer um real)
Explicação - isto é, por exemplo, a saber etc. (Li vários livros, a saber, os clássicos)
Inclusão - até, ainda, além disso, também, inclusive etc. (Eu também vou / Falta tudo, até água)
Limitação - só, somente, unicamente, apenas etc. (Apenas um me respondeu / Só ele veio à festa)
Realce - é que, cá, lá, não, mas, é porque etc. (E você lá sabe essa questão?)
Retificação - aliás, isto é, ou melhor, ou antes etc. (Somos três, ou melhor, quatro)
Situação - então, mas, se, agora, afinal etc. (Afinal, quem perguntaria a ele?)

Fonte: www.graudez.com.br

·       SINÔNIMOS / ANTÔNIMOS

SINONÍMIA E ANTONÍMIA
Sinonímia é o fenômeno em que palavras diferentes apresentam o mesmo significado (ou bastante próximos).

Exemplos:

Casa - moradia, lar, teto.
Rosto - face, semblante, cara.
Zelo - cuidado, carinho.

Antonímia é o fato semântico em que as palavras apresentam significados contrários.


Exemplos:

Economizar - gastar.
Largo - estreito.
Riqueza - pobreza.



·       PARÔNIMOS / HOMÔNIMOS
HOMONÍMIA E PARONÍMIA
Homonímia é a identidade fonética e/ou gráfica de palavras com significados diferentes.

Homónimos homófonos (homófonas heterográficas):

São iguais na pronúncia, mas têm grafias diferentes. Exemplos:

concerto (sessão musical) — conserto (reparo);
cela (pequeno quarto) — sela (petrecho de montaria; verbo selar);
censo (recenseamento) — senso (juízo);
apreçar (marcar o preço) — apressar (acelerar);
acender (iluminar) — ascender (subir)
cessão (ato de ceder) — sessão (tempo de uma reunião ou espetáculo)
seção (divisão, repartição);
cerrar (fechar) — serrar (cortar);
paço (palácio) — passo (andar).

Homónimos homógrafos (homógrafas heterofônicas):

São iguais na grafia, mas diferentes na pronúncia. Exemplos:

colher (substantivo)— colher (verbo)
gelo (substantivo)— gelo (verbo);
começo [substantivo) — começo (verbo);
almoço (substantivo) — almoço (verbo);
molho (substantivo) — molho (verbo);
forre (substantivo) — forre (verbo);
jogo (substantivo) — jogo (verbo).

Homônimos homógrafos e homófonos (homógrafas homófonas/homônimas perfeitas):

São iguais na escrita e na pronúncia. Exemplos:

livre (adjetivo) — livre (verbo livrar);
são (adjetivo) — são (verbo ser) — são (santo);
serra (substantivo) — serra (verbo).
Canto (verbo) - canto (subst.).
Verão (verbo) - verão (subst.).
Morro (verbo) - morro (subst.).

Parônimas são as palavras que apresentam pequenas diferenças na escrita e na pronúncia, e também têm significados diferentes.

Exemplos:

comprimento (extensão) / cumprimento (saudação)
coro (conjunto de vozes) / couro (pêlo de animal)
deferir (conceder) / diferir (adiar)
descrição (ato de descrever) / discrição (reserva de atitudes)
emergir (vir à tona) / imergir (mergulhar)
eminente (ilustre) / iminente (próximo)
flagrante (evidente) / fragrante (perfumado)
fluir (correr em estado fluido) / fruir (desfrutar)
inflação (desvalorização da moeda) / infração (violação da lei)
infringir [transgredir) / infligir (aplicar)
ratificar (confirmar) / retificar (corrigir)
tráfego (trânsito de veículos) / tráfico ( comércio desonesto)
·       HIPÔNIMOS / HIPERÔNIMOS

Uma relação de significado muito importante para a construção de textos é a que se estabelece entre hiperônimos e hipônimos. Hiperônimo é uma palavra cujo significado é mais abrangente do que o de seu hipônimo. É o que acontece, por exemplo, com as palavras veículo e carro - veículo é hiperônimo de carro porque em seu significado está contido o significado de carro ao lado do significado de outras palavras como carroça, trem, caminhão. Carro é um hipônimo de veículo. A relação entre hipônimos e hiperônimos é muito útil para a retomada de elementos textuais:

Há muito tempo planejavam derrubar aquele ipê. A velha árvore parecia perturbar os administradores municipais.

Proteja o lobo-guará. É um animal que corre risco de extinção.

São hiperônimos importantes palavras de sentido genérico como coisa, fato, acontecimento, fenómeno, pessoa, ser, bastante frequentes nos mecanismos de retomada de elementos textuais. Seu uso, entretanto, deve ser limitado a essa função, pois elas carecem da precisão característica dos hipônimos:

A ampliação da pobreza compromete a estabilidade social do país e é um fato que não pode ser omitido em qualquer proposta séria de planejamento governamental.

A troca de insultos e sopapos entre os deputados ganhou destaque nos jornais. O acontecimento foi recriminado em vários editoriais.

l. Complete as frases seguintes com um hiperônimo ou com uma palavra de sentido genérico.

1. O dono da fábrica negava-se a indenizar as famílias dos operários mortos com a explosão de uma caldeira' Esse ________________ revoltou a população da cidade.
2. Vários automóveis foram arrastados pela correnteza. Alguns _______________ foram encontrados muito longe do local onde haviam sido deixados por seus donos.
3. Cuidado com as bactérias com que você está lidando no laboratório. São ________________ muitas vezes perigosos.
4. Grupos de refugiados chegam diariamente do sertão castigado pela seca. São ______________ famintas, maltrapilhas, destruídas.
·       NÍVEIS DE LINGUAGEM

          
           Como já deve ter ouvido dizer, existem basicamente dois níveis de linguagem: a linguagem formal e a linguagem coloquial.
           Entendemos por linguagem formal a língua culta, que se caracteriza pela correção gramatical, ausência de gírias ou termos regionais, riqueza de vocabulário e frases bem elaboradas.
           A linguagem coloquial, por sua vez, é aquela que as pessoas utilizam no dia a dia, conversando informalmente com amigos, parentes e colegas. É a linguagem descontraída, que dispensa formalidades e aceita gírias, diminutivos afetivos e palavras de cunho regional.
           A narração, pode comportar os dois níveis de linguagem. Recomendamos  que utilize a linguagem formal nas frases do narrador e a linguagem coloquial no registro da fala de algumas personagens. Expliquemos melhor: se  registrar, no discurso direto, a fala de um alentejano, poderá utilizar palavras ou expressões típicas do linguajar da sua região, para dar um cunho de veracidade à composição; se a conversa estiver a ser travada entre dois adolescentes, cabe a introdução de algumas gírias. Dessa forma, a redação torna-se mais convincente, na medida em que cada personagem é apresentada com o registro de fala que normalmente o caracteriza.

           Isso não significa, porém, que o discurso direto deva sempre estar relacionado com a linguagem coloquial. Pelo contrário, tratando-se de personagens cultos (ou mesmo razoavelmente instruídos), deve utilizar a linguagem formal no registro das suas falas.

OBSERVAÇÃO:
           Esteja atento às solicitações que possam ser feitas nas redações que vier a realizar. Caso se peça para elaborar uma narração utilizando a linguagem formal, este tipo de linguagem deverá aparecer em toda a composição, independentemente de quem sejam as personagens envolvidas nos trechos do discurso direto.
Veja, nestes pequenos trechos a seguir, como os dois tipos de linguagem podem aparecer no discurso direto. Lembre-se de que o narrador vale-se sempre da linguagem formal.



Interpretação Textual
Professor Victor
Atividade de Classe 1º Ano Médio

Capitais dos Estados
Localização
geográfica
Altitude ao
nível do mar
(m)
População
2000
Distância
rodoviária de
Brasília (km)
Capital-Estado
Latitude Sul
Longitude Oeste
de Greenwitch
 Aracaju - Sergipe
10º54´40"
37º04´18"
4,9
461.534
1.748
 Belém - Pará
01º27´21"
48º30´16"
10,8
1.280.614
2.120
 Belo Horizonte - Minas Gerais
19º55´15"
43º56´16"
858,3
2.238.526
716
 Boa Vista - Roraima
02º49´11"N
60º40´24"
85,1
324.397
4.275
 Brasília - Distrito Federal
15º46´47"
47º55´47"
1.171,8
2.051.146
0
 Campo Grande - Mato Grosso do Sul
20º26´34"
54º38´47"
532,1
663.621
1.134
 Cuiabá - Mato Grosso
15º35´46"
56º05´58"
176.7
483.346
1.133
 Curitiba - Paraná
25º25´40"
49º16´23"
934,6
1.587.315
1.386
 Florianópolis - Santa Catarina
27º35´48"
48º32´57"
22,7
342.315
1.673
 Fortaleza - Ceará
03º43´02"
38º32´35"
27,0
2.141.402
2.285
 Goiânia - Goiás
16º40´43"
49º15´14"
749,5
1.093.007
209
 João Pessoa - Paraíba
07 06'54"
34 51'47"
47,4
597.934
2.230
 Macapá - Amapá
00º02´20"N
51º03´59"
16,5
283.308
-
 Maceió - Alagoas
09º39´57"
35º44´07"
16,6
797.759
2.013
 Manaus - Amazonas
03º06´07"
60º01´30"
92,9
1.405.835
3.490
 Natal - Rio Grande do Norte
05º47´42"
35º12´34"
30,9
712.317
2.507
 Palmas - Tocantins
10º12´46"
48º21´37"
230,0
137.355
920
 Porto Alegre - Rio Grande do Sul
30º01´59"
51º13´48"
7,3
1.360.590
2.027
 Porto Velho - Rondônia
08º45´43"
63º54´14"
85,2
334.661
2.589
 Recife - Pernambuco
08º03´14"
34º52´52"
4,5
1.422.905
2.220
 Rio Branco - Acre
09º58´29"
67º48´36"
152,5
253.059
3.123
 Rio de Janeiro - Rio de Janeiro
22º54´10"
43º12´27"
2,3
587.904
1.148
 Salvador - Bahia
12º58´16"
38º30´39"
8,3
2.443.107
1.531
 São Luís - Maranhão
02º31´47"
44º18´10"
24,4
870.028
2.157
 São Paulo - São Paulo
23º32´51"
46º38´10"
760,2
10.434.252
1.015
 Teresina - Piauí
05º05´21"
42º48´07"
72,7
715.360
1.789
 Vitória - Espírito Santo
20º19´10"
40º20´16"
3,3
292.304
1.238
Fonte:IBGE - Censo 2000.

1)Escolha cinco estados da região Nordeste e relacione com a respectiva capital.
2)Escolha dois estados da região Norte e relacione com a respectiva capital.
3)Qual a capital mais populosa? E a menos populosa?
4)Qual capital tem menor altitude em relação ao nível do mar?
5) Que estado tem maior altitude em relação ao nível do mar?



Constituição de 1988
Contexto histórico e político

Vitor Amorim de Angelo*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação

"Essa será a Constituição cidadã, porque recuperará como cidadãos milhões de brasileiros, vítimas da pior das discriminações: a miséria [...] O povo nos mandou aqui para fazê-la, não para ter medo. Viva a Constituição de 1988! Viva a vida que ela vai defender e semear!". Foram com essas palavras que o deputado Ulysses Guimarães encerrou os trabalhos da Assembleia Nacional Constituinte, da qual era presidente, em 27 de julho de 1988. Estava, assim, aprovada a nossa mais nova Carta Magna.
Há, no entanto, uma controvérsia quanto à Constituição de 1988: para alguns, ela seria nossa sétima constituição; para outros, seria, na verdade, a oitava. Durante todo o Império, o Brasil teve apenas uma constituição: a de 1824. Já sob a República, tivemos as de 1891, 1934, 1937, 1946 e 1967. Em 1969, com o falecimento do presidente Artur da Costa e Silva, assumiu a Presidência uma Junta Militar.
Naquele mesmo ano, a Junta promulgou uma emenda constitucional - a chamada Emenda n°.1 - que instituía a Lei de Segurança Nacional, restringindo as liberdades civis, e a Lei de Imprensa, regulamentando a censura oficial. Pelas profundas modificações que trouxe, a Emenda n°.1 é considerada por alguns pesquisadores como sendo um novo texto constitucional. Se aceitarmos essa interpretação, podemos dizer que a Carta Magna de 1988 é mesmo a oitava Constituição brasileira - a sétima em pouco mais de um século de República.

Qual tipo de Assembleia Constituinte?

Em 1985, cumprindo uma das promessas de campanha da Aliança Democrática, chapa pela qual havia sido eleito, o presidente José Sarney deu início aos debates sobre a convocação da Assembléia Nacional Constituinte, cuja função seria a de elaborar e aprovar o novo texto constitucional.

A principal divergência, na época, deu-se entre os setores que queriam uma eleição exclusiva para escolher os representantes na Assembleia, de um lado, e os que queriam transformar o Congresso Nacional numa Constituinte, de outro.
Os que defendiam a convocação de uma Constituinte exclusiva, desvinculada do Congresso Nacional, argumentavam que os responsáveis pela elaboração da nova Carta Magna teriam mais legitimidade e independência para realizar seus trabalhos se fossem escolhidos estritamente para essa função.
Além do mais, alegavam que transformar os deputados e senadores em parlamentares constituintes dificultaria qualquer mudança substancial, uma vez que os eleitos estariam mais comprometidos com seus próprios mandatos do que com qualquer transformação profunda da estrutura política, econômica e social do país.
Esses setores, contudo, foram derrotados pelo governo, que conseguiu aprovar a transformação do Congresso Nacional a ser eleito em 1986 em Assembleia Constituinte. Aprovada a Carta Magna, os parlamentares voltariam às suas funções normais até o encerramento da legislatura, em 1990, quando seriam realizadas novas eleições.

O funcionamento da Constituinte

A Assembleia Nacional Constituinte, composta por 559 membros, sendo 487 deputados e 72 senadores, foi instalada oficialmente no dia 01 de janeiro de 1987. Esse número é menor que os atuais 513 deputados e 81 senadores porque, na época, o Brasil tinha apenas 22 estados mais o Distrito Federal. Amapá, Roraima e Tocantins foram transformados em estados apenas em 1988.

Ao longo dos trabalhos, a Assembleia Constituinte esteve aberta a propostas de emendas populares. Para tanto, bastaria que as sugestões fossem encaminhadas por intermédio de associações civis e subscritas por, no mínimo, 30 mil assinaturas que atestassem o apoio popular à proposta. Até o encerramento dos trabalhos, a Assembleia Constituinte recebeu mais de 120 propostas de emendas constitucionais nas mais diversas áreas, reunindo cerca de 12 milhões de assinaturas.

Politicamente, o grupo mais forte dentro da Assembleia Constituinte foi o Centro Democrático, popularmente conhecido como Centrão, base de apoio do governo Sarney formada por parlamentares do PMDB, PFL, PDS, PTB e algumas legendas menores.

O Centrão, que representava setores sociais mais conservadores, sendo maioria na Constituinte, conseguiu decidir votações importantes, como a questão da reforma agrária, que manteve a distribuição desigual da terra, e o mandato presidencial, estendido para cinco anos.

1)     De quem são as palavras a seguir : "Essa será a Constituição cidadã, porque recuperará como cidadãos milhões de brasileiros, vítimas da pior das discriminações: a miséria [...] O povo nos mandou aqui para fazê-la, não para ter medo. Viva a Constituição de 1988! Viva a vida que ela vai defender e semear!"?
2)     Quem era o presidente do Brasil em 1985? Transcreva do texto uma passagem que comprove sua resposta.
3)     Quem era o presidente da Assembleia Nacional Constituinte?
4)     Por quantos membros era composta a Assembleia Nacional Constituinte? E em que ano ela foi instalada oficialmente?
5)     Politicamente, qual era o grupo mais forte dentro da Assembleia Constituinte? Como esse grupo era popularmente conhecido?
6)     Qual grupo era a maioria na Constituinte? Quem esse grupo representava?
7)     Qual o tipo textual predominante do texto em questão?
8)     Qual o gênero textual do texto?
9)     Por que o texto em questão não poderia ser considerado um editorial?
10)  Faça uma breve síntese do texto. Seu texto deve apresentar a opinião do autor, bem como sua impressão, crítica ou favorável, do texto.
Exercícios

Observe a charge e responda as questões 01 e 02

1) Podemos interpretar da charge que:
a)é fácil a entrada de armas em delegacias
b)o delegado é o bandido
c)nada condiz com o contexto atual brasileiro
d)o chefe da quadrilha é o que está ligando(que não está preso)

2) Podemos, a partir da charge, dizer também que:
a)o Brasil não passa por problemas sociais
b)ela, a charge, está ligada somente a problemas políticos
c)a charge tem como tema principal, um assunto(problema) ligado a questões sociais
d)nenhuma das anteriores

Observe a charges e responda as questões 03, 04 e 05

3) As grande cidades apresentam dificuldades na questão de acessibilidade para ciclistas. A expressão “biker” significa, ao pé da letra, aquele que usa a bicicleta como meio de locomoção. Sobre a afirmação e sobre a charge, podemos dizer que:

a)o que está em cadeira de rodas é portador de deficiência
b)o que está em cadeira de rodas é ciclista
c)o que está com as mãos na cintura é agente de trânsito
d)o que está em cadeira de rodas é um político

4) A charge também nos mostra:

a)problemas relacionados ao meio ambiente
b)problemas relacionados ao trânsito
c)a falta de respeito que as pessoas têm para com os deficientes
d)nenhuma das anteriores

5) A expressão “biker” na charge está em negrito porque:

a)foi marcada aleatoriamente
b)marcada apenas para dar realce
c)erro de digitação
d)é uma expressão estrangeira

Veja a tirinha abaixo e responda a questão 11



6) O salário mínimo foi uma das grandes conquistas dos trabalhadores, com a implementação da CLT(Consolidação das Leis Trabalhistas). Sobre essa conquista podemos dizer que:

a)o salário mínimo vem oscilando, ora aumenta , ora diminui
b)além do salário mínimo, garantias como jornada máxima de trabalho e férias remuneradas também são previstas nessa Lei
c)a lei não é cumprida pelos governos
d)hoje em dia esta lei não vigora mais

Interpretação Textual
1º ano médio
Professor Victor



fonte: http://www.acharge.com.br/index.htm

1) A charge indica:

a)que todos exercem, de fato, a democracia
b)o Brasil é um país que permite que a população participe da sua política
c)que os partidos, muitas vezes, preocupam-se mais com interesses políticos do que com interesses coletivos
d)que todos nós somos conscientes de questões políticas no país
2) A charge também mostra:

a)que as camadas mais populares também se preocupam com a política nacional
b)que não adianta tentarmos mudar nada neste país
c)que o país é, definitivamente, corrupto e que não há como mudar isto
d)que os assuntos debatidos nela são arbitrários e sem lógica









* CURIOSIDADES

20 coisas que você deve saber em Português
Por Sabrina Vilarinho
1. “Há cerca de” tem sentido de tempo decorrido. Já “acerca de” significa “a respeito de”.
Saiba mais: http://www.brasilescola.com/gramatica/acerca-ou-ha-cercatampouco-ou-tao-pouco.htm

2. “À medida em que” não existe. Por isso, utilizamos: “à medida que” com significado de “à proporção que” ou “na medida em que” com os equivalentes: visto que, tendo em vista que. Saiba mais: http://www.mundoeducacao.com.br/gramatica/a-medida-que-ou-na-medida-que.htm

3. Ou você diz “alugam-se casas” ou “aluga-se casa”! Saiba mais: http://www.mundoeducacao.com.br/gramatica/alugamse-ou-alugase.htm

4. “Ao invés de” significa “ao contrário de” e “em vez de” significa “em lugar de”. Saiba mais: http://www.brasilescola.com/gramatica/ao-inves-inves-ou-vez-de.htm

5. O mandato de alguém é cassado. O animal é caçado! Saiba mais: http://www.brasilescola.com/gramatica/cacar-ou-cassar.htm

6. Senso é quando uma pesquisa é realizada; censo tem sentido de “juízo”. Saiba mais: http://www.mundoeducacao.com.br/gramatica/censo-senso.htm

7. Dia-a-dia e dia a dia não se diferenciam mais! Após o novo acordo, somente dia a dia permanece! Saiba mais: http://www.brasilescola.com/gramatica/diaadia-ou-dia-dia.htm

8. A expressão televisão a cores é errada! Dizemos: em cores. Saiba mais: http://www.mundoeducacao.com.br/gramatica/tv-cores-ou-tv-cores.htm

9. Emergir é vir à tona, imergir é mergulhar. Saiba mais: http://www.brasilescola.com/gramatica/emergir-ou-imergir.htm

10. As expressões adverbiais face a face, gota a gota, frente a frente e semelhantes não têm crase. Já as locuções à medida que, às vezes, à noite, possuem! Saiba mais: http://www.brasilescola.com/gramatica/crase.htm

11. Mal é o antônimo de bem e mau o de bom. Por isso, nas orações substitua pelos antônimos e decida qual usar. Saiba mais: http://www.mundoeducacao.com.br/gramatica/alguns-problemas-lingua-cultagrafia-uso-palavras-expressoes.htm

12. É errado dizer meio-dia e meio. Diz-se meio dia e meia (hora). Saiba mais: http://www.brasilescola.com/gramatica/meiodia-meio-ou-meiodia-meia.htm

13. Não diga: quando eu ver o Fulano, pois é errado! Pode parecer estranho, mas o certo é dizer: Quando eu vir o Fulano. Saiba mais: http://www.brasilescola.com/gramatica/ver-ou-vir.htm

14. Ratificar é reafirmar e retificar é corrigir. Saiba mais: http://www.brasilescola.com/buscar/ratificar+e+retificar?/

15. Sessão é a do cinema, diz respeito ao tempo de duração. Seção é a parte do todo, departamento. E cessão tem significado de ceder. Saiba mais: http://www.brasilescola.com/gramatica/sessao-cessao-ou-secao.htm

16. Taxar tem significado de colocar preço, por isso dizemos taxa de imposto. Tachar é acusar. Saiba mais: http://www.brasilescola.com/gramatica/tachar-ou-taxar.htm

17. Você pode dizer tanto: Ele foi um dos que deixaram saudades ou Ele foi um dos que deixou saudades. Saiba mais: http://www.mundoeducacao.com.br/gramatica/a-expressao-um-dos-que.htm

18. Viagem é substantivo e viajem é uma forma verbal. Saiba mais: http://www.brasilescola.com/buscar/viagem+ou+viajem?/

19. Diga: Para eu falar e não para mim falar. Neste contexto também temos: Isto é entre mim e ela e não entre eu e ela. Saiba mais: http://www.mundoeducacao.com.br/gramatica/para-eu-ou-para-mim.htm
http://www.brasilescola.com/gramatica/entre-eu-voce-ou-entre-mim-voce.htm

20. Diga: É proibido vender e É proibida a venda. Perceba que há o artigo “a” na segunda oração! Saiba mais: http://www.mundoeducacao.com.br/gramatica/proibido-ou-proibida.htm

Por que falar bem e ser cordial?
Por Sabrina Vilarinho

Você quer saber falar ao público e ser sociável? Leia este texto!

A expressão “falar bem” geralmente é usada para indicar alguém que sabe se sair bem no trato com as pessoas através da linguagem.

Você já dever ter ouvido: Nossa, como ele fala bem!

Portanto, sair-ser bem ao conversar com as pessoas tem relação mútua com o fato de ser cordial!

Observe:

a) Entra aí, a moça já vem te atender!
b) Entre, por favor, a moça já vai atendê-lo! Enquanto isso, fique à vontade!

Muitos colocam a culpa no uso inadequado da norma culta. Mas veja que não é só uma questão gramatical, aliás, mesmo que haja erros, se usada a cordialidade, estes últimos passam despercebidos!

Não justifico aqui as infrações contra o português erudito, mas faço observação quanto ao modo que usufruímos da língua quando nos comunicamos.

A comunicação depende de vários elementos: emissor, receptor, mensagem, canal, código e contexto. Portanto, se o emissor não consegue transmitir sua mensagem de maneira que o receptor entenda, então, de nada adiantará! Dessa forma, penso que todos prezam pelo entendimento no ato comunicativo.

E, tomando por base as orações citadas acima, quanto mais se é gentil, mais nos fazemos entendidos! Quanto mais se é afável ao falar, mais se é bem recebido:

a) A Letícia está? Ok, ligo depois!
b) Por favor, a Letícia está? Ok, tento ligar depois. Muito obrigada!

Com certeza, a mãe da Letícia receberá muito melhor outra ligação ou a visita da amiga “b” do que da amiga “a” da filha.

Outra situação é dos responsáveis por cobrar dinheiro de alguém:

a) O João está? Não, é só com ele! Depois eu ligo!

Ou então: O João está? Não, é porque ele não pagou a dívida dele aqui na loja X! Fala pra ele vir pagar, tá? “Brigado”!

b) Por favor, o João está? Poderia dizer a ele que a Fulana da loja X ligou? Obrigada pela gentileza e bom dia!

Ou então: Por favor, o João está? É a Fulana da loja X! Poderia dizer a ele que estamos o aguardando aqui na loja com formas especiais e imperdíveis de pagamento? Muito obrigada e boa tarde!

Qual dos recados acima você acha que: primeiro, será transmitido e segundo, bem recebido?

Então, falar bem é sim uma questão de cordialidade. Seja gentil ao tratar as pessoas e se você não está acostumado a usar expressões afáveis, tente começar e pratique:

- Muito obrigada;
- Obrigado;
- Ficaremos agradecidos;
- Por favor;
- Por gentileza;
- Faça-me a gentileza;
- Por obséquio;
- Tenha a bondade;
- etc.

Você verá que quem tem boa comunicação no trabalho, na escola, em casa ou qualquer lugar que seja, é o mais ouvido, é o mais obedecido, é o mais procurado, é o mais benquisto. E vimos que para nos comunicarmos bem e sermos entendidos, precisamos ser cordiais!

Então, não adianta a pessoa ser culta (falar bem) e não ser cordial e vice-versa!

Resumo
Por Tiago Dantas
Resumo é um tipo de texto onde são apresentadas as idéias principais de certo conteúdo. Quando algum leitor se depara com o resumo de um texto, ele espera encontrar ali, em poucas palavras, as idéias mais essenciais e relevantes do mesmo. Saber fazer um bom resumo é uma habilidade essencial, principalmente para estudantes. Muitos alunos costumam fazer resumos do conteúdo aprendido como forma de estudo para a prova.

Ao se fazer um resumo, o autor do mesmo não deve simplesmente jogar as palavras do conteúdo a ser resumido, mas sim, elaborar um texto com suas próprias palavra, sempre mantendo uma estruturação lógica das ideias. Vale ressaltar também que o texto deve, obrigatoriamente, ser breve. Assim, certos detalhes e dados secundários, como datas, por exemplo, devem ser deixados de lado.

Existem três tipos de resumos:
- Resumo Indicativo: Tem a função de apenas indicar os pontos principais de certo conteúdo. Ex: sinopse de filme.
- Resumo Informativo: Informa as características do texto. Ex: resumos de trabalhos científicos.
- Resenha: Consiste em tirar a ideia principal de um texto e a contextualizar com outros textos, autores e ideias sobre o tema em questão.

MATERIAL COMPLEMENTAR DE PORTUGUÊS (PARTE II)
EXERCÍCIOS DE ORTOGRAFIA - 1 ANO ENSINO MÉDIO
1.     Estão corretamente empregadas as palavras na frase:

a) Receba meus cumprimentos pelo seu aniversário.
b) Ele agiu com muita descrição.
c) O pião conseguiu o primeiro lugar na competição.
d) Ele cantou uma área belíssima.
e) Utilizamos as salas com exatidão.

2. Todas as alternativas são verdadeiras quanto ao emprego da inicial maiúscula, exceto:

a) Nos nomes dos meses quando estiverem nas datas.
b) No começo de período, verso ou alguma citação direta.
c) Nos substantivos próprios de qualquer espécie
d) Nos nomes de fatos históricos dos povos em geral.
e) Nos nomes de escolas de qualquer natureza.

3. Indique a única sequência em que todas as palavras estão grafadas corretamente:

a) fanatizar - analizar - frizar.
b) fanatisar - paralizar - frisar.
c) banalizar - analisar - paralisar.
d) realisar - analisar - paralizar.
e) utilizar - canalisar - vasamento.

4. A forma dual que apresenta o verbo grafado incorretamente é:

a) hidrólise - hidrolisar.
b) comércio - comercializar.
c) ironia - ironizar.
d) catequese - catequisar.
e) análise - analisar.

5. Quanto ao emprego de iniciais maiúsculas, assinale a alternativa em que não há erro de grafia:

a) A Baía de Guanabara é uma grande obra de arte da Natureza.
b) Na idade média, os povos da América do Sul não tinham laços de amizade com a Europa.
c) Diz um provérbio árabe: "a agulha veste os outros e vive nua."
d) "Chegam os magos do Oriente, com suas dádivas: ouro, incensos e mirra " (Manuel Bandeira).
e) A Avenida Afonso Pena, em Belo Horizonte, foi ornamentada na época de natal.

6. Marque a opção cm que todas as palavras estão grafadas corretamente:

a) enxotar - trouxa - chícara.
b) berinjela - jiló - gipe.
c) passos - discussão - arremesso.
d) certeza - empresa - defeza.
e) nervoso - desafio - atravez.

7. A alternativa que apresenta erro(s) de ortografia é:

a) O experto disse que fora óleo em excesso.
b) O assessor chegou à exaustão.
c) A fartura e a escassez são problemáticas.
d) Assintosamente apareceu enxarcado na sala.
e) Aceso o fogo, uma labareda ascendeu ao céu.

8. Assinale a opção cm que a palavra está incorretamente grafada:

a) duquesa.
b) magestade.
c) gorjeta.
d) francês.
e) estupidez.

9. Dos pares de palavras abaixo, aquele em que a segunda não se escreve com a mesma letra sublinhada na primeira é:

a) vez / reve___ar.
b) propôs / pu__ eram.
c) atrás / retra __ ado.
d) cafezinho/ blu __ inha.
e) esvaziar / e___ tender.

10. Indique o item em que todas as palavras devem ser preenchidas com x:

a) pran__a / en__er / __adrez.
b) fei__e / pi__ar / bre__a.
c) __utar / frou__o / mo__ila.
d) fle__a / en__arcar / li__ar.
e) me__erico / en__ame / bru__a.

11. Todas as palavras estão com a grafia correta, exceto:

a) dejeto.
b) ogeriza.
c) vadear.
d) iminente.
e) vadiar.

12. A alternativa que apresenta palavra grafada incorretamente é:

a) fixação - rendição - paralisação.
b) exceção - discussão - concessão.
c) seção - admissão - distensão.
d) presunção - compreensão - submissão.
e) cessão - cassação - excurção.

13. Assinale a alternativa em que todas as palavras estão grafadas corretamente:

a) analizar - economizar - civilizar.
b) receoso - prazeirosamente - silvícola.
c) tábua - previlégio - marquês.
d) pretencioso - hérnia - majestade.
e) flecha - jeito - ojeriza.

14. Assinale a alternativa em que todas as palavras estão grafadas corretamente:

a) atrasado - princesa - paralisia.
b) poleiro - pagem - descrição.
c) criação - disenteria - impecilho.
d) enxergar - passeiar - pesquisar.
e) batizar - sintetizar - sintonisar.

15. Assinale a alternativa em que todas as palavras estão grafadas corretamente:

a) tijela - oscilação - ascenção.
b) richa - bruxa - bucha.
c) berinjela - lage - majestade.
d) enxada - mixto - bexiga.
e) gasolina - vaso - esplêndido.

16. Marque a única palavra que se escreve sem o h:

a) omeopatia.
b) umidade.
c) umor.
d) erdeiro.
e) iena.

17. (CFS/95) Assinalar o par de palavras parônimas:

a) céu - seu
b) paço - passo
c) eminente - evidente
d) descrição - discrição

18. (CFS/95) Assinalar a alternativa em que todas as palavras devem ser escritas com "j".

a) __irau, __ibóia, __egue
b) gor__eio, privilé__io, pa__em
c) ma__estoso, __esto, __enipapo
d) here__e, tre__eito, berin__ela

19. (CFC/95) Assinalar a alternativa que preenche corretamente as lacunas do seguinte período: "Em _____ plenária, estudou-se a _____ de terras a _____ japoneses."

a) seção - cessão - emigrantes
b) cessão - sessão - imigrantes
c) sessão - secção - emigrantes
d) sessão - cessão - imigrantes

20. (CFC/95) Assinalar a alternativa que apresenta um erro de ortografia:

a) enxofre, exceção, ascensão
b) abóbada, asterisco, assunção
c) despender, previlégio, economizar
d) adivinhar, prazerosamente, beneficente

21. (CFC/95) Assinalar a alternativa que contém um erro de ortografia:

a) beleza, duquesa, francesa
b) estrupar, pretensioso, deslizar
c) esplêndido, meteorologia, hesitar
d) cabeleireiro, consciencioso, manteigueira

22. (CFC/96) Assinalar a alternativa correta quanto à grafia das palavras:

a) atraz - ele trás
b) atrás - ele traz
c) atrás - ele trás
d) atraz - ele traz

23. (CFS/96) Assinalar a palavra graficamente correta:

a) bandeija
b) mendingo
c) irrequieto
d) carangueijo

24. (CESD/97) Assinalar a alternativa que completa as lacunas da frase abaixo, na ordem em que aparecem. "O Brasil de hoje é diferente, _____ os ideais de uma sociedade _____ justa ainda permanecem".

a) mas - mas
b) mais - mas
c) mas - mais
d) mais - mais

25. (CESD/98) Cauda/rabo, calda/açúcar derretido para doce. São, portanto, palavras homônimas. Associe as duas colunas e assinale a alternativa com a seqüência correta.

1 - conserto ( ) valor pago
2 - concerto ( ) juízo claro
3 - censo ( ) reparo
4 - senso ( ) estatística
5 - taxa ( ) pequeno prego
6 - tacha ( ) apresentação musical

a) 5-4-1-3-6-2
b) 5-3-2-1-6-4
c) 4-2-6-1-3-5
d) 1-4-6-5-2-3

26. (CFC/98) Assinalar o par de palavras antônimas:

a) pavor - pânico
b) pânico - susto
c) dignidade - indecoro
d) dignidade - integridade

27. (CFS/97) O antônimo para a expressão "época de estiagem" é:

a) tempo quente
b) tempo de ventania
c) estação chuvosa
d) estação florida

28. (CFS/96) Quanto à sinonímia, associar a coluna da esquerda com a da direita e indicar a sequência correta.

1 - insigne ( ) ignorante
2 - extático ( ) saliente
3 - insipiente ( ) absorto
4 - proeminente ( ) notável

a) 2-4-3-1
b) 3-4-2-1
c) 4-3-1-2
d) 3-2-4-1

29. (ITA/SP) Em que caso todos os vocábulos são grafados com "x" ?

a) __ícara, __ávena, pi__e, be__iga
b) __enófobo, en__erido, en__erto, __epa
c) li__ar, ta__ativo, sinta__e, bro__e
d) ê__tase, e__torquir, __u__u, __ilrear

1 A / 2 A / 3 C / 4 D / 5 D / 6 C / 7 D / 8 B / 9 D / 10 E / 11 B / 12 E / 13 E / 14 A / 15 E / 16 B / 17 D / 18 A / 19 D / 20 C / 21 B / 22 B / 23 C / 24 C / 25 A / 26 C / 27 C / 28 B / 29 B

EXERCÍCIOS

Dezenas de exercícios de ortografia

Para as perguntas de 01 a 17:
Assinale a alternativa em que todos os vocábulos estejam grafados corretamente:
01)   Xou CH:
a)   xingar, xisto, enxaqueca
b)   mochila, flexa, mexilhão
c)   cachumba, mecha, enchurrada
d)   encharcado, echertado, enxotado

02)   Eou I:
a)   femenino, sequer, periquito
b)   impecilho, mimeógrafo, digladiar
c)   intimorato, discrição privilégio
d)   penico, despêndio , selvícola

03)   Sou Z:
a)   ananás, logaz, vorás, lilaz
b)   maciez, altivez, pequenez, tez
c)   clareza, duqueza, princesa, rez
d)   guizo, granizo siso, rizo

04)   G ou J:
a)   sarjeta, argila
b)   pajem, monje
c)   tigela lage
d)  gesto, jeito

05)   SS, C, Ç:
a)   massiço, sucinto
b)   à beça, craço
c)   procissão, pretencioso
d)   assessoria, possessão

06)   O ou U:
a)   muela, bulir, taboada
b)   borbulhar, mágoa, regurgitar
c)   cortume, goela, tabuleta
d)   entupir, tussir, polir

07)   Sou Z:
a)   rês, extaziar
b)   ourivez, cutizar
c)   bazar, azia
d)   induzir, tranzir

08)   Xou CH:
a)   michórdia, ancho
b)   archote, faxada
c)   tocha, coxilo
d)   xenofobia, chilique

9)   SS ou Ç:
a)   endosso, alvíssaras, grassar
b)   lassidão, palissada, massapê
c)   chalassa, escasso, massarico
d)   arruassa, obsessão, soçobrar

10)   Xou CH:
a)   chafariz, pixe pecha
b)   xeque, salsixa, esquixo
c)   xuxu, puxar, coxixar
d)   muxoxo, chispa, xangô

11)   G ou J:
a)   agiota, beringela, canjica
b)  jeito, algibeira, tigela
c)   estranjeiro, gorjeito, jibóia
d)   enjeitar, magestade, gíria
12)   Xou CH:

a)   flexa, bexiga, enxarcar
b)   mexerico, bruxelear, chilique
c)   faixa, xalé, chaminé
d)   charque, chachim, caximbo
13)   S ou Z:

a)   aridez, pesquizar, catalizar
b)   abalizado, escassez, clareza
c)   esperteza, hipnotisar, deslise
d)   atroz, obuz, paralização

14)   G ou J:
a)   monje tijela lojista ultraje
b)   anjinho, rijidez, angina jia
c)   herege, frege, pajé, jerimum
d)   rabujento, rigeza, goló, jesto

15)  Ortografia:
a)   ascensão, expontâneo, privilégio
b)   encher, enxame, froucho richa
c)   berinjela, traje, vagem, azia
d)   cincoenta, catorze, aziago, asa

16)   S, SS,Ç,C,SC:
a)   assédio, discente, suscinto
b)   oscilar, mesce, néscio, lascivo
c)   víscera, fascinar, discernir
d)   ascenção, ressuscitar, suscitar

17)  S ou Z:
a)  atrazo, paralizar, reprezália
b)  balisa, bazar, aprazível, frizo
c)  apoteoze, briza, gaze, griz
d)  espezinhar, cerzir, proeza, paz
Respostas dos exercícios sobre Ortografia:
01. A, 02. C, 03. B, 04. A, 05. D, 06. B, 07. C, 08. D, 09. A, 10. D, 11. B, 12. B, 13. B, 14. C, 15. C, 16. C, 17. D


MATERIAL COMPLEMENTAR (PARTE III)
POEMA E POESIA

POESIA E POEMA / VERSO E PROSA [1]
É comum o uso das palavras poesia e poema como sinônimos, porém nem toda composição versificada contém poesia. Além disso, a poesia não precisa necessariamente do verso para se manifestar; podemos encontrá-la na prosa, e até mesmo em outras manifestações artísticas como a pintura, a música, a dança etc. Isso porque a poesia é transmitida para o leitor através da subjetividade implícita em uma forma de expressão.
As definições de Antônio Soares Amora para poesia e poema, verso e prosa são:
Poesia é o estado emotivo e lírico do poeta, no momento da criação do poema; o estado lírico reviverá na alma do leitor se este lograr transformar o poema em poesia.
Poema é a fixação material da poesia; é a decantação formal do estado lírico. São as palavras, os versos e as estrofes que se dizem e que se escrevem e assim fixam e transmitem o estado lírico do poeta. É o encontro da poesia com o leitor.
Verso é, a grosso modo, cada uma das linhas fragmentadas, organizadas em estrofes, que compõem um poema.
Prosa é um discurso contínuo, não fragmentado, organizado em períodos e parágrafos.
CARACTERÍSTICAS DE UM POEMA
Rima – recurso que consiste em usar palavras que terminam de forma parecida, quase sempre no final dos versos;
Aliterações - recurso que consiste na repetição de sons de consoantes iguais ou semelhantes em várias palavras, dando um efeito de eco no texto;
Assonâncias - recurso que consiste na repetição de sons de vogais iguais ou semelhantes em várias palavras, dando um efeito de eco no texto;
Métrica – número de sílabas de cada linha ou verso e que obedece a algumas regras;
Acentuação Tônica - Intervalos entre sílabas fortes e fracas.
Nada é gratuito no texto: se o poeta usa rima ou não, se faz versos curtos ou longos, se coloca um refrão, se usa aliteração, tudo é para provocar um efeito de sentido. É como arrumar ou enfeitar uma casa: um vaso aqui, um detalhe lá, um quadro na parede – tudo para produzir efeito.
Na poesia, a organização das palavras cria um novo significado.
Exemplos de poesias:
Carlos Drummond de Andrade
CIDADEZINHA QUALQUER
Casas entre bananeiras
Mulheres entre laranjeiras
Pomar amor cantar.
Um homem vai devagar
Um cachorro vai devagar
Devagar as janelas olham
Eta vida besta meu deus.
NO MEIO DO CAMINHO
No meio do caminho tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do caminho
Tinha uma pedra
No meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
Na vida de minhas retinas tão fatigadas,
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
Tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do caminho
No meio do caminho tinha uma pedra.

Cecília Meireles
ENCHENTE
Chama o Alexandre!
Chama!
Olha a chuva que chega!
É a enchente.
Olha o chão que foge com a chuva...
Olha a chuva que encharca a gente.
Põe a chave na fechadura.
Fecha a porta por causa da chuva,
Olha a rua como se enche!
Enquanto chove, bota a chaleira
no fogo:
olha a chama!Olha a chispa!
Olha achuva nos feixes de lenha!
Vamos tomar chá, pois a chuva
é tanta que nem de galocha
se pode andar na rua cheia!
Chama o Alexandre!
Chama!
Mario Quintana
O POEMA
Um poema como um gole d’água bebido no escuro.
Como um pobre animal palpitando ferido.
Como pequenina moeda de prata perdida para sempre
na floresta noturna.
Um poema sem outra angústia que a sua misteriosa condição de poema.
Triste.
Solitário.
Único.
Ferido de mortal beleza.

Gonçalves Dias
CANÇÃO DO EXÍLIO
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o sabiá;
As aves que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras
Onde canta o sabiá.
Minha terra tem palmeiras,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar – sozinho – à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras
Onde canta o sabiá.
Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu’inda aviste as palmeiras,
Onde canta o sabiá.
QUESTÕES DO ENEM (2009)
Texto para as questões 116 e 117
Canção do vento e da minha vida
O vento varria as folhas,
O vento varria os frutos,
O vento varria as flores...
              E a minha vida ficava
              Cada vez mais cheia
              De frutos, de flores, de folhas.

[...]

O vento varria os sonhos
E varria as amizades...
O vento varria as mulheres...
              E a minha vida ficava
              Cada vez mais cheia
              De afetos e de mulheres.
O vento varria os meses
E varria os teus sorrisos...
O vento varria tudo!
              E a minha vida ficava
              Cada vez mais cheia
              De tudo.
BANDEIRA, M. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1967.
Questão 116 - Predomina no texto a função da linguagem
A) fática, porque o autor procura testar o canal de comunicação.
B) metalinguística, porque há explicação do significado das expressões.
C) conativa, uma vez que o leitor é provocado a participar de uma ação.
D) referencial, já que são apresentadas informações sobre acontecimentos e fatos reais.
E) poética, pois chama-se a atenção para a elaboração especial e artística da estrutura do texto.
Questão 117 - Na estruturação do texto, destaca-se
A) a construção de oposições semânticas.
B) a apresentação de ideias de forma objetiva.
C) o emprego recorrente de figuras de linguagem, como o eufemismo.
D) a repetição de sons e de construções sintáticas semelhantes.
E) a inversão da ordem sintática das palavras.
Soneto
Já da morte o palor me cobre o rosto,
Nos lábios meus o alento desfalece,
Surda agonia o coração fenece,
E devora meu ser mortal desgosto!
Do leito embalde no macio encosto
Tento o sono reter!... já esmorece
O corpo exausto que o repouso esquece...
Eis o estado em que a mágoa me tem posto!
O adeus, o teu adeus, minha saudade,
Fazem que insano do viver me prive
E tenha os olhos meus na escuridade.
Dá-me a esperança com que o ser mantive!
Volve ao amante os olhos por piedade,
Olhos por quem viveu quem já não vive!

AZEVEDO, A. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2000.
O núcleo temático do soneto citado é típico da 2 fundamento desse lirismo é a angústia alimentada pela constatação da irreversibilidade da morte. a melancolia que frustra a possibilidade de reação diante da perda. o descontrole das emoções provocado pela autopiedade. o desejo de morrer como alívio para a desilusão amorosa. o gosto pela escuridão como solução para o sofrimento. Questão 118

(ENEM 2010)
QUESTÃO 134
Açúcar
O branco açúcar que adoçará meu café
Nesta manhã de Ipanema
Não foi produzido por mim
Nem surgiu dentro do açucareiro por milagre.
[...]
Em lugares distantes,
Onde não há hospital,
Nem escola, homens que não sabem ler e morrem de fome
Aos 27 anos
Plantaram e colheram a cana
Que viraria açúcar.
Em usinas escuras, homens de vida amarga
E dura Produziram este açúcar
Branco e puro
Com que adoço meu café esta manhã
Em Ipanema.

GULLAR, F. Toda Poesia. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,1980 (fragmento)
A) descreve as propriedades do açúcar.
B) se revela mero consumidor de açúcar.
C) destaca o modo de produção do açúcar.
D) exalta o trabalho dos cortadores de cana.
E) explicita a exploração dos trabalhadores.
LÍNGUA PORTUGUESA
MATERIAL COMPLEMENTAR – PROTEÇÃO PEDAGÓGICA

ASSUNTO: TIRINHAS
Questão 1
ENEM

Mafalda é uma garotinha de seis anos que sempre lança perguntas desconcertantes para os adultos
QUINO, J. L Mafalda. Tradução de Mônica S. M. da Silva, São
Paulo: Martins Fontes, 1988.
O efeito de humor foi um recurso utilizado pelo autor da tirinha para mostrar que o pai de Mafalda:
a) revelou desinteresse na leitura do dicionário.
b) tentava ler um dicionário, que é uma obra muito extensa.
c) causou surpresa em sua filha, ao se dedicar à leitura de um livro tão grande.
d) queria consultar o dicionário para tirar uma dúvida, e não ler o livro, como sua filha pensava.
e) demonstrou que a leitura do dicionário o desagradou bastante, fato que decepcionou muito sua filha.
Questão 2

Mafalda foi criada no ano de 1962 pelo cartunista argentino Quino. Suas opiniões ácidas e irônicas é sua principal característica
Assinale a alternativa que melhor expresse o efeito de humor contido na tirinha:
a) O discurso feminista de Susanita é responsável pelo efeito de humor, já que o tema é tratado de forma irônica, denotando certo machismo por parte do autor da tirinha.
b) Mafalda opõe-se ao discurso da amiga Susanita e, através de suas feições em todos os quadrinhos, percebe-se nitidamente seu descontentamento.
c) A linguagem verbal não contribui para o melhor entendimento da tirinha, pois todo efeito de humor está contido na linguagem não verbal através da expressão exibida por Mafalda no último quadrinho.
d) Susanita apresenta um discurso de acordo com as teorias feministas que pregam a libertação das práticas tradicionalmente atribuídas à mulher. Contudo, no último quadrinho, a personagem defende o uso de uma tecnologia que apenas reforça os padrões tradicionais.

Questão 3
ENEM
A conversa entre Mafalda e seus amigos...
a) revela a real dificuldade de entendimento entre posições que pareciam divergir.
b) desvaloriza a diversidade social e cultural e a capacidade de entendimento e respeito entre as pessoas.
c) expressa o predomínio de uma forma de pensar e a possibilidade de entendimento entre posições divergentes.
d) ilustra a possibilidade de entendimento e de respeito entre as pessoas a partir do debate político de ideias.
e) mostra a preponderância do ponto de vista masculino nas discussões políticas para superar divergências.
Questão 4

Sobre os efeitos de humor da tirinha, pode-se afirmar, exceto:
a) Mafalda emprega o mesmo valor semântico para o vocábulo “indicador” no primeiro e no último quadrinho.
b) Mafalda não sabe a importância do dedo indicador.
c) A expressão “dedo indicador” é utilizada de maneira metafórica pelo autor da tirinha.
d) Mafalda ainda não sabe exatamente o significado da expressão “indicador de desemprego”
e) Apesar de ser uma criança, Mafalda já percebe as injustas relações de trabalho estabelecidas entre patrões e operários.
ASSUNTO: CHARGES E TIRINHAS
Questão 1

Mafalda, criação do cartunista argentino Quino, é conhecida por suas opiniões ácidas e críticas sobre os mais variados assuntos
Assinale a alternativa que melhor expresse o efeito de humor contido na tirinha:
a) O discurso feminista de Susanita é responsável pelo efeito de humor, já que o tema é tratado de forma irônica, denotando certo machismo por parte do autor da tirinha.
b) Mafalda opõe-se ao discurso da amiga Susanita e, por meio de suas feições em todos os quadrinhos, percebe-se nitidamente seu descontentamento.
c) A linguagem verbal não contribui para o melhor entendimento da tirinha, pois todo efeito de humor está contido na linguagem não verbal por meio da expressão exibida por Mafalda no último quadrinho.
d) Susanita apresenta um discurso de acordo com as teorias feministas que pregam a libertação das práticas tradicionalmente atribuídas à mulher. Contudo, no último quadrinho, a personagem defende o uso de uma tecnologia que apenas reforça os padrões tradicionais.

QUESTÃO 2

(Enem - 2009)


La vie en rose
 é uma criação do cartunista Adão Iturrusgarai. Sua principal característica é a abordagem bem humorada sobre temas do cotidiano
Os quadrinhos exemplificam que as Histórias em Quadrinhos constituem um gênero textual
a) em que a imagem pouco contribui para facilitar a interpretação da mensagem contida no texto, como pode ser constatado no primeiro quadrinho.
b) cuja linguagem se caracteriza por ser rápida e clara, que facilita a compreensão, como se percebe na fala do segundo quadrinho: “</DIV> </SPAN> <BR CLEAR
= ALL> < BR> <BR> <SCRIPT>”.
c) em que o uso das letras com espessuras diversas está ligado a sentimentos expressos pelos personagens, como pode ser percebido no último quadrinho.
d) que possui em seu texto escrito características próximas a uma conversação face a face, como pode ser percebido no segundo quadrinho.
e) que a localização casual dos balões nos quadrinhos expressa com clareza a sucessão cronológica da história, como pode ser percebido no segundo quadrinho.

QUESTÃO 3

A charge de Ivan Cabral foi utilizada na prova do Exame Nacional do Ensino Médio de 2012
O efeito de sentido da charge é provocado pela combinação de informações visuais e recursos linguísticos. No contexto da ilustração, a frase proferida recorre à
a) polissemia, ou seja, aos múltiplos sentidos da expressão “rede social” para transmitir a ideia que pretende veicular.
b) ironia para conferir um novo significado ao termo“outra coisa”.
c) homonímia para opor, a partir do advérbio de lugar, o espaço da população pobre e o espaço da população rica.
d) personificação para opor o mundo real pobre ao mundo virtual rico.
e) antonímia para comparar a rede mundial de computadores com a rede caseira de descanso da família.

QUESTÃO 4

Sobre as charges e tirinhas, é incorreto afirmar:
a) As charges são poderosos veículos de comunicação, constituindo um gênero que alia a força das palavras a imagens e muito bom humor.
b) No Brasil, a charge é comumente utilizada com a intenção de tecer críticas políticas e sociais, sempre preservando como traço predominante o humor.
c) Assim como nas charges, as tirinhas apresentam uma linguagem permeada pelo bom humor, aliando as linguagens verbal e não verbal para a construção de sentidos do texto.
d) As charges e as tirinhas não podem ser consideradas como gêneros textuais, visto que a linguagem não verbal é a linguagem predominante.

ASSUNTO: CHARGES E TIRINHAS
Questão 1
Analise a charge abaixo para responder à questão:
 
A charge de Duke utiliza as linguagens verbal e não verbal para tecer uma crítica social e política. Disponível em http://dukechargista.com.br/
As charges utilizam os recursos do desenho e do humor para tecer algum tipo de crítica a diversas situações do cotidiano. Sobre a charge do chargista Duke, analise as seguintes afirmações e julgue aquelas que são verdadeiras:
I. Através da expressão do torcedor, podemos notar que ele se encontra entusiasmado com a realização da Copa do Mundo de 2014 no Brasil;
II. Através da gradação na mudança de expressão do torcedor, podemos perceber que ele possui uma visão crítica sobre a realização da Copa no Brasil;
III. Não podemos afirmar que exista qualquer tipo de comentário crítico nas entrelinhas da charge, pois essa tem apenas a função de divertir o leitor;
IV. Podemos inferir que o entusiasmo inicial pela realização dos jogos no Brasil foi substituído por uma postura pessimista por parte da personagem retratada.
São verdadeiras:
a) I e III.
b) I, IV e III.
c) II e IV.
d) I, II e IV.
Questão 2
Através do uso da linguagem não verbal, que pode muitas vezes surgir como principal recurso de comunicação em uma charge, o chargista Nani faz referência ao seguinte evento:
a) Guerra no Afeganistão.
b) Ataques de 11 de setembro nos Estados Unidos.
c) Violência nas cidades do Brasil.
d) Conflito entre Israel e Palestina.
Questão 3

As charges podem fazer uma crítica social, cultural ou política. Disponível em: http://tv-video-edc.blogspot.com
A charge revela uma crítica aos meios de comunicação, em especial à internet, porque
a) Questiona a integração das pessoas nas redes virtuais de relacionamento.
b) Considera as relações sociais como menos importantes que as virtuais.
c) Enaltece a pretensão do homem de estar em todos os lugares ao mesmo tempo.
d) Descreve com precisão as sociedades humanas no mundo globalizado.
e) Concebe a rede de computadores como espaço mais eficaz para a construção de relações sociais.
Questão 4
Fuvest - 2014

Charge sobre antiga prática eleitoral. Reprodução/Fuvest. Disponível em http://educacao.globo.com/provas/fuvest-2014/questoes/68.html
A charge satiriza uma prática eleitoral presente no Brasil da chamada “Primeira República”. Tal prática revelava a
a) Ignorância, por parte dos eleitores, dos rumos políticos do país, tornando esses eleitores adeptos de ideologias políticas nazifascistas.
b) Ausência de autonomia dos eleitores e sua fidelidade forçada a alguns políticos, as quais limitavam o direito de escolha e demonstravam a fragilidade das instituições republicanas.
c) Restrição provocada pelo voto censitário, que limitava o direito de participação política àqueles que possuíam um certo número de animais.
d) Facilidade de acesso à informação e propaganda política, permitindo aos eleitores a rápida identificação dos candidatos que defendiam a soberania nacional frente às ameaças estrangeiras.
e) Ampliação do direito de voto trazida pela República, que passou a incluir os analfabetos e facilitou sua manipulação por políticos inescrupulosos.

 

 

ASSUNTO: ARTIGO DE OPINIÃO: EXEMPLOS, DICAS E ESTRUTURAS
Saiba como produzir um artigo de opinião, e saber a estrutura com exemplos e forma de argumentar o seu texto. Confira o Artigo.
Você sabia?
O Nosso site, contém um acervo exclusivo de mais de 20 mil artigos. Certamente muitos desses conteúdos, contém opiniões dos redatores e editores que da melhor forma, tenta lhe trazer informação, precisa e de confiança.
Cada dia mais este assunto ou forma de se realizar não é tão restrito como antes. Somos convidados às vezes a nos arriscar a realizar um Artigo de Opinião, Jornalistas, editores ou nós redatores. Uma leve intervenção de convencer o leitor em relação sobre algo ou tema, fazendo pensar naquilo que você escreveu.
Vamos dar algumas dicas de como você realizar um ótimo artigo com suas opiniões e mostrar alguns exemplos e apresentar a estrutura para você conseguir elaborar o seu artigo de opinião.

A Estrutura de um Artigo de Opinião

Bem antes de começar a elaborar seu artigo, você precisa ter em mente que o artigo é de sua opinião, ou seja, não fuja muito deste princípio, e cada ideia colocada por você, precisa ser apresentada ao menos mais uma vez durante este artigo.
A estrutura de um bom artigo de opinião se baseia na Apresentação da questão em discussão ou seu ponto de vista de parágrafo a parágrafo, virgula a virgula, com o intuito de que você consiga mostrar em seu artigo e manter uma posição com base em uma tese comprovada, colocando argumento para sustentar esta sua tese.  Ao Fim você precisa elaborar a conclusão, de uma forma que sua tese mostre o resultado e se torne forte.

Argumentações de Artigos de Opinião

Para facilitar ainda mais a elaboração do seu artigo, os argumentos são fixados a esta estrutura e podem e as dicas para elaborar são as de:
  • Argumento de Causa: Propor uma relação com uma causa e conseqüência em sua argumentação.
  • Argumento de Autoridade: Sempre usar uma fonte, ou um estudo confiável para ter uma credibilidade ao que você defende.
  • Argumento de Exemplificação: Mostrar inúmeras comparações e exemplos para ilustrar o seu argumento.

Desenvolva um artigo de Opinião

Sabendo dessas dicas, você precisa agora colocar na pratica. Desenvolva seu artigo com argumentos e toda a estrutura para mantém o estilo formal e de palavras comuns. Como qualquer outro artigo, você precisa ter uma introdução, depois um desenvolvimento até a sua conclusão por isso, faça com que o leitor reflita e possa chegar a opiniões próprias. Fica ai a dica para definitivamente conseguir conclusão apresentar tudo ao leitor.
MATERIAL COMPLEMENTAR (PARTE IV)

ASSUNTO: ARTIGO DE OPINIÃO (EXERCÍCIOS)


Prova de interpretação- artigo de opinião


Família: como fazer
Talvez sendo rigorosa, creio que nas escolhas importantes revelamos o que pensamos merecer. Casamento, trabalho, prazer, estilo de vida, nos cuidados ou nos descuidos - não importa. Mas a família, esse chão sobre o qual caminhamos por toda a vida, seja ele esburacado ou plano, ensolarado ou sombrio, não é uma escolha nossa. Porque lhe atribuo uma importância tão grande, para o bem e para o mal, ela tem sido tema recorrente de meu trabalho, em livros, artigos e palestras.
Pela família, com a qual eventualmente nem gostaríamos de conviver, somos parcialmente moldados, condenados ou salvos. Ela nos lega as memórias ternas, o necessário otimismo, a segurança - ou a baixa auto-estima e os processos destrutivos. Esse pequeno território é nosso campo de treinamento como seres humanos. Misto de amor e conflito, ela é que nos dá os verdadeiros amigos e os melhores amores.
Para saber o que seria uma família positiva (não gosto do termo "normal"), deixemos de lado os estereótipos da mãe vitimizada, geradora de culpas e raiva; do pai provedor, destinado a trabalhar pelo sustento da família, sem espaço para ter, ele próprio, carinho e escuta; e dos filhos sempre talentosos e amorosos com seus pais. A boa família, na verdade, é aquela que, até quando não nos compreende, quando desaprova alguma escolha nossa, mesmo assim nos faz sentir aceitos e respeitados. É onde sempre somos queridos e onde sempre temos lugar.
(LUFT, Lya. Família: como fazer. Veja, São Paulo, n.44, p.25, 3 nov. 2004. Artigo de opinião.)

01. Na frase "Mas a família, esse chão sobre o qual caminhamos por toda a vida ...", ouso da palavra sublinhada mostra que, para a autora, a família
(A) Apoia o indivíduo.
(B) Resulta de escolha.
(C) Propicia sucesso.
(D) Agrada sempre.

02. No texto, a autora pretende provar que:
(A) A família é uma instituição importante.
(B) A relação familiar é sempre harmônica.
(C) Os filhos nem sempre são talentosos.
(D) O pai deve sustentar toda a família.

0 3. Na frase "deixemos de lado os estereótipos...", a palavra sublinhada pode ser
substituída, sem prejuízo para o sentido, por:
(A) Fórmulas criativas.
(B) Moldes antiquados.
(C) Modelos desgastados
(D) Métodos inventivos

04. . De acordo com o texto, os membros de uma família devem permanecer unidos quando:

(A) Existir entre seus membros uma relação conflituosa.
(B) Houver uma dependência entre jovens e adultos.
(C) Existir preocupação dos filhos com os pais.
(D) Houver aceitação e respeito entre seus membros.


O5. A opinião da autora sobre a família se justifica, pois a família constitui o:
(A) Espaço para a formação do indivíduo.
(B) Tema recorrente de seu trabalho.
(C) Tema de trabalho dos grandes filósofos.
(D) Espaço de proteção do ser humano.


ASSUNTO: ARTIGO DE OPINIÃO


Menino de 9 anos é internado após agressão em escola 
Agência Estado
O menino Marco Antônio, de 9 anos, foi agredido por cinco garotos da mesma faixa etária dentro da sala de aula e na saída de uma Escola Estadual, anteontem, numa cidade próxima à região de Ribeirão Preto (SP). Devido à agressão, ele foi internado e passou por exames de tomografia e ressonância magnética em Ribeirão Preto. Marco terá alta hospitalar amanhã e usará colar cervical por 15 dias.
Segundo a mãe, de 27 anos, o filho sofre com as brincadeiras de colegas porque é gago. Após a agressão na escola, ele não mencionou nada em casa. Dentro da sala de aula (3ª série), ele foi atingido por um soco, um tapa e um golpe de mochila. Na saída da escola, a inspetora o mandou sair pelos fundos, mas os agressores perceberam e o cercaram, desferindo socos e chutes em seu corpo.
Na manhã de ontem, Marco acordou com o pescoço imobilizado. A avó o levou à escola e os cinco agressores foram mandados para casa pela direção. Revoltada, a mãe quer processar a escola e ainda retirar os três filhos de lá — Marco é o mais velho dos irmãos. A delegada Maria José Quaresma, da DDM, disse que cinco garotos foram identificados e serão ouvidos nos próximos dias.
O caso, registrado na DDM (Delegacia de Defesa da Mulher), será investigado e passado à Curadoria da Infância e da Juventude. A Secretaria Estadual da Educação informou que foi aberta uma apuração preliminar para averiguar a denúncia de agressão entre alguns alunos da escola. “Caso seja constatado que o fato aconteceu dentro da escola, o Conselho Escolar vai definir as medidas punitivas em relação aos estudantes, como, por exemplo, a transferência de unidade”, disse a nota da Secretaria.
Agência Estado, 18/9/2009. (Para uso neste Caderno, os nomes, assim como outras informações que possam identificar os envolvidos, foram substituídos ou suprimidos).


1.              De acordo com as informações fornecidas pela notícia, qual foi o motivo mais provável da agressão?                  Pode-se concluir que o garoto foi agredido em razão da escalada de hostilidade (por parte dos colegas) motivada unicamente por sua gagueira.
2.              Segundo a mãe, Marco Antônio costuma ser alvo de “brincadeiras” dos colegas. Considerando o conjunto da notícia, que tipo de brincadeiras seria esse?    Por que teriam chegado a um nível tão elevado de violência?                      
Muito provavelmente as brincadeiras a que a mãe se refere seriam as hostilidades já mencionadas. Entre crianças e adolescentes, essas brincadeiras costumam ser chamadas de “zoação”. Atualmente esse tipo de comportamento é mais conhecido por bullying. Frequentemente, esses comportamentos provocam mal-estar e também distúrbios mais graves entre os alunos. Nesse caso, teriam chegado ao ponto da agressão física; ao que parece, por não terem sido, oportuna e eficazmente, questionados nem por adultos – pais, professores, funcionários - , nem por outros colegas.
3.              Na base desse caso de violência está o preconceito contra o que parece “estranho”, “fora do normal” etc. que outros casos frequentes de intolerância é possível lembrar? Magros, gordos, narigudos, tímidos, “delicados”, com algum problema físico etc.
4.              O que é preconceito? Preconceitos são ideias preconcebidas que se apresentam como verdades tão bem estabelecidas que dispensariam argumentos: “os negros são inferiores aos brancos”; “as mulheres são menos inteligentes que os homens” tec.
5.              O que teria de ser feito para evitar esse tipo de violência? Seria possível estabelecer um consenso para todos? Uma forma eficaz de evitar e combater esse tipo de hostilidade e de violência é o debate aberto, constante e sistemático sobre questões incômodas que se manifestam no cotidiano, com vistas em estabelecer consensos sobre o que se deve e o que não se deve fazer.





Maioridade penal
      Contra:
Redução da idade penal
      Wandyr Zafalon
      Quando cenas violentas se repetem e repercutem por todo o território nacional, o assunto redução da idade penal volta com intensidade. Em primeiro lugar, não podemos deixar de entender e respeitar o sentimento de perda e luto dos parentes próximos. São inteiramente compreensíveis as manifestações de revolta e intenções de vingança surgidas em momentos tão inesperados e dolorosos. Revolta e vingança são mecanismos utilizados como forma de suportar a própria dor e podem até ajudar na elaboração do luto.
      Devemos ficar atentos, quando crimes violentos comovem toda a sociedade, para não permitirmos que nossas emoções cheguem a eliminar nossa própria racionalidade.
      Ao fazermos a pergunta: Quem é esse criminoso??? Na maioria das vezes, vamos deparar com respostas que nos levarão à seguinte conclusão: somos vítimas de vítimas.
      Pensando e sentindo assim, é fácil perceber que a sociedade precisa reduzir muitas outras coisas: reduzir a corrupção, reduzir a desigualdade social, reduzir a injustiça, reduzir os políticos desonestos, reduzir a falta de educação, porque ela, infelizmente, ainda não é para todos.
      Reduzir a idade penal isoladamente é apenas um desejo vingativo que faz emergir e transparecer a nossa própria violência.
      Muito se critica o ECA - Estatuto da Criança e do Adolescente. Porém, o mesmo já existe há mais de uma década, e pouco, muito pouco, saiu do papel. Nenhum governo (federal, estadual ou municipal) colocou em foco, como prioridade, os direitos que nossas crianças e adolescentes adquiriram e merecem. Os setores mais conservadores da sociedade criticam os defensores do ECA, que só enxergariam os "direitos". Mas esses direitos são tão básicos e elementares que mostram o tamanho do descaso com as causas sociais de nosso país. O estatuto quer toda criança e todo adolescente na escola; no esporte; nas artes; no meio de famílias com renda suficiente para proporcionar uma vida digna e qualificada.
      Enquanto tudo isso não vier, reduzir isoladamente a idade penal é se vingar, dos outros, por um crime cometido por nós mesmos. O não cumprimento de nossa parte, enquanto sociedade, é talvez mais violento do que a própria violência.
      Wandyr Zafalon Junior é psicólogo-clínico, em Araçatuba (Folha da Região, 25/11/2003)
      A favor
      93% dos mineiros são a favor da redução da maioridade penal
      Rodrigo Lopes
      BELO HORIZONTE - Uma pesquisa realizada de 12 a 18 deste mês em Belo Horizonte, mostra que 93% dos mineiros são favoráveis à redução da maioridade penal de 18 para 16 anos. O Instituto Olhar ouviu 1200 pessoas, apenas 6% se manifestaram de forma contrária e 0,5% não sabem ou não responderam. A discussão sobre o tema ressurgiu após o assassinato do casal Liana Friedenbach e Felipe Caffé, que teria sido comandado por um adolescente de 16 anos, em Embu-Guaçu, na Grande São Paulo.
      O diretor do Instituto Olhar, Rodrigo Mendes Ribeiro, disse que resultado da pesquisa a influenciada pelo assassinato dos estudantes paulistas. Na pesquisa foram ouvidos moradores de nove regiões de Belo Horizonte, Oeste, Centro-Sul, Leste, Noroeste, Barreiro, Nordeste, Norte, Venda Nova e Pampulha, sendo 133 em cada uma delas. A margem de erro é de 2,9%. 28,4% dos entrevistados têm idade entre 20 e 29 anos; 23,9% entre 30 e 39 anos; 18,8% entre 40 e 49 anos e o mesmo percentual acima de 50 anos. Apenas 10,2% dos ouvidos têm entre 16 e 19 anos.
      A maior parte dos entrevistados, 39,8% tem grau de escolaridade médio, seguido do fundamental (5ª a 8ª série), 28,7% e 1ª a 4ª, 17,8%. Com ensino superior, manifestaram sua opinião 9,5% e sem estudos, 4,3%. (Jornal do Brasil, 23/11/2003)
      Proposta de redação
      Depois de ler os textos acima, redija um texto dissertativo de 30 linhas, emitindo sua opinião a respeito da maioridade penal. Faça rascunho, coloque título.
      CUIDADO! NÃO COPIE NADA DOS TEXTOS DE APOIO, REDIJA SUA DISSERTAÇÃO COM SUAS PALAVRAS.






Respeito aos idosos
      Proposta de redação
      Leia os textos abaixo e redija um texto dissertativo de 30 linhas sobre o tema:
      Jovem: biologicamente vigoroso, mas portador de uma pobre biografia. Velho: biologicamente debilitado, mas portador de uma densa biografia. Como conciliar isso, o novo e o velho, em nossa sociedade.
      Pôr título e fazer rascunho.
      Respeitar os idosos é aceitar o próprio futuro
      O que temos ensinado aos nossos filhos a respeito da velhice? Pelo jeito, não temos passado boas lições sobre o assunto, e quem levantou o tema de nossa conversa de hoje foi o pai de um bebê de dez meses. Em sua correspondência, ele conta que teve de ir a um ambulatório de um hospital e, na sala de espera, encontrou muita gente. Acomodados nas cadeiras disponíveis no local estavam vários jovens e adultos e, em pé, várias senhoras -com mais de 70 anos-, uma delas cega. Parece que ninguém "viu" as idosas, ou seja, ninguém cedeu o lugar mais confortável a elas.
      "O que aconteceu? De quem é a culpa pelo comportamento dessa geração que não se importa se um senhor com bengala está em pé com muito custo? Das escolas? Dos pais, que não ensinam o respeito aos outros -ou, se ensinam, praticam o oposto?" A indignação e a reflexão de nosso leitor, expressas nessas perguntas, fazem muito sentido. Só que pais e escolas não estão sozinhos nessa história.
      É bom lembrar que vivemos um tempo em que ninguém quer envelhecer: usamos todos os recursos para maquiar a idade e temos bons motivos para isso. O velho não é bem-visto -nem sequer é visto- pela sociedade. Quem tem mais de 50 anos tem dificuldade para arrumar emprego, encontrar um parceiro quando está sozinho, ter um programa de lazer adequado e ser respeitado pelas crianças e pelos jovens. A palavra "coroa" deixou de ter um sentido carinhoso -se é que um dia já teve- e passou a ser pejorativa. Ofende-se quem é chamado de "coroa", mas a mesma pessoa pode sentir-se orgulhosa quando o adjetivo escolhido é "animal".
      Recentemente, pudemos ler a seguinte nota na revista "Veja": "Bruna Lombardi estrela a edição de março da revista "Vip" disposta a provar que uma cinquentona, com a genética e os ângulos certos, pode continuar a ser considerada mulher". O recado social é claro: depois dos 50, perde-se a humanidade e a cidadania. Se não admitimos envelhecer, faz sentido ignorar que é preciso ensinar crianças e jovens a respeitar os idosos, não é? Fazemos de conta que quem é velho já morreu e pronto.
      Respeitar o velho -escondido até na denominação "terceira idade" ou "melhor idade"- não é apenas uma questão de bons modos. Respeitar o idoso é reverenciar a experiência de vida, o conhecimento, a sabedoria acumulada de quem viveu e aprendeu, de quem sofreu, de quem tem um passado e uma história, de quem colaborou com a construção desse mundo e de quem deu a vida a quem hoje é jovem. Respeitar o velho é preservar nossa memória, aceitar o futuro e reconhecer o passado. Mas parece que o que vale hoje é o presente: viver o aqui e o agora é imperativo. Vivendo assim, como será o amanhã?
      Temos um problema: a população brasileira envelhece, e os dados do censo são prova disso. Que contradição é essa que nos faz cegos a essa realidade? Ensinar e estimular crianças e jovens a conviver com os velhos pode ser positivo para ambos: aos mais novos, para que aprendam sobre a vida e a importância dos vínculos afetivos e dos compromissos assumidos, e aos mais velhos, para que ganhem um sopro de alegria, de entusiasmo, de esperança.
      Uma amiga contou que, no supermercado, observou uma cena interessante. Uma velha senhora fazia suas compras acompanhada da neta de mais ou menos 12 anos, que, consciente da importância de seu papel, desempenhava-o de modo exemplar. Apontava o que a avó precisava, perguntava as preferências dela, dirigia o carrinho, fazia tudo o que fosse necessário para poupar a avó o mais que pudesse. De tão inusitada, a cena chamou a atenção de outra mulher que não se conteve e disse: "Muito bem, ajudando a avó a fazer compras; meus parabéns!".
      O lugar destinado ao velho em nossa sociedade se expressa na educação que damos a filhos e alunos. Temos, no mínimo, um motivo bem egoísta para ter mais cuidado com essa questão: vamos envelhecer. E nossos filhos também. Por incrível que pareça.
      ROSELY SAYÃO é psicóloga, consultora em educação e autora de "Sexo é Sexo" (ed. Companhia das Letras); e-mail: roselys@uol.com.br. – Folha de São Paulo, caderno Equilíbrio, 27/3/2003.
 TRABALHO INFANTIL COMPROMETE 5,4 MILHÕES DE CRIANÇAS E JOVENS
                                  Quase a metade nem é remunerada pelas atividades que exerce
                                                         SABRINA PETRY
     O trabalho infantil, um dos mais graves problemas sociais do Brasil, diminuiu na última década, mas ainda compromete o desenvolvimento de 12,7% (em 2001) das pessoas na faixa etária entre 5 e 17 anos. Em 1992, eles eram 19,6%. Em termos populacionais, significa que 5,4 milhões de garotos e garotas exercem algum tipo de atividade produtiva, remunerada ou não.
     Para quem não sabe, a lei brasileira não permite o trabalho para menores de 14 anos e só admite que as pessoas de 14 a 16 anos sejam empregadas como aprendizes.
     Mas a realidade contradiz a regra. Do contingente de menores ocupados, quase um terço (1,83 milhão) trabalha o mesmo tento que gente grande, cumprindo jornada integral, de 40 horas ou mais por semana.
     O levantamento do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas) confirma aquilo que todo mundo sabe: a maioria dos trabalhadores (45,2%) exerce atividades domésticas e o setor agrícola é a que mais absorve a mão de obra infantil: 43,4%.
     Em um dado bastante assustador: 41,2% não recebem nenhum salário pelo que fazem. Quando se trata de crianças na faixa de 5 a 9 anos, chega a 92% o volume daquelas que trabalham sem receber nenhuma remuneração.
     Mesmo as que recebem salários tem de se contentar com pouco: 41,5% ganham até meio salário mínimo, e 35,5% de meio a um salário, aponta o estudo.
     Para a secretária executiva do Fórum Nacional de Preservação e Erradicação do trabalho Infantil, Isa Oliveira, “as altas taxas de trabalho não- remunerado são uma evidência de que essas crianças trabalham junto com a família, que é o que prevalece no país”.
  Ela alerta, porém que “a criança também pode estar sendo explorada, junto com o resto da família,trabalhando na lavoura de cana ou em carvoarias. Se for num centro urbano, esse trabalho pode ser num lixão, em que as condições são as piores possíveis”.
     Além da injustiça social de exploração dessa mão- de- obra, agravada pela ausência de remuneração, o trabalho infantil traz uma consequência funesta: o afastamento da escola.
      Os dados apontam que, entre crianças e adolescentes que trabalha, 80,3% frequentam a escola, enquanto essa taxa chega a 91,1 quando se trata daqueles que são obrigados a trabalhar.
     
                                                                                   (Folha de  S. Paulo, 21/4/2003. Folhateen.)





1) O texto informa e comenta os resultados de uma pesquisa sobre o trabalho infantil em nosso país. No 1º parágrafo, além de informar, a jornalista também emite uma opinião sobre a pesquisa. Essa opinião consiste na ideia principal do texto, que é desenvolvida pelos parágrafos seguintes. De acordo com o primeiro parágrafo:
a) O trabalho infantil em nosso país aumentou ou diminuiu?
b ) Qual é o ponto de vista expresso pela jornalista, que constitui a ideia principal do texto?
2) O parágrafo pode ser constituído de diferentes formas. Uma delas, a mais comum, é a declaração inicial. Esse tipo de parágrafo é introduzido por meio de uma afirmação, desenvolvida por ideias secundárias. Qual é a declaração inicial que abre o 1º parágrafo?
3) Outra forma de desenvolvimento de parágrafo bastante comum é a comparação. Observe no 3º parágrafo: que elementos são postos em comparação?
4) Outro tipo de desenvolvimento possível de parágrafo é o estabelecimento de relações de causa e consequência, como ocorre no 9º parágrafo. De acordo com esse parágrafo, que consequências o trabalho infantil produz?
5) Outro desenvolvimento de parágrafo é a ilusão histórica. Nesse tipo de desenvolvimento, é comum se utilizar o passado para comparar com o presente. No texto lido, há alusão histórica? Se sim, identifique-a.
6) Também são comuns os parágrafos desenvolvidos a partir de uma citação, ou seja, para fazer valer seu ponto de vista, o autor do texto utiliza o pensamento de uma autoridade ou de um especialista no assunto. Também pode se valer de dados de um órgão ou entidade que seja reconhecida na área.
a)            No texto lido há a citação do pensamento de um especialista. Em qual parágrafo isso ocorre?
b)            Que outro tipo de citação existe no texto? Identifique-a.
7) No último parágrafo, a autora estabelece relação entre criança/adolescente e escola.
a) A que conclusão ela chega?
b) Essa conclusão coincide com a ideia principal do texto, lançada no 1º parágrafo?     
8) Agora, escreva um texto argumentativo. Escolha uma das propostas a seguir.
PROPOSTA 1
     Muitas crianças ajudam em casa, tomando conta de irmãos menores ou fazendo tarefas domésticas: cozinhar, passar, limpar a casa, etc. Na sua opinião, a criança deve ou não ajudar em casa? Se acha que sim, explique por que e em que condições esse trabalho deve ocorrer. Se acha que não, explique por quê.
PROPOSTA 2
     A lei de proteção à criança e ao adolescente permite que o menor de 16 e maior de 14 anos trabalhe, desde que seja na condição de aprendiz, isto é, durante certo tempo o adolescente aprenderia determinada profissão e trabalharia um número reduzido de horas, a fim de continuar os estudos. Contudo, o que se verifica na realidade é que muitos adolescentes, para garantirem o emprego, deixam de estudar e chegam a trabalhar 40 horas por semana, como os adultos.
     Na sua opinião, a lei que regula o trabalho do menor aprendiz, deve ser mantida?
PROPOSTA 3
     Até alguns anos atrás, as crianças do meio rural deixavam de ir à escola na época de colheita para ajudar seus pais. Com o projeto Bolsa-Escola, o governo passou a pagar uma pequena quantia mensal às famílias que têm filhos na escola, com a condição de não faltarem. Essa iniciativa melhorou sensivelmente os índices de evasão e reprovação escolar. O que você acha dessa iniciativa? Que outras iniciativas poderiam ser tomadas pelo governo, a fim de manter a criança na escola?


 TEXTO DE OPINIÃO- UMA ANÁLISE
Complete com as palavras abaixo que fazem a articulação texto:
Então – por outro lado – pois – que isso – nem todos –mas – porque – nossa opinião –logo –nem todos.
            O Brasil é um país privilegiado no que diz respeito à quantidade e à qualidade de suas águas, ______________, se não fizermos boas campanhas educativas para a população, _______________ perderemos esse privilégio.
            Em__________________, já manifestada em artigos anteriores,as campanhas são necessárias _________________ muitas pessoas desperdiçam água lavando calçadas diariamente, não consertando torneiras que vazam e passando muito tempo nos chuveiros.
            ___________________ são favoráveis às campanhas educativas. Para alguns economistas, a solução é aumentar o preço da água.
            Pensamos _________________seria um verdadeiro absurdo, ______________ o preço da água brasileira é um dos mais altos do mundo! ___________________, mesmo pagando caro, os brasileiros continuam desperdiçando água.
            Todos sabemos que seria impossível viver sem água. ________________, a solução melhor é fazer campanhas educativas que ajudem a conscientizar a população, mostrando a todos que a água é um recurso que pode se esgotar com o mau uso.
(adaptado de Antonio Ermino de Moraes: Depois da água, por que não o ar? Folha de São Paulo: Opinião- 24/03/02)
1.      Qual é o tema do artigo de opinião?
2.      Qual foi a posição do autor em relação ao tema do artigo?
3.      Como ele justificou sua opinião?
4.      Qual é outro argumento que aparece no artigo?
5.      O autor é favorável a esse argumento? Justifique sua resposta.
6.      Como o autor conclui seu texto?
7.      Escolha um dos temas abaixo e defenda a sua opinião sobre o assunto.
            - Quanto mais cara a água, mais a população economizará.
            - Não se pode deixar de lavar calçadas e automóveis, é um caso de higiene.
            - Não devo me preocupar com a água.
            - É preciso alertar a população para o risco de não haver mais água no futuro.



Família: como fazer
Talvez sendo rigorosa, creio que nas escolhas importantes revelamos o quepensamos merecer. Casamento, trabalho, prazer, estilo de vida, nos cuidados ou nos descuidos - não importa. Mas a família, esse chão sobre o qual caminhamos por toda a vida, seja ele esburacado ou plano, ensolarado ou sombrio, não é uma escolha nossa. Porque lhe atribuo uma importância tão grande, para o bem e para o mal, ela tem sido tema recorrente de meu trabalho, em livros, artigos e palestras.
Pela família, com a qual eventualmente nem gostaríamos de conviver, somos parcialmente moldados, condenados ou salvos. Ela nos lega as memórias ternas, o necessário otimismo, a segurança - ou a baixa auto-estima e os processos destrutivos. Esse pequeno território é nosso campo de treinamento como seres humanos. Misto de amor e conflito, ela é que nos dáos verdadeiros amigos e os melhores amores.
Para saber o que seria uma família positiva (não gosto do termo "normal"), deixemos de lado os estereótipos da mãe vitimizada, geradora de culpas e raiva; do pai provedor, destinado a trabalhar pelo sustento da família, sem espaço para ter, ele próprio, carinho e escuta; e dos filhos sempre talentosos e amorosos com seus pais. A boa família, na verdade, é aquela que, até quando não nos compreende, quando desaprova alguma escolha nossa, mesmo assim nos faz sentir aceitos e respeitados. É onde sempre somos queridos e onde sempre temos lugar.(LUFT, Lya. Família: como fazer. Veja,São Paulo, n.44, p.25, 3 nov. 2004. Ponto de Vista.)
01.  Na frase "Mas a família, esse chão sobre o qual caminhamos por toda a vida ...", o uso da palavra sublinhada mostra que, para a autora, a família
(A)   apoia o indivíduo.
(B)   resulta de escolha.
(C)  propicia sucesso.
(D)  agrada sempre.
02. No texto, a autora pretende provar que
(A)  a família é uma instituição importante.
(B)  a relação familiar é sempre harmônica.
(C)  os filhos nem sempre são talentosos.
(D)  o pai deve sustentar toda a família.
03. Na frase "deixemos de lado os estereótipos...", a palavra sublinhada pode ser substituída, sem prejuízo para o sentido, por
(A)  fórmulas criativas.
(B)  moldes antiquados.
(C)  modelos desgastados.
(D)  métodos inventivos.
04. De acordo com o texto, os membros de uma família devem permanecer unidos quando
(A)  existir entre seus membros uma relação conflituosa.
(B)  houver uma dependência entre jovens e adultos.
(C)  existir preocupação dos filhos com os pais.
(D)  houver aceitação e respeito entre seus membros.
05.  A opinião da autora sobre a família se justifica, pois a família constitui o
(A)  espaço para a formação do indivíduo.
(B)  tema recorrente de seu trabalho.
(C)  tema de trabalho dos grandes filósofos.
(D)  espaço de proteção do ser humano.
06.  Infere-se que, para a autora, a família é "misto de amor e de conflito", porque nela existe
(A)  baixa estima e abandono.
(B)  concordâncias e desencontros.
(C)  segurança e rivalidade.
(D)  indiferença e autonomia.

Retrato falado do Brasil
Sérgio Abranches
Comecei a aula com uma pergunta: "O que diferencia a questão social no Brasil e nos EUA?". Silêncio geral. Imaginei que os alunos não tivessem lido o capítulo. Afirmaram que sim. Foi só então que eu, imaturo, sem o olhar treinado para capturar atitudes e comportamentos em pequenos gestos, percebi o constrangimento da turma. O sinal, característico, que retive como lição das formas sutis do preconceito era o olhar coletivo de soslaio para oúnico negro na sala. Dirigi-me a ele e denunciei: "Seus colegas estão constrangidos em falar de racismo na sua frente".
Esta cena se repete toda vez que falo em público sobre a desigualdade racial no Brasil e há aquela pessoa negra, solitária, na plateia. Recentemente, numa palestra para gerentes de um banco, havia uma jovem gerente negra. Uma das raras mulheres e a única pessoa negra. Enfrentou duas correntes discriminatórias para estar ali: ser negra e ser mulher. Os colegas se sentiam desconfortáveis porque eu falava do "problema dela". "Ela" não tinha problema, claro. Era uma pessoa natural, do gênero feminino e negra. Nascemos assim. O problema é os outros não quererem ver a discriminação. Essa inversão típica é que caracteriza a questão racial no Brasil. É como se os negros tivessem um problema de cor, e não a sociedade o problema do preconceito.
(ABRANCHES, Sérgio. Retrato íatebo do Bvastt. Veja, São Paulo, ano 36, n. 46, p. 27, nov. 2003.
Adaptação.)
7.    O texto diz respeito à
(A)   desigualdade racial nos Estados Unidos.
(B)   desigualdade racial no Brasil.
(C)   diferença de oportunidades entre homens e mulheres.
(D)   diferença de oportunidades entre ricos e pobres.
8.    A sociedade não quer enxergar a discriminação racial por achar que
(A)   esse problema pertence ao negro.
(B)  essa questão é idêntica nos EUA e no Brasil.
(C)  muitos gerentes de banco são homens negros.
(D)  a mulher negra tem oportunidades na carreira.
9.  Em  "Ela não tinha problema,  claro." o termo destacado foi empregado para demonstrar o preconceito
(A)  do autor do texto.
(B)   dos colegas da negra.
(C)   da gerente negra.
(D)   dos colegas negros.
10.   As ideias desenvolvidas no texto revelam um autor
(A)   solidário com os alunos brancos.
(B)  compreensivo com os racistas.
(C)  solidário com os negros.
(D)  compreensivo com as mulheres.




Namoro e Futebol
Eles se conheceram na escola, onde cursavam a mesma classe. E foi o legítimo amor à primeira vista. Uma semana depois já estavam namorando, e namorando firme. Eram desses namorados que fazem as pessoas suspirar e dizer baixinho: meu Deus, o amor é lindo. Ele, 17 anos, alto, forte, simpático; ela, 16, uma beleza rara. Logo estavam e visitando em casa. Os pais de ambos davam a maior força para o namoro e antecipavam um casamento no futuro: os dois formavam o casalzinho ideal. Inclusive arque gostavam das mesmas coisas: ler, ir ao cinema, passear no parque.
Mas alguma coisa tinha de aparecer, não é mesmo? Alguma coisa sempre aparece para perturbar mesmo o idílio mais perfeito.
Foi o futebol.
Ele era maluco pelo esporte. Jogava num dos vários times da escola, no qual era o goleiro. Um grande e esforçado goleiro, cujas defesas muitas vezes arrancavam aplausos da torcida.
Ela costumava assistir às partidas. No começo nem gostava muito, mas então passou a se interessar. Um dia disse ao namorado que queria jogar também, no time das meninas da escola. Para surpresa dela, ele se mostrou radicalmente contrário à idéia. Disse que futebol era coisa para homem, que ela acabaria se machucando. Se queria praticar algum esporte, deveria escolher o vôlei. Ela ficou absolutamente revoltada com o que considerou uma postura machista dele. Disseque iria começar a treinar de qualquer jeito.
Começou mesmo. E levava jeito para a coisa: driblava bem, tinha um chute potente.  que aquilo azedava cada vez mais as relações entre eles. Discutiam com frequência e acabaram decidindo dar um tempo. Uma notícia que deixou a todos consternados.
Passadas umas semanas, a surpresa: o time das meninas desafiou o time em que ele era goleiro para uma partida.
Ele tentou o possível para convencer os companheiros a não jogar com elas. No fundo, porém, não queria se ver frente a frente com a namorada, ou ex-namorada. Os outros perceberam isso, disseram que era bobagem e o jogo foi marcado.
Ele estava tenso, nervoso. E não podia tirar os olhos dela. Agora tinha de admitir: jogava muito bem, a garota. Era tão rápida, quanto graciosa e, olhando-a, ele sentia que, apesar das discussões, ainda gostava dela.
De repente, o pênalti. Pênalti contra o time dos garotos. E ela foi designada para cobrá-Io. Ali estavam os dois, ele nervoso, ela absolutamente impassível. Correu para a bola - no último segundo ainda sorriu - e bateu forte. Um chute violento que ele, bem posicionado, defendeu. Sob os aplausos da torcida.
O jogo terminou zero a zero. Eles se reconciliaram e agora estão firmes de novo.
Mas uma dúvida o persegue: será que ela não chutou a bola para que ele fizesse a brilhante defesa? Não teria sido aquilo um gesto, par assim dizer, de reconciliação?
Ela se recusa a responder a essa pergunta. Diz que um pouco de mistério dá sabor ao namoro. E talvez tenha razão. O fato é que, desde então, ela já cobrou vários pênaltis. E não errou nenhum.

01. Sobre o interesse da moça pelo futebol, é correto afirmar que ela
(A) sempre fora maluca pelo esporte.
(B) começou a gostar vendo o namorado jogar.
(C) só se envolveu quando precisou cobrar um pênalti.
(D) passou a jogar obrigada pelas outras meninas.                             
2.No quinto parágrafo, o uso dos advérbios "radicalmente" e "absolutamente" indica que
          (A)  nem a moça nem o rapaz estavam convictos quanto à posição que assumiram na discussão.
(B)  embora o rapaz tivesse se excedido, a moça de forma alguma discordaria dele.
(C)  a moça e o rapaz agiram de modo refletido e ponderado mesmo em situações controversas.
(D)  a uma posição extrema do rapaz correspondeu uma reação proporcional da moça.                           

3.O sentido dos trechos "foi o legítimo amor à primeira vista" e "os dois formavam o casalzinho ideal" é retomado, no texto, pela expressão                                                                                              
(A) idílio mais perfeito.              
(B) postura machista. 
(C) jeito para a coisa.  
(D) dar um tempo.                 

4. O primeiro conflito que rompe a situação inicial de equilíbrio vivida pelos personagens localiza-se no              
(A) primeiro parágrafo. 
(B) sétimo parágrafo.  
(C) quinto parágrafo.
(D) penúltimo parágrafo.                                                                         

5. A afirmação, no segundo parágrafo, de que "Alguma coisa sempre aparece para perturbar" é confirmada no trecho do texto:
                                                                                                               
(A) E talvez tenha razão. 
(B) Mas uma dúvida o persegue.  
(C) Ele era maluco pelo esporte.   
(D) Sob os aplausos da torcida.

POR QUE LER                                                                                             
Uma pergunta frequente em círculos de pedagogos é: por que o brasileiro lê tão pouco? Antes de mais nada, note-se, eles esquecem que ler não é apenas ler livros. Ler a imprensa também é primordial. Pode verificar as estatísticas: os maiores índices de leituras de jornais e revistas estão nos países mais desenvolvidos do mundo. E agora há a leitura pela Internet.                                                                                                      
Mas, claro, a falta do hábito de ler livros é triste. Não vamos falar em analfabetismo funcional, pobreza etc. Pense nos que podem ler e não lêem. Que desculpas dão? A mais comum é falta de tempo. Balela. Esta falta de tempo não as impede de ver em média mais de três horas de TV por dia. Outra desculpa: dinheiro. Concordo que livros são caros no Brasil, por um misto de razões (escala, cartelização, incompetência), mas muita gente que vai ao cinema duas vezes por semana - R$ 20, mais estacionamento - não compra um livro por semana ou por quinzena, ao mesmo preço. (...)         
E há uma terceira e mais grave desculpa: preguiça. "Ah, tenho preguiça de ficar lendo aquela coisa lenta, chata, comprida." É curioso como o adjetivo "chato" se tornou autojustificável: "Então, você gostou do filme?" "Não, achei muito chato." Não se dão nem o crédito de perguntar se eles é que não perceberam o interesse que há naquele filme. Mas voltemos aos livros. As pessoas acham chato ler porque estão perdendo a capacidade de concentração, de sustentar em silêncio uma atenção contínua, num mundo carregado de trânsito, videoclipe e cançãozinha. Mas reservar meia horinha por dia ou duas horas no fim de semana para a leitura de bons livros é bem mais simples do que parece. (...)                                                                                                         
Então quem é o bom leitor? É aquele que não troca o ardor pelo argumento, mas que sabe que bom argumento é o que tem ardor (entusiasmo). É o que não se ofende por uma opinião diferente e realmente está aberto a novas ênfases (ideias) (...). É o que se concentra nas grandes ideias, não nos pequenos erros. É uma ave rara. (...)
PISA, Daniel. Leituras, livros, leitores. São Paulo, O Estado de S. Paulo,(adaptado)
1.      Segundo o autor, "ler imprensa" é, entre outras, a leitura
(A)    de livros.
(B)    de jornal.         
(C)    pela internet.
(D)    de filmes.
2.  No segundo parágrafo, o autor insinua que um dos motivos do baixo número de leitores no Brasil é
(A)    o analfabetismo funcional. 
(B)   a falta de motivação.
(C)   o tempo de TV.
(D)   a falta de dinheiro.
3.     Segundo o autor, as pessoas "acham chato ler", porque a leitura exige
(A)   absorção e contemplação.
(B)   interesse e conforto.
(C)   consumo e consistência.
(D)   concordância e concessão.
4..    No último parágrafo, o autor afirma que bons leitores há poucos com a seguinte
        expressão
(A)   "opiniões diferentes".
(B)   "grandes ideias".
(C)   "pequenos erros".
(D)   "ave rara".
5.     No texto, o autor defende a necessidade de se
(A)   recuperar a atividade de leitura.
(B)   educar o leitor.
(C)   reduzir o preço do livro.
(D)   substituir a televisão pelo livro.
6.     No texto, o autor, para aqueles que "podem ler e não lêem", apresenta uma proposta direta:
(A)   vá menos ao cinema.
(B)   reserve um tempo para a leitura.
(C)   fundamente seus argumentos.
(D)   concentre-se nos pequenos erros.


As questões de números 07 a11 baseiam-se no artigo abaixo.
Muito competente em coisas sem importância
Um presidente de empresa, falando sobre um funcionário, disse: “Ele é muito competente em coisas sem importância. É pena que nas coisas realmente importantes ele não seja competente.”
Conheci uma diretora de marketing que tinha um enorme orgulho de “entender tudo de computação”.
E de marketing? E de pesquisa? E de mercado? Essas coisas, absolutamente essenciais para sua função, não faziam seus olhos brilharem.
Esse é um problema recorrente nas organizações. Desde vendedores que criticam tudo na empresa -  mas não visitam clientes, não estudam produtos, não se aperfeiçoam em vendas -  até motoristas muito competentes em criticar o chefe -  mas que nada fazem para manter seus veículos em perfeitas condições de uso. Isso para não falar de engenheiros, advogados e médicos, cheios de desejo de status, que se preocupam com seus gabinetes, trajes e formas de tratamento e não se apressam em dar seus doutos pareceres, atrasando processos, contratos e laudos. Ou mesmo de secretárias que organizam festas o ano todo e não procuram se aperfeiçoar em redação ou estudar um idioma estrangeiro.
Ter pessoas competentes no que realmente interessa é um grande desafio para as empresas. Há pessoas campeãs de relacionamento e amizade que se esquecem de que a empresa precisa de profissionais competentes em coisas realmente importantes, que executem, sejam éticas, participem e deem resultado.
Pessoas competentes têm foco e disciplina para manter-se no foco. Elas não gastam tempo e energia em coisas acidentais e periféricas a seu objetivo principal e, por isso, conseguem o sucesso que outras desfocadas e dispersas jamais conseguirão.
Pense nisso. Sucesso!
(MARINS, Luiz. TAM Magazine, no 41, jul.2007, p.34)

7. A finalidade do texto é mostrar o desafio das empresas para
(A) conseguir secretárias bonitas e charmosas.
(B) ter funcionários focados num objetivo principal.
(C) organizar festas e eventos de grande porte.
(D) empregar tempo e energia em assuntos banais.
8. O autor defende a tese de que as empresas
(A) estão com um número elevado de funcionários.
(B) possuem motoristas e veículos possantes.
(C) sofrem com a escassez de pessoas competentes.
(D) procuram vendedores bons e honestos.
9. Identifique, nos trechos abaixo, o momento que evidencia a fala direta do locutor (autor) com o leitor.
(A) “Há pessoas campeãs de relacionamento...
(B) “Pessoas competentes têm foco...
(C) “Elas não gastam tempo...
(D) “Pense nisso. Sucesso!”

10. Há falta de profissionais competentes nas empresas porque
(A) há muitos funcionários dispersos e desfocados.
(B) as pessoas entendem tudo de computação.
(C) os motoristas cuidam bem dos veículos.
(D) as secretárias estudam idiomas estrangeiros.

11. Há pessoas com opiniões diferentes em relação à tese defendida pelo autor. Para elas, basta que a empresa tenha funcionários
(A) éticos e incompetentes.
(B) participantes e indisciplinados.
(C) com bom relacionamento e amizade.
(D) disciplinados e dispersos.



UMA APOSTA EM TODAS AS MÍDIAS
Um dos maiores erros que se cometem quando se fala em TV, ou em Internet, é imaginar que a mídia nova acaba com a velha. Gente apressada fala em morte do livro, como antes disso falou em superação do rádio. Até agora, nada disso ocorreu, e por uma razão simples: cada mídia tem seu nicho, seu lugar. Cada meio de comunicação atende a necessidades, a desejos, a anseios diferentes. O enriquecedor é a gente saber lidar com todos e jogar com um para usar melhor o outro.
Compare o livro à tela de computador. O livro é muito mais amistoso, mais fácil de manejar, de levar, de possuir. A tela é fria. Podemos variar as letras ('fonts'), mudar a cor, trocar as peles ('skins'), fazer o que quiser: nada ainda se compara à invenção de Gutemberg para levar à praia, ler na cama, dobrar pela lombada. Pouquíssima gente lê um texto longo na tela - quase todos o imprimem e leem em papel, e ainda assim é mais enfadonho que um livro, porque sai sempre no mesmo sulfite, na mesma tinta, enquanto o livro varia bastante.
É verdade que há mudanças que eliminam uma mídia. Quando surgiu o livro, isto é, um grande conjunto de folhas costuradas sob uma capa, ele venceu e depois liquidou o rolo. Antes do livro (seu nome técnico é 'códice'), ler era uma proeza, que exigia virar um longo rolo. Assim como imprimir um formulário contínuo e depois lê-lo, sem soltar as páginas. Difícil, não é? O códice é mais prático, e contínua vivo. Não foi por acaso que o maior defensor da nova mídia, Bill Gates, gastou uma fortuna para comprar um códice de Leonardo Da Vinci.
O que isso tem a ver com a TV? Quero argumentar que o procedimento avançado não é substituir um meio pelo mais novo. Só num país em que tem charme mostrar-se inculto, como no Brasil, uma ideia assim tola pode prosperar.. O avançado é dominar os vários meios. Nosso mundo exige que sejamos multímeios. É como saber várias línguas, conhecer vários países, dominar vários instrumentos.
RIBEIRO, Renato Janine. Uma aposta em todas as mídias. O Estado de S. Paulo, 5/11/00, p.

1.     Ao comparar os recursos oferecidos pelo livro com os disponíveis no computador, o
  texto afirma que a tela do computador é
(A)   fria e enfadonha.
(B)   fácil de levar.
(C)   amistosa.
(D)   fácil de ler.
2.     No texto defende-se a idéia de que o livro é
(A)   uma mídia enfadonha.
(B)   uma mídia ultrapassada.
(C)   um invento superado pela internet.
(D)   um meio de comunicação insubstituível.
3.     Segundo o texto, é bom apostar em todas as mídias porque
(A)   ampliam o conhecimento.
(B)   aumentam a tecnologia.
(C)   desvalorizam as novidades.
(D)   reduzem as informações.
4.     O autor assume uma postura avaliativa ao dizer que
(A)   o livro é muito mais amistoso do que a tela do computador.
(B)   gente apressada fala em morte do livro.
(C)   Bill Gates gastou uma fortuna para comprar um códice.
(D)   antes do livro, ler era uma proeza.
5.     O texto "Uma aposta em todas as mídias" defende a idéia de que
(A)   a internet é uma mídia que superou a TV.
(B)   a tela do computador é mais fácil de manejar.
(C)   o livro perdeu sua importância depois do rádio.
(D)   o mundo exige que as pessoas sejam multimeios.
6.     A afirmativa de que "o avanço é dominar os vários meios "justifica-se porque
(A)   cada meio de comunicação atende a diferentes necessidades.
(B)   cada novo meio de comunicação elimina a mídia anterior.
(C)   os vários meios de comunicação reduzem o conhecimento.
(D)   os vários meios de comunicação confundem as pessoas.

ASSUNTO: ADIVINHAS
O que são

As adivinhas, também conhecidas como adivinhações ou "o que é, o que é" são perguntas em formato de charadas desafiadoras que fazem as pessoas pensar e se divertir. São criadas pelas pessoas e fazem parte da cultura popular e do folclore brasileiro. São muito comuns entre as crianças, mas também fazem sucesso entre os adultos. Na antiguidade, eram muito usadas como desafio aos homens para provar a sabedoria que possuíam.

Alguns exemplos de adivinhas:

- O que é que é surdo e mudo, mas conta tudo?
Resposta: o livro

- O que é o que é que sempre se quebra quando se fala?
Resposta: o segredo

- Ele é magro pra chuchu, tem dentes mas nunca come e mesmo sem ter dinheiro, dá comida a quem tem fome?
Resposta: o garfo


- O que é que passa a vida na janela e mesmo dentro de casa, está fora dela?
Resposta: o botão

- O que é o que é feito para andar e não anda?
Resposta: a rua

- O que é o que é que dá muitas voltas e não sai do lugar?
Resposta: o relógio

- Qual é a piada do fotógrafo?
Resposta: ninguém sabe, pois ela ainda não foi revelada.

- O que é o que é que sobe quando a chuva desce?
Resposta: o guarda-chuva.

- Você sabe em que dia a plantinha não pode entrar no hospital?
Resposta: em dia de plantão.

- O que é? O que é? Que tem mais de 10 cabeças mas não sabe pensar?
Resposta: uma caixa de fósforos.

- O que é o que é que enche uma casa mas não enche uma mão?
Resposta: um botão

- Qual a única pedra que fica em cima da água?
Resposta: a pedra de gelo.

- O que é um monte de pontinhos coloridos no meio do mato?
Resposta: formigas treinando para o carnaval!

- O que é um pontinho verde brilhando na cama de um hospital?
Resposta: uma ervilha dando à luz

- O que a esfera disse para o cubo?
Resposta: deixa de ser quadrado.

- O que é o que é que esta sempre no meio da rua e de pernas para o ar?
Resposta: a letra U

- O que é o que é que anda com os pés na cabeça?
Resposta: o piolho

- O que é que corre a casa inteira de depois vai dormir num canto?
Resposta: a vassoura

- O que é que quanto mais cresce, mais baixo fica?
Resposta: o rabo do cavalo

- O que é, o que é? Cai em pé e corre deitado?
Resposta: a chuva

- O que é? O que é? Tem pernas, mas não anda. Tem braço, mas não abraça?
Resposta: a cadeira

- Qual é o céu que não possui estrelas?
Resposta: o céu da boca.

- O que é que está na ponta final do fim, no início do meio e no meio do começo?
Resposta: A letra M

- O que é, o que é? Fica cheio durante o dia e vazia a noite.
Resposta: O sapato

- O que é, o que é? Quebra quando se fala.
Resposta: O segredo

- O que é, o que é? Caminha sem pés, voa sem asas e pousa onde quiser.
Resposta: O pensamento.

- É um pássaro brasileiro e seu nome de trás para frente é igual.
Resposta: arara.
ASSUNTO: PROPAGANDA/ANÚNCIO PUBLICITÁRIO - EXERCÍCIO


Quando desejamos convencer alguém sobre a importância de um produto ou de uma informação, utilizamos o recurso da propaganda. Observe a propaganda a seguir e responda:
1. O que a propaganda divulga?

2. Qual foi a imagem utilizada no anúncio? Por que o anunciante escolheu essa imagem?

3. O que o texto verbal diz ao leitor?

4. O que há em comum entre a imagem e o texto do anúncio?

5. A qual leitor se dirige o anúncio?

6. Que argumento foi utilizado no anúncio para convencer o leitor?

7. Por que o anúncio pode convencer o leitor?

8. Para convencer os leitores, os anunciantes utilizam estratégias especiais. Qual foi a estratégia utilizada neste anúncio?

(Fonte: http://celia-edu.blogspot.com.br)





[1] Disponível em: http://www.educacao.salvador.ba.gov.br/site/documentos/espaco-virtual/espaco-cenap/publicacoes/caderno%20de%20apoio%20a%20pratica%20pedagogica%20poemas%20e%20quadrinhas.pdf

Um comentário:

  1. Só quero compartilhar isso aqui,
    Fui diagnosticada com câncer de mama em estágio 3 em agosto de 2010. Uma amiga valiosa me contou sobre o Dr. Jekawo na África Ocidental. Ela me deu seu número de telefone e endereço de e-mail. Entrei em contato com ele rapidamente para garantir que seus medicamentos fitoterápicos curariam meu câncer e eu ficaria curada para sempre. Eu disse OK. Perguntei a ele qual é o processo de cura, ele me pediu para pagar as taxas que paguei e em 7 dias úteis ele me enviou o medicamento fitoterápico e então ele me perguntou se eu contei ao meu amigo Gomez sobre o medicamento fitoterápico para que ele me desse para ir e beber. Então, depois de beber por 21 dias, fui curada, sou muito grata e prometo que farei isso. Recomendo a qualquer pessoa que tenha câncer e que estou fazendo isso. Medicina fitoterápica O Dr. Jekawo me faz acreditar que há esperança para pessoas com todos os tipos de doenças ou que precisam de medicamentos fitoterápicos para doenças. Aqui estão suas informações de contato [E-mail ... drjekawo@gmail.com. Whatsapp: +2347059818667 O Dr. Jekawo também cura herpes, HPV, diabetes, câncer, hemorroidas, hepatite, doenças renais, também traz de volta marido ou esposa, melanoma, mesotelioma, mieloma múltiplo, tumores neuroendócrinos, linfoma, doença de Alzheimer, diarreia crônica, DPOC, doença de Parkinson.
    Obrigado mais uma vez, administrador do blog.

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